As esperanças dos Dallas Mavericks eram grandes antes das finais da NBA. E por uma boa razão: sair da Conferência Oeste, a mais concorrida das duas, é garantia de qualidade, segurança e, acima de tudo, talento. Os Mavs conseguiram este feito numa altura em que pouco se esperava deles, depois de uma época regular inconsistente que terminou em alta, mas sem parecer um futuro finalista.
Depois vieram os play-offs, e as mudanças iniciadas em fevereiro, pouco antes do prazo para as trocas, deram frutos. Uma série de 16 vitórias nos últimos 20 jogos da época regular criou uma dinâmica que os Mavs conseguiram transformar em ouro nos play-offs . O resultado foi que não perderam mais do que dois jogos em cada série, e havia uma enorme sensação de serenidade no grupo. Apesar de Boston ser logicamente considerado favorito, era lógico acreditar neles.
Mas depois começou a final e as esperanças foram-se extinguindo lentamente. O clímax chegou no jogo 3, o primeiro da série a ser disputado no Texas. O cenário foi dececionante, pois o conjunto de Dallas, que tinha começado bem, esteve debaixo de água durante a maior parte do jogo, com uma desvantagem de mais de 20 pontos, antes de voltar a estar a um ponto e fazer o público sonhar... mas acabou por perder por poucos pontos.
Podemos culpar membros individuais da equipa, podemos apontar a defesa de Luka Doncic, os dois primeiros jogos de Kyrie Irving ou a final totalmente falhada de Tim Hardaway Jr., mas a principal razão é coletiva. O que tem sido o ponto forte de Dallas até agora saiu pela culatra. A falta de experiência tem sido fatal contra uma equipa que atravessou a época praticamente sem dificuldades.
A equipa sofreu uma remodelação completa este inverno, integrando PJ Washington e Daniel Gafford no cinco inicial. A novidade tem o seu atrativo, e este alinhamento de Doncic - Irving - Derrick Jones Jr - Washington - Gafford levou os Mavs até onde estão agora.
Mas o cinco dos Celtics, reforçado pelo regresso de Kristaps Porzingis, ausente desde a primeira ronda, revelou-se inexpugnável. Prova disso é que a equipa de Dallas nunca ultrapassou a barreira dos 10 pontos em nenhum dos três jogos da final. A falta de variedade foi impressionante, com um agregado de 22/78 pontos da zona de triplo absolutamente indescritível. Jogar de trás do arco é bom, mas só quando a bola entra.
Sejamos realistas, uma equipa que esteja a perder por 3-0 nos play-offs nunca ganhou a série. Tendo em conta o momento atual, nada está a favor dos Mavs e é provável que fiquem a ver o Troféu Larry O'Brien voar para Massachusetts. No entanto, o título é e continuará a ser o objetivo desta equipa dos Mavs, que terá de enviar uma mensagem forte ao vencer o Jogo 4.
Mas porquê? Porque este não é um projeto para seis meses. O objetivo continua a ser dar o título a Luka Doncic, custe o que custar. Os Mavs querem um destino ao estilo de Dirk Nowitzki para Luka Magic, no entanto as superestrelas hoje em dia são menos pacientes. Esta final deverá dar que pensar ao génio esloveno sobre o que precisa de fazer para finalmente conquistar o título.
E o que é que falta exatamente? Para começar, uma equipa que tenha passado uma época inteira junta. Uma melhor distribuição de papéis e, consequentemente, uma melhor adaptação ao adversário, uma vez que os Mavs não conseguiram ler o jogo dos Celtics na final. Já agora, também uma maior profundidade do plantel, uma vez que Dallas dá por vezes a impressão de estar sem soluções.
São problemas que, sem dúvida, poderão ser resolvidos no próximo ano. Esta final é um excelente resultado para uma equipa recém-formada, e as poucas lacunas expostas pelos Celtics na final terão de ser corrigidas. A época dos Mavs foi um sucesso, e seria insensato fingir o contrário. Resta apenas evitar uma derrota na final a zeros, sempre desagradável mas cada vez mais rara (apenas três no século XXI), o que deixaria um sabor amargo na boca e estragaria a impressão de que Dallas voltou a ser um verdadeiro peso pesado da NBA.
