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Bundesliga: Segurança nos jogos de alto risco passa a ser suportada pelos clubes

Uma bancada com adeptos do Werder Bremen
Uma bancada com adeptos do Werder BremenULRIK PEDERSEN/NurPhoto/NurPhoto via AFP
Os custos adicionais de segurança dos jogos de futebol classificados como de alto risco na Alemanha podem agora ser faturados aos clubes, decidiu o Tribunal Constitucional esta terça-feira, numa decisão que o futebol alemão considera "dececionante".

"Os custos adicionais das operações policiais não devem ser suportados pelos contribuintes no seu conjunto, mas sim pelos beneficiários económicos das operações policiais", defendeu o presidente do mais alto tribunal alemão, Stephan Harbarth.

De acordo com o Tribunal Constitucional de Karlsruhe, a decisão "visa apenas as manifestações que geram um claro aumento da carga de trabalho da polícia".

O tribunal foi chamado a pronunciar-se sobre um litígio entre a Liga Alemã de Futebol (DFL) e as autoridades regionais do estado de Bremen, no norte do país, que tinham faturado 425 mil euros em 2015 pelos custos de segurança do jogo Nordderby entre o Werder Bremen e o Hamburgo. Seguiram-se outras notificações para jogos de alto risco, totalizando atualmente mais de 3 milhões de euros. O Werder Bremen teve de pagar metade à DFL, enquanto o pagamento da outra metade foi adiado.

A DFL tinha contestado a decisão em tribunal, tendo sofrido vários reveses nas instâncias inferiores, antes de ser rejeitada na terça-feira pelo Tribunal Constitucional.

"Para nós, é obviamente uma desilusão, mas temos de a aceitar", reagiu o advogado da Liga, Bernd Hoefer, citado num comunicado de imprensa.

"Não nos parece justo que o futebol também tenha de suportar os custos adicionais de segurança no espaço público, sobre o qual não tem qualquer influência", declarou a Federação Alemã de Futebol (DFB).

Todas as épocas, cerca de cinquenta jogos da primeira e segunda divisões da Alemanha são classificados como de alto risco. Para cada um desses jogos, são mobilizados entre 1.000 a 1.500 polícias para garantir a segurança.

Para além do litígio entre a cidade-Estado de Bremen e a DFL, a decisão do Tribunal Constitucional poderá ter repercussões a nível mundial, ao levar os executivos regionais dos outros quinze Länder a exigir que os clubes paguem a segurança.

Entretanto, o diretor do Werder Bremen, Tarek Brauer, apelou à "solidariedade" do futebol profissional, afirmando que "o Werder não deve ser o único a pagar o preço".

O presidente do conselho fiscal da DFL, Hans-Joachim Watzke, recusou o pedido, excluindo a possibilidade de os clubes dos Länder onde estes custos adicionais não são cobrados contribuírem para um fundo comum.

"É de temer que (esta decisão) cause sérios danos a longo prazo à ordem pública na República Federal da Alemanha", lamentou a principal organização de adeptos da Alemanha, Unsere Kurve.