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De Helsínquia 1983 a Tóquio 2025: vinte edições do Mundial de Atletismo

Carl Lewis dominou os primeiros Mundiais de Atletismo
Carl Lewis dominou os primeiros Mundiais de AtletismoROMEO GACAD / AFP
O Mundial de Atletismo ao ar livre chega à sua 20.ª edição em 2025, com o evento a arrancar este sábado em Tóquio.

Eis um percurso por alguns dos momentos estelares do Mundial de Atletismo:

1983 (Helsínquia): Carl Lewis, o primeiro herói

Aos 22 anos, o jovem Carl Lewis brilhou com três títulos (100 m, salto em comprimento, estafeta 4x100 metros) no estádio finlandês, palco dos Jogos Olímpicos de 1952.

1987 (Roma): Lewis novamente imperial

Carl Lewis continuou a ser o protagonista, com mais dois títulos (salto em comprimento e 4x100 metros). Nos 100 metros, foi segundo atrás de Ben Johnson, que pela primeira vez correu abaixo dos 9,90 segundos na distância rainha. Mais tarde, testou positivo em Seul-1988 e o canadiano acabou por ser destituído do título de Roma, com Lewis a acrescentar um novo triplete ao seu palmarés.

1991 (Tóquio): Powell destrona Lewis

O primeiro Mundial asiático continuou a ter Carl Lewis como grande nome, com o seu título nos 100 metros. No entanto, no salto em comprimento, foi destronado por Mike Powell, que atingiu 8,95 metros e conquistou o ouro com um recorde mundial que ainda hoje se mantém.

1993 (Estugarda): A efémera Armada chinesa

Foi a primeira edição desde que o Mundial passou a ser bianual. Para a memória fica a explosão das fundistas chinesas (a "Armada de Ma Juren"), que dominaram nos 1.500, 3.000 e 10.000 metros. Foi um reinado efémero, que não teve continuidade.

1995 (Gotemburgo): recordes mundiais

A edição de 1995 do Mundial ficou marcada por três recordes mundiais: dois no triplo salto, pelo britânico Jonathan Edwards (18,29 m) e pela ucraniana Inessa Kravets (15,50 m), e outro nos 400 metros barreiras, pela americana Kim Batten (52,61).

1997 (Atenas): Mister Bubka

Após uma longa lesão no tendão de Aquiles, o ucraniano Sergey Bubka conquistou o seu sexto e último título mundial no salto com vara. Foi o seu último grande título internacional.

1999 (Sevilha): Michael Johnson e o calor

Michael Johnson foi a estrela da quente edição espanhola, com um recorde do mundo nos 400 metros (43,18) e um título conquistado na estafeta de 4x400 metros.

2001 (Edmonton): O quarto de Pedroso

O cubano Iván Pedroso conquistou no único Mundial até agora disputado no Canadá o seu quarto e último título mundial consecutivo no salto em comprimento.

2003 (Paris): Sem brilho

O Mundial de Atletismo de Paris deixou marca mais por defeito do que por excesso: faltou a explosão de uma grande estrela, caíram muitos grandes campeões (Iván Pedroso, Jonathan Edwards, Maurice Greene, Haile Gebreselassie, entre outros) e não houve recordes na pista.

2005 (Helsínquia): EUA em destaque

Os Estados Unidos elevaram o seu teto ao chegar a catorze medalhas de ouro, destacando-se o velocista Justin Gatlin, que venceu nos 100 e 200 metros, embora a rainha tenha sido a russa Yelena Isinbayeva, que bateu o recorde do mundo ao superar os 5,01 metros.

2007 (Osaka): Duas pratas promissoras

Usain Bolt conquistou em Osaka as suas primeiras medalhas mundiais, uma prata nos 200 metros e outra nos 4x100 metros. Um prenúncio do que estava prestes a acontecer.

2009 (Berlim): Bolt, Usain Bolt

Bolt confirmou em Berlim o que havia mostrado um ano antes nos Jogos de Pequim-2008. Triplete de ouros (100, 200, 4x100 metros) e bateu ainda os recordes mundiais (9,58) dos 100 metros e dos 200 (19,19). Ambos seguem vigentes. Teve de partilhar protagonismo com a sul-africana Caster Semenya, que venceu os 800 metros e motivou grande controvérsia sobre a sua feminilidade.

2011 (Daegu): Bolt desclassificado

Bolt venceu as finais dos 200 metros e dos 4x100 metros do Mundial de 2011, mas não a dos 100 metros. O motivo? Foi desclassificado por uma falsa partida na prova rainha. O beneficiado foi o seu compatriota jamaicano Yohan Blake, que conquistou o ouro.

2013 (Moscovo): O Rayo

Bolt vingou-se em Moscovo, com um triplete (100, 200 e 4x100 metros). Neste Mundial foi capturada uma imagem para a história, a da fotografia da AFP em que se vê Bolt a vencer uma das suas finais enquanto caía um raio (sua alcunha) junto ao estádio Luzhniki. Um verdadeiro símbolo.

2015 (Pequim): Bolt resiste

Justin Gatlin chegava como o melhor da temporada nos 100 e 200 metros, mas Bolt cumpriu como o melhor, revalidando o seu triplete de títulos mundiais.

2017 (Londres): O adeus de um mito

Londres marcou o fim da carreira de Bolt, que foi bronze nos 100 metros, onde o veterano Justin Gatlin foi coroado. Na sua última corrida num Mundial, na estafeta, lesionou-se e saiu a coxear da pista.

2019 (Doha): Calor e humidade

O primeiro Mundial da "era pós-Bolt" é lembrado mais por uma circunstância externa à pista: o forte calor. Foi disputado no final de setembro e início de outubro, para escapar ao verão do Catar. O estádio estava refrigerado, mas nas provas de estrada (maratona e marcha), programadas para a madrugada local, o calor era sufocante e os abandonos sucederam-se.

2022 (Eugene): EUA reinam em casa

O Mundial de Eugene, no Oregon, deveria ter sido disputado em 2021, mas foi adiado um ano, para 2022, devido à pandemia de covid-19. Os locais dominaram amplamente com 33 medalhas, 13 delas de ouro, entre elas os títulos de Fred Kerley nos 100 metros e de Noah Lyles nos 200 metros.

2023 (Budapeste): Lyles emula Bolt

Pela primeira vez desde a retirada de Usain Bolt, um atleta conseguia numa grande competição o triplete 100, 200 e 4x100 metros. A honra coube a Noah Lyles, grande vencedor na capital húngara, onde a venezuelana Yulimar Rojas conquistou o seu quarto ouro ao ar livre no triplo salto e igualou em títulos mundiais o seu treinador Iván Pedroso.