Inglaterra tem contado, nos últimos anos, com excelentes opções para a lateral-direita, com Kyle Walker – provavelmente o melhor jogador que já formaram para essa posição – a assumir o lugar. Agora, há dois candidatos prontos a assumir o papel no Mundial do próximo ano.
Tanto James (25) como Alexander-Arnold (27) passaram anos à espera da sua oportunidade. A dúvida agora é qual destes jogadores Thomas Tuchel irá escolher como lateral-direito titular na sua busca pelo troféu mais cobiçado do futebol.

Os argumentos a favor de Reece James
É raro a seleção que pratica o melhor futebol vencer um torneio internacional, embora haja exceções. Os jogadores de Tuchel terão de ser sólidos defensivamente perante os melhores do mundo.
Circulam nas redes sociais vários vídeos de extremos a admitir que James é o adversário mais difícil que já enfrentaram e, comparando com Alexander-Arnold, os seus números defensivos impressionam.
Nas suas sete presenças na Premier League até ao momento, James lidera a equipa em interceções, com 11, venceu 29 duelos com uma taxa de sucesso de 55,8% e só foi ultrapassado em drible por adversários em duas ocasiões.
Além disso, James apresenta uma ameaça de golo mais direta do que Alexander-Arnold, tendo marcado 14 golos em 199 jogos pelo Chelsea, enquanto o antigo jogador do Liverpool marcou 23 em 354 partidas pelo clube onde se formou.
James apontou o seu primeiro golo pela seleção inglesa com um excelente livre direto no triunfo por 3-0 no jogo de qualificação para o Mundial frente à Letónia em março, embora sugerir que é melhor marcador de bolas paradas do que Alexander-Arnold seja um exagero.
Além disso, a experiência de Alexander-Arnold no meio-campo tem sido várias vezes discutida, mas há poucos indícios de que resulte. James, por seu lado, já atuou no meio-campo a nível de clube com algum sucesso, embora seja evidente que a sua melhor posição continua a ser a de lateral-direito.

James também já foi utilizado como central, algo que as fragilidades defensivas de Alexander-Arnold não permitem. A força física de James e a capacidade de fazer passes a rasgar linhas levaram muitos a sugerir que o seu futuro poderá passar por aí.
No Mundial, a polivalência é uma enorme vantagem para qualquer treinador. Com um plantel limitado, ter jogadores capazes de atuar em várias posições para colmatar eventuais lesões ou suspensões pode ser fundamental.
É justo afirmar que James é uma opção mais completa do que Alexander-Arnold, um verdadeiro polivalente em comparação com as qualidades mais especializadas do seu rival. No entanto, um dos grandes problemas de James são as suas recorrentes lesões.
James já falhou impressionantes 145 jogos por clube e seleção desde que se estreou na equipa principal do Chelsea, o que equivale a 743 dias afastado dos relvados. Também teve de abandonar a última convocatória de Tuchel devido a lesão.
Os argumentos a favor de Trent Alexander-Arnold
Alexander-Arnold está claramente fora das opções de Tuchel. Ainda não foi titular com o treinador alemão, tendo apenas entrado como suplente nos minutos finais da vitória por 1-0 frente a Andorra, em junho.
Desde então, não voltou a ser chamado à seleção inglesa, embora desta vez tenha ficado de fora por lesão e não por questões de rendimento. Após o anúncio da convocatória para os compromissos internacionais de setembro, Tuchel admitiu que a sua ausência se deveu a uma “decisão competitiva”.
Tuchel afirmou: "Falei com o Trent. Foi uma chamada difícil, mas quis que ele ouvisse de mim, o que ele agradeceu, e deixou claro que está determinado e ansioso por voltar a jogar pela Inglaterra. Está tudo em aberto, mas é uma decisão competitiva. E também para apimentar um pouco a concorrência. Antes de mais, penso que o Trent é um jogador que precisa de sentir confiança e carinho do treinador, dos colegas, do clube, do país e dos adeptos. Ele precisa disso."
A mudança para o Real Madrid não facilitou a sua situação. Para além de ter de aprender uma nova língua, adaptar-se a uma cultura diferente e a uma forma de jogar distinta, ainda não parece ser a primeira escolha de Xabi Alonso.
Alexander-Arnold foi titular apenas em dois jogos da LaLiga esta época, destacando-se sobretudo na vitória por 2-1 frente ao Maiorca, onde fez um desarme, três recuperações, três interceções e um corte decisivo em cima da linha de golo.
Ainda assim, Alexander-Arnold é um lateral-direito fora do comum. As suas contribuições ofensivas são impossíveis de ignorar. Afinal, é o defesa com mais assistências na história da Premier League.
A sua qualidade de passe ajudou o Liverpool a sair de situações complicadas e a lançar contra-ataques letais vezes sem conta, e agora que já não está lá, essa capacidade ofensiva faz-se sentir na equipa campeã da Premier League orientada por Arne Slot.
Veredicto
Tuchel já admitiu que James é, neste momento, a sua primeira escolha para a posição, chegando mesmo a colocar Tino Livramento, do Newcastle, e Ben White, do Arsenal, à frente de Alexander-Arnold na hierarquia.
Atualmente, James oferece mais do que Alexander-Arnold, que parece estar em risco de nem sequer integrar a convocatória. O antigo jogador do Liverpool terá de superar muitos obstáculos se quiser alterar este cenário.