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Em Wembley, Inglaterra quer ampliar domínio implacável sobre o País de Gales

Jogadores da Inglaterra ouvem instruções durante um treino em St George's Park
Jogadores da Inglaterra ouvem instruções durante um treino em St George's ParkMartin Rickett / PA Images / Profimedia

Quando o País de Gales chegar ao Estádio de Wembley para o particular com a Inglaterra, fá-lo-á ciente de que a história não está do seu lado. Os Três Leões só perderam este confronto em 14 ocasiões desde o primeiro jogo, disputado em janeiro de 1879.

Apenas uma vitória para o País de Gales em Wembley desde 1945

Desses 14 jogos, apenas quatro foram ganhos após a Segunda Guerra Mundial, e só um deles viu os galeses derrotarem a Inglaterra em Wembley.

Essa vitória surgiu graças a um penálti de Leighton James aos 45 minutos, num jogo do British Home Championship, em maio de 1977.

Foi o primeiro triunfo de qualquer tipo desde 1955, e só mais duas vezes, em maio de 1980 e maio de 1984, também no British Home Championship – mas em solo galês – é que conseguiram vencer.

Os últimos sete duelos diretos foram todos ganhos pela Inglaterra, com um saldo de 14 golos marcados e apenas um concedido, sendo que os Três Leões só têm séries vitoriosas mais longas frente ao Luxemburgo (nove) e a Andorra e São Marino (ambos com oito).

Primeiro confronto desde o Mundial 2022

É também a primeira vez que a Inglaterra defronta o País de Gales desde a vitória por 3-0 no Mundial 2022 e, para sublinhar as dificuldades que os visitantes enfrentam, a equipa de Thomas Tuchel chega a este jogo com oito triunfos consecutivos em partidas oficiais.

Desde a série de 10 vitórias seguidas entre setembro de 2014 e outubro de 2015, sob o comando de Roy Hodgson, que não alcançavam tal registo.

Além disso, a Inglaterra marcou em cada um dos últimos 16 jogos em todas as competições.

Os últimos duelos entre Inglaterra e País de Gales
Os últimos duelos entre Inglaterra e País de GalesFlashscore

Craig Bellamy, no entanto, pode encontrar algum alento nas vitórias pouco convincentes da Inglaterra frente à Andorra – e no facto de os Três Leões terem perdido os dois últimos particulares: 0-1 frente à Islândia em junho de 2024 e 1-3 diante do Senegal em junho de 2025 – podendo usar esses resultados como motivação para os seus jogadores, embora saiba que, se os anfitriões estiverem inspirados, a noite pode ser longa – como a Sérvia percebeu recentemente.

Última vitória galesa em particulares foi em 2008

O selecionador galês terá ainda de ter em conta que a sua equipa perdeu dois dos últimos três jogos, apesar de só ter perdido um dos 19 anteriores (9 vitórias 9 empates). Desde junho de 2023 que não perdem dois jogos seguidos, mas não venceram nenhum dos últimos 11 amigáveis fora de casa (1 empate e 10 derrotas).

A última vitória em particulares – 1-0 frente à Dinamarca – foi graças a um golo de Bellamy em novembro de 2008, e o País de Gales também não conseguiu marcar em nenhum dos últimos 10 amigáveis desde o jogo com Montenegro, já lá vão 938 minutos sem golos.

Um dos jogadores em melhor forma do lado dos anfitriões é o capitão Harry Kane, que voltará a liderar o ataque, procurando somar internacionalizações que o aproximem do recordista, Peter Shilton.

O jogo frente aos galeses será a 110.ª internacionalização de Kane pela Inglaterra, ficando a 16 de igualar o recorde absoluto.

Com 21 golos já apontados em todas as competições na época 2025/26 pelo Bayern Munique, o avançado inglês tem mais seis golos do que qualquer outro jogador das cinco principais ligas europeias e, somando as assistências, as suas 25 participações em golos deixam-no com oito de vantagem sobre os perseguidores.

Elliot Anderson deverá voltar a ser peça-chave para os Três Leões

Elliot Anderson será outro elemento fundamental para os anfitriões, depois de ter sido eleito o melhor em campo tanto na estreia pela seleção principal como no segundo jogo.

Foi quem mais passes completos fez (182), mais passes longos certos (10), mais recuperações de bola (23), mais desarmes (cinco) e mais passes para a frente (48) nesses dois encontros.

Se há alguém que merece ser o primeiro nome na ficha de jogo, Anderson é certamente um dos candidatos, tendo em conta o momento que atravessa.

Naturalmente, haverá jogadores desapontados por ficarem de fora, como Jack Grealish, que está a viver um renascimento ao serviço do Everton esta época.

No entanto, haverá muitas oportunidades entre agora e o momento em que Tuchel anunciar a convocatória para o Mundial 2026 para que os menos utilizados possam mostrar o seu valor.

Tuchel atento ao boletim médico

Tuchel deverá estar atento ao próximo jogo da fase de qualificação frente à Letónia e pode até pedir aos seus jogadores para gerirem o esforço de forma mais cautelosa do que seria habitual.

Com Noni Madueke fora devido a lesão, Bukayo Saka a regressar agora após problemas físicos e Jude Bellingham totalmente ausente da convocatória, já que ainda não está a 100% apesar do regresso ao Real Madrid, percebe-se a lógica de qualquer precaução que o treinador alemão possa adotar nesta pausa internacional.

Se a Inglaterra vencer, Tuchel tornar-se-á o nono selecionador principal inglês a ganhar o primeiro confronto com uma das outras Home Nations, sendo que apenas Don Revie (frente à Irlanda do Norte em maio de 1975) não conseguiu vencer esse tipo de jogo.

Análise de Jason Pettigrove
Análise de Jason PettigroveFlashscore