Verstappen, quatro vezes campeão mundial, defendeu que a corrida poderia ter começado com algumas voltas atrás do Safety Car, o que ajudaria a limpar a pista.
"Nem sequer estava a chover. Entre as curvas um e cinco havia alguma água, mas o resto da pista estava pronto. Se déssemos duas ou três voltas atrás do Safety Car, tudo ficaria mais limpo", afirmou.
O neerlandês comparou ainda a situação ao recente GP de Silverstone, sugerindo que a direção de prova terá adotado uma abordagem demasiado conservadora após os acontecimentos nesse circuito.
"É uma pena. Isto não é realmente uma corrida em piso molhado. Se for assim, então mais vale dizer que se espera que a pista esteja seca e começar com pneus slick."
Em vez de se manterem em pista, os pilotos foram instruídos a regressar ao pit lane, onde aguardaram mais de uma hora até que as condições melhorassem.
A prova acabou por arrancar com uma largada lançada, depois de quatro voltas atrás do Safety Car para avaliar as condições do asfalto.
Apesar das críticas, Max Verstappen voltou a ter um fim de semana aquém das expectativas e terminou fora do pódio pela terceira corrida consecutiva, uma sequência invulgar para o piloto neerlandês, habituado a dominar o pelotão.
A vitória ficou nas mãos da McLaren, com Oscar Piastri a confirmar o excelente momento de forma e a liderar um sólido 1-2, seguido pelo companheiro de equipa Lando Norris. Um resultado que reforça a liderança de Piastri no campeonato e confirma a ascensão da escuderia de Woking como uma das principais forças da temporada.
Reações exageradas
Lewis Hamilton, agora ao serviço da Ferrari, considerou que os organizadores do Grande Prémio da Bélgica foram longe demais na sua abordagem conservadora ao adiar o arranque da corrida devido à chuva.
O britânico referiu-se ao incidente em Silverstone, onde uma colisão entre Kimi Antonelli (Mercedes) e Isack Hadjar (Alpine), em condições de baixa visibilidade, parece ter influenciado as decisões tomadas em Spa-Francorchamps.
"Começámos a corrida um pouco tarde, diria eu. Eu estava sempre a dizer ‘está pronto para ir’, mas eles continuavam a dar voltas e voltas. Acho que estão a exagerar desde a última corrida. É verdade que pedimos mais cuidado em Silverstone, mas este fim de semana foram longe demais. Não precisávamos de uma largada lançada", afirmou Hamilton.
As críticas de Hamilton somam-se às de Max Verstappen, ambos insatisfeitos com os 80 minutos de atraso antes da partida oficial.
Depois de um sábado frustrante, marcado por duas eliminações precoces na qualificação, tanto para a sprint como para o Grande Prémio, Lewis Hamilton deu uma resposta à altura no domingo. O piloto da Ferrari arrancou da 18.ª posição e protagonizou uma recuperação notável até ao 7.º lugar, somando pontos importantes numa corrida marcada pela chuva e pela cautela.
"Gosto sempre deste tipo de corridas, com desafios e onde tens de abrir caminho entre os outros. Mas, no fim das contas, estou desapontado. Não tive um bom fim de semana, definitivamente um para esquecer. Ainda assim, consegui salvar alguns pontos", confessou o heptacampeão mundial.
Hamilton reconheceu que vários fatores contribuíram para o mau desempenho nos treinos e na qualificação, mas assumiu a responsabilidade:
"Superámos a Mercedes, mas tenho de recuar e perceber o que correu mal. Nem sempre conseguimos acertar. Houve muitos fatores na sexta-feira e sábado, mas, no fim, fui eu. Hoje recuperei um pouco e agradeço à equipa. Agora, vou tentar voltar mais forte na próxima semana."
"Decisão segura", defende Sainz
Enquanto Verstappen e Hamilton criticaram o atraso no início do Grande Prémio da Bélgica, Carlos Sainz, agora ao volante da Williams, defendeu a decisão da Direção de Corrida, elogiando a prudência demonstrada face ao histórico do circuito de Spa-Francorchamps.
"O meu respeito ao Diretor de Corrida, que já tinha dito, depois dos acidentes em Silverstone, que aqui seria mais cauteloso e foi isso que fez", afirmou o piloto espanhol.
Sainz reconheceu que, noutras pistas, a corrida poderia ter começado mais cedo, mas sublinhou que a escolha feita permitiu uma prova completa, sem cortes no número de voltas.
"Num circuito normal, talvez tivéssemos começado antes. Mas aqui, com esta decisão, tivemos uma corrida completa de 44 voltas."
Carlos Sainz defendeu a decisão de adiar o arranque do Grande Prémio da Bélgica devido à chuva intensa, sublinhando a importância de colocar a segurança acima de tudo num circuito como Spa-Francorchamps, marcado por um passado trágico.
"Num circuito normal, sim, talvez pudéssemos ter começado cinco ou dez minutos mais cedo. Mas em Spa, com a história da pista, é melhor prevenir do que lamentar", afirmou o piloto da Williams.
Spa-Francorchamps foi palco de 53 mortes desde a sua inauguração, incluindo duas nos últimos seis anos, o que contribuiu para a postura mais cautelosa dos organizadores.
"Tivemos a corrida completa. Não acho que tenha sido uma má decisão. Foi uma decisão segura. É melhor prevenir do que ter um acidente e lamentar", reforçou Sainz.