Eis um percurso por alguns dos momentos estelares do Mundial de Atletismo:
1983 (Helsínquia): Carl Lewis, o primeiro herói
Aos 22 anos, o jovem Carl Lewis brilhou com três títulos (100 m, salto em comprimento, estafeta 4x100 metros) no estádio finlandês, palco dos Jogos Olímpicos de 1952.
1987 (Roma): Lewis novamente imperial
Carl Lewis continuou a ser o protagonista, com mais dois títulos (salto em comprimento e 4x100 metros). Nos 100 metros, foi segundo atrás de Ben Johnson, que pela primeira vez correu abaixo dos 9,90 segundos na distância rainha. Mais tarde, testou positivo em Seul-1988 e o canadiano acabou por ser destituído do título de Roma, com Lewis a acrescentar um novo triplete ao seu palmarés.
1991 (Tóquio): Powell destrona Lewis
O primeiro Mundial asiático continuou a ter Carl Lewis como grande nome, com o seu título nos 100 metros. No entanto, no salto em comprimento, foi destronado por Mike Powell, que atingiu 8,95 metros e conquistou o ouro com um recorde mundial que ainda hoje se mantém.
1993 (Estugarda): A efémera Armada chinesa
Foi a primeira edição desde que o Mundial passou a ser bianual. Para a memória fica a explosão das fundistas chinesas (a "Armada de Ma Juren"), que dominaram nos 1.500, 3.000 e 10.000 metros. Foi um reinado efémero, que não teve continuidade.
1995 (Gotemburgo): recordes mundiais
A edição de 1995 do Mundial ficou marcada por três recordes mundiais: dois no triplo salto, pelo britânico Jonathan Edwards (18,29 m) e pela ucraniana Inessa Kravets (15,50 m), e outro nos 400 metros barreiras, pela americana Kim Batten (52,61).
1997 (Atenas): Mister Bubka
Após uma longa lesão no tendão de Aquiles, o ucraniano Sergey Bubka conquistou o seu sexto e último título mundial no salto com vara. Foi o seu último grande título internacional.
1999 (Sevilha): Michael Johnson e o calor
Michael Johnson foi a estrela da quente edição espanhola, com um recorde do mundo nos 400 metros (43,18) e um título conquistado na estafeta de 4x400 metros.
2001 (Edmonton): O quarto de Pedroso
O cubano Iván Pedroso conquistou no único Mundial até agora disputado no Canadá o seu quarto e último título mundial consecutivo no salto em comprimento.
2003 (Paris): Sem brilho
O Mundial de Atletismo de Paris deixou marca mais por defeito do que por excesso: faltou a explosão de uma grande estrela, caíram muitos grandes campeões (Iván Pedroso, Jonathan Edwards, Maurice Greene, Haile Gebreselassie, entre outros) e não houve recordes na pista.
2005 (Helsínquia): EUA em destaque
Os Estados Unidos elevaram o seu teto ao chegar a catorze medalhas de ouro, destacando-se o velocista Justin Gatlin, que venceu nos 100 e 200 metros, embora a rainha tenha sido a russa Yelena Isinbayeva, que bateu o recorde do mundo ao superar os 5,01 metros.
2007 (Osaka): Duas pratas promissoras
Usain Bolt conquistou em Osaka as suas primeiras medalhas mundiais, uma prata nos 200 metros e outra nos 4x100 metros. Um prenúncio do que estava prestes a acontecer.
2009 (Berlim): Bolt, Usain Bolt
Bolt confirmou em Berlim o que havia mostrado um ano antes nos Jogos de Pequim-2008. Triplete de ouros (100, 200, 4x100 metros) e bateu ainda os recordes mundiais (9,58) dos 100 metros e dos 200 (19,19). Ambos seguem vigentes. Teve de partilhar protagonismo com a sul-africana Caster Semenya, que venceu os 800 metros e motivou grande controvérsia sobre a sua feminilidade.
2011 (Daegu): Bolt desclassificado
Bolt venceu as finais dos 200 metros e dos 4x100 metros do Mundial de 2011, mas não a dos 100 metros. O motivo? Foi desclassificado por uma falsa partida na prova rainha. O beneficiado foi o seu compatriota jamaicano Yohan Blake, que conquistou o ouro.
2013 (Moscovo): O Rayo
Bolt vingou-se em Moscovo, com um triplete (100, 200 e 4x100 metros). Neste Mundial foi capturada uma imagem para a história, a da fotografia da AFP em que se vê Bolt a vencer uma das suas finais enquanto caía um raio (sua alcunha) junto ao estádio Luzhniki. Um verdadeiro símbolo.
2015 (Pequim): Bolt resiste
Justin Gatlin chegava como o melhor da temporada nos 100 e 200 metros, mas Bolt cumpriu como o melhor, revalidando o seu triplete de títulos mundiais.
2017 (Londres): O adeus de um mito
Londres marcou o fim da carreira de Bolt, que foi bronze nos 100 metros, onde o veterano Justin Gatlin foi coroado. Na sua última corrida num Mundial, na estafeta, lesionou-se e saiu a coxear da pista.
2019 (Doha): Calor e humidade
O primeiro Mundial da "era pós-Bolt" é lembrado mais por uma circunstância externa à pista: o forte calor. Foi disputado no final de setembro e início de outubro, para escapar ao verão do Catar. O estádio estava refrigerado, mas nas provas de estrada (maratona e marcha), programadas para a madrugada local, o calor era sufocante e os abandonos sucederam-se.
2022 (Eugene): EUA reinam em casa
O Mundial de Eugene, no Oregon, deveria ter sido disputado em 2021, mas foi adiado um ano, para 2022, devido à pandemia de covid-19. Os locais dominaram amplamente com 33 medalhas, 13 delas de ouro, entre elas os títulos de Fred Kerley nos 100 metros e de Noah Lyles nos 200 metros.
2023 (Budapeste): Lyles emula Bolt
Pela primeira vez desde a retirada de Usain Bolt, um atleta conseguia numa grande competição o triplete 100, 200 e 4x100 metros. A honra coube a Noah Lyles, grande vencedor na capital húngara, onde a venezuelana Yulimar Rojas conquistou o seu quarto ouro ao ar livre no triplo salto e igualou em títulos mundiais o seu treinador Iván Pedroso.