Mais

Atletismo: João Vieira prepara-se a 14.ª presença em Mundiais e admite participar em LA-2028

João Vieira prepara-se a 14.ª presença em Mundiais e admite participar em LA-2028
João Vieira prepara-se a 14.ª presença em Mundiais e admite participar em LA-2028FP Atletismo
Aos 49 anos, João Vieira prepara-se para competir pela 14.ª vez em Campeonatos do Mundo de Atletismo, nos 35 quilómetros marcha nos Mundiais que vão decorrer em Tóquio de entre 13 e 21 de setembro. O veterano português, que representa o Sporting, continua a desafiar o tempo e garante que mantém a motivação das primeiras participações nesta entrevista aos meios de comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo.

- Lembra-se do seu primeiro mundial?

Ainda me lembro sim. Foi em 1999, em Sevilha, numa tarde calorosa, com partida às cinco horas da tarde, com 42 graus de temperatura, e não terminei a prova. Foi um sofrimento total naquele dia. Era um novato e estava contente por competir no sítio onde tinha acontecido a Expo em Sevilha. Essa foi a primeira grande competição em que participei a nível mundial. Antes, um ano antes, tinha participado no Europeu de Budapeste. Portanto, Sevilha, com 21 anos de idade, foi o primeiro mundial. Aqui, vou para a 14.ª participação, agora com 49 anos, mas com a mesma alegria e espírito do primeiro, do segundo e do terceiro e dos outros todos, e aqui estou para fazer o meu melhor no dia 13, numa prova inaugural nos Campeonatos do Mundo aqui em Tóquio.

João Vieira prossegue a preparação dos Mundiais
João Vieira prossegue a preparação dos MundiaisFP Atletismo

- É referido pela World Athletics como o mais velho atleta medalhado num Mundial, em 2019. Qual a sensação?

Sinto orgulho nesse feito e, na verdade, estatisticamente lá está registado, tal como ser o atleta com maior número de participações. Essa é a marca do João Vieira, a sua resiliência ao longo de todos estes anos, marchando atrás dos objetivos apesar da idade de 49 anos. Objetivos que continuo a ter e a tentar concretizar. Este será o último ano da distância de 35 km, por isso quero fazer o meu melhor e terminar. As diferentes alterações de distâncias têm levado a diversas adaptações e eu tenho visto que vários atletas dos 20 km vão também aos 35 km e o ritmo tem aumentado. Mas eu estou cá para fazer o melhor. Tenho os pés bem assentes na terra e por isso consigo alcançar resultados que ninguém pensa que conseguirei atingir. Por isso, sinto que sou uma motivação para muitos atletas, muitos adversários que eu enfrentei ao longo da carreira e o objetivo é mesmo fazer o melhor possível naquele dia e sair com a cabeça erguida desta competição.

- Pegando mesmo na questão das referências, também as tem e alguns são seus amigos...

Ao longo destes anos, de facto, enfrentei muitos e alguns são amigos. Desde logo o polaco Robert Korzeniovski, duplo campeão olímpico, mas também os espanhóis, os brasileiros. Veja-se que, há pouco, saiu uma notícia na World Athletics que eu iria cumprir 14 mundiais, aos 49 anos, e as mensagens de incentivo e de parabéns à minha treinadora foram imensas.

- Consegue nomear a presença em que se sentiu mais satisfeito?

Definitivamente, a prova de 2019, em Doha, onde conquistei a medalha de prata nos 50 km. Fiquei muito satisfeito porque todo o trabalho que foi realizado, por toda a equipa que eu tive por trás, com a ajuda da Federação Portuguesa de Atletismo e do Comité Olímpico de Portugal. Foi um marco para a minha carreira essa medalha de prata, como o ponto mais alto, logo a seguir ao quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, mas que a marcha se realizou em Sapporo. Nunca tinha tido um diploma olímpico e nessa prova era um candidato a medalhas. Lutei com todas as minhas forças até aos últimos três quilómetros, nos quais não consegui fazer mudança de andamento para acompanhar os meus adversários. Foi excelente por receber a medalha diretamente no local, ouvir as pessoas a apoiar-me, poder abraçar uma bandeira, foi bastante importante. Já tinha uma de bronze, mas foi ganha por desclassificação de outro atleta e na verdade nunca a recebi. Não tenho culpa que os aldrabões sejam apanhados.

- Nestes Mundiais de Tóquio, está preparado para condições climatéricas também adversas como em Doha ou Sapporo?

Não posso dizer que estou totalmente preparado, mas sei que fiz um trabalho muito longo, que foi delineado por mim e pela minha treinadora, que conseguimos cumprir. Agora, aqui em Oita, vamos fazer as adaptações necessárias nestes dias prévios à competição.

- Os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 ainda estão no horizonte?

Los Angeles é um caso que ainda está em cima da mesa. Tudo depende do que é que World Athletics vai conseguir colocar na competição. Se será a distância de maratona, que muitos países estão a tentar forçar. A verdade é que nada está definido ainda.