Quem é o melhor ciclista francês do século XXI? Thibaut Pinot terá, sem dúvida, os seus apoiantes, Romain Bardet certamente alguns votos, mas, em termos de resultados, é difícil responder de outra forma que não seja Julian Alaphilippe. O "Loulou" é bicampeão do mundo e vencedor de monumentos, mas acima de tudo tem uma forma de correr que nos deixa muitas vezes sem palavras, quer ganhe ou não.
Como hoje, quando atacou quase desde o início da etapa, acabando com o modesto Mirco Maestri no seu porta-bagagens. Enquanto um enorme contra-grupo se formava atrás dele, toda a gente gritava para a televisão que não valia a pena lutar sozinho contra trinta ciclistas, alguns deles prestigiados. E todos estavam enganados. Quase sozinho, David enfrentou Golias. E quando a vitória chega no final, é ainda melhor.
É certo que "Alaf" já não ganha tantas vezes como antes. É verdade que já passou dos trinta e que está mais perto do fim do que do princípio. Mas a emoção que percorreu os corpos dos adeptos do ciclismo quando levantou os braços, hoje, é uma emoção que só ele pode gerar. Porque deu a volta por cima depois de um ano de inferno, entre repetidas acusações do seu chefe de equipa e o escárnio dos "especialistas" que pensavam que ele estava acabado.
Não só voltou a ganhar, como o seu estilo se manteve inalterado. Soco, generosidade na bicicleta, mas não só - deixou todos os sprints e pontos de montanha para o seu companheiro do dia e os bónus que os acompanham - porque já não precisa de correr por dinheiro, ou mesmo para calar as bocas das pessoas, mas pelo prazer de acrescentar a uma lista de conquistas que já deixa 90% do pelotão verde de inveja. E pela glória. E a reação do seu companheiro de jornada diz tudo.
"Foi o dia mais difícil e mais bonito da minha vida. Julian Alaphilippe, juntamente com Peter Sagan, é o ciclista que mais respeito. Passar um dia na frente com ele foi maravilhoso. Também me sinto como se tivesse ganho", afirmou.
A glória de ganhar uma etapa em três Grand Tours e provar que não está morto, nem o ciclismo francês. Benjamin Thomas e Valentin Paret-Peintre ergueram os braços perante ele neste Giro, mas nenhum deles nos fez sair do sofá daquela maneira. Obrigado, Loulou, e esperamos por mais.
