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Há já vários anos que a Mannschaft oscila entre reconstruções e desilusões. Ao ponto de esta seleção orientada por Julian Nagelsmann ter de esperar pela última jornada das qualificações europeias, num duelo muito disputado frente à Eslováquia, para poder sonhar com o bilhete para o Mundial-2026. Nesta caminhada repleta de obstáculos, que viu a Alemanha falhar frente à Eslováquia logo na jornada inaugural, o antigo treinador do Bayern Munique pode contar com um raio de esperança chamado Nick Woltemade.
Goleador decisivo na última pausa internacional, ao garantir o triunfo da Mannschaft por 1-0 frente a uma seleção da Irlanda do Norte mais perigosa do que se esperava, o número 9 do Newcastle voltou a brilhar na sexta-feira ao marcar os dois golos frente ao Luxemburgo. O jovem de 23 anos mostra-se letal: contra os vizinhos luxemburgueses, converteu as duas oportunidades que teve. "Neste momento, sinto-me realmente confiante. Independentemente do rumo do jogo, sei que posso sempre marcar", afirmou após o encontro: "É uma sensação fantástica, sobretudo quando estes golos têm tanta importância."
Um perfil invulgar como referência alemã?
Jovem, imponente e com uma técnica apurada apesar da sua estatura, representa a promessa de que a Alemanha ainda consegue revelar jogadores inesperados, avançados capazes de conjugar criatividade, jogo de apoio e espírito coletivo. O seu estilo, que mistura elegância com força controlada, contrasta com a produção recente de números 9 alemães. Woltemade não é um bulldozer, nem apenas um finalizador: gosta de participar, construir, recuar para moldar a jogada. Em poucas palavras: está mais próximo do futebol globalizado do que do arquétipo tradicional do goleador germânico.
Mas se Woltemade é de repente apresentado como "herói", talvez isso se deva menos às suas estatísticas e mais ao momento em que surge. A Alemanha carece de referências. Procura um rosto, um símbolo, um jogador a quem se agarrar para acreditar num renascimento duradouro. Antes dele, os alemães depositaram esperanças em Kai Havertz, Niclas Füllkrug ou Tim Kleindienst, os atuais rivais de Woltemade para o comando do ataque alemão. Ainda assim, o antigo jogador do Werder Bremen e de Estugarda, transferido este verão por 75 milhões de euros para o Newcastle, garante não sentir pressão. Mais ainda, afirma que não tem "medo".
1,98 metros para disfarçar as fragilidades
Após a vitória frente ao Luxemburgo, Nagelsmann destacou não só a sua eficácia, mas sobretudo o empenho: "O Nick merece uma menção especial pelo seu trabalho incansável. Percorreu uma distância impressionante, está em excelente forma e é muito importante para nós." Já é fundamental, mesmo tendo estreado pela seleção apenas em junho passado, durante o Final 4 da Liga das Nações, poucos dias depois de conquistar a Taça da Alemanha com o Estugarda.
Com os seus 1,98 metros, Woltemade acaba por disfarçar sobretudo as fragilidades coletivas da Alemanha, que tem dificuldade em voltar a ser aquela máquina avassaladora. O tempo em que a Mannschaft era apenas uma extensão de um Bayern Munique dominador já passou, obrigando a Alemanha a inspirar-se noutros modelos para recuperar o seu lugar no centro do futebol europeu. O número 9 elegante do Newcastle, que somou frente ao Luxemburgo o seu 9.º e 10.º golo da época, vai ajudar a seleção a nível estatístico ao acumular golos importantes, mas não será suficiente para relançar sozinho uma equipa à procura de certezas.
