Recorde as incidências da partida
13 de outubro de 2025. Uma data que o povo cabo-verdiano tão cedo não irá esquecer. Foi o dia em que conquistou, pela primeira vez, um lugar na competição mais importante do futebol mundial.
Com cerca de 525 mil habitantes espalhados por 10 ilhas, Cabo Verde tornou-se o segundo país com menos população a qualificar-se para um Campeonato do Mundo. Histórico!
Yannick Semedo é um dos heróis desta nação africana com fortes ligações a Portugal. O médio do Farense fez parte de uma caminhada absolutamente histórica que culminou com o tão desejado apuramento. “Estou a viver o sonho de muitos amigos, familiares e de muita gente que sempre quis estar aqui”, confessou em entrevista ao Flashscore.
O sonho chamado Mundial: "Foram muitos anos de luta"
- Yannick, como têm sido estas primeiras horas após o triunfo sobre o Essuatíni (3-0), que resultou na qualificação histórica para o Campeonato do Mundo?
Acho que ainda não caí em mim. É uma alegria enorme. Têm sido momentos únicos e inesquecíveis. Conseguimos fazer história junto do nosso povo e com o apoio de todos. Sentir todo este carinho nestes dias tem sido algo inexplicável. Sempre sonhei com momentos como este desde pequeno. Quero desfrutar destes dias, mas já sei que é importante mudar o chip, porque em breve estarei de volta ao Farense e há outros desafios por conquistar.
- O telemóvel ainda tem bateria? Tem recebido muitas chamadas e mensagens?
Para ser sincero, ainda nem tive tempo de responder a todas as pessoas que me deram os parabéns. Têm sido horas muito intensas, de muita alegria e partilha. Recebi mensagens de muitos amigos com quem joguei, que ficaram felizes pela nossa conquista, mas também de ex-treinadores, familiares e várias pessoas próximas. Todos partilharam a nossa alegria.
- Ainda com as emoções muito presentes, que significado tem para si esta conquista? Como foi viver tudo isto em vossa casa, no Estádio Nacional de Cabo Verde?
Acho que teve um sabor ainda mais especial por ter acontecido na última jornada e em nossa casa. Foi um turbilhão de emoções. Quanto ao jogo, sabíamos que precisávamos de ter paciência e que tínhamos qualidade para vencer, apesar da pressão que existia para resolver a partida.
O final… foi um verdadeiro descarregar de emoções. Foram muitos anos de luta, muitos anos em divisões secundárias, muitos anos a sonhar com o momento de chegar até aqui. Atingi o céu, atingimos juntos o céu e fizemos história.
- Depois de um feito tão marcante, o que é que acha que esta qualificação pode representar para o futuro do futebol cabo-verdiano?
Acho que pode ser um passo importante para continuarmos a melhorar o nosso futebol e para que as pessoas passem a olhar com outros olhos para o talento cabo-verdiano que existe neste país. Pode ser decisivo para abrir portas a mais atletas nossos. Sabemos que agora estamos a ser observados por todo o mundo, nem que seja pela curiosidade que há em relação a Cabo Verde. Acho que poucos acreditavam que isto fosse possível, mas nós sempre soubemos que tínhamos qualidade.
"Há muita qualidade no nosso país"
- Cabo Verde é um dos países mais pequenos, em termos populacionais, a chegar a um Campeonato do Mundo. O que é que esse feito revela sobre o vosso povo e a vossa identidade como nação?
É verdade. Somos poucos, mas é incrível a quantidade de atletas que temos vindo a revelar para o mundo inteiro. Há muita qualidade no nosso país. Isso mostra a resiliência que está no nosso sangue, a nossa vontade de lutar, de correr mais, de lutar mais e de alimentar um desejo enorme de chegar ao topo. Há muito talento em Cabo Verde e acredito que, nos próximos anos, ainda mais atletas vão surgir na seleção nacional.
- E o que podemos esperar de Cabo Verde no Mundial?
A mesma identidade que temos vindo a demonstrar até aqui. Uma equipa que joga ao ataque, com alegria, intensidade, competitividade e um enorme sentido de responsabilidade. Sabemos que o nível dos adversários será muito elevado e que teremos desafios difíceis, mas também sabemos que é mais uma oportunidade para fazermos história.
Queremos desfrutar da competição, mas com a responsabilidade de continuar a representar a nossa nação. Venha quem vier, podem ter a certeza de que vamos lutar até ao último instante para voltarmos a ser felizes. Sonhar não custa.
"Estou a viver o sonho de muita gente"
- Por fim, quando olha para a sua trajetória, que emoções o invadem ao ver o seu país fazer história consigo em campo?
É, como te disse, um misto de emoções. Desde pequeno que sonhava jogar pela seleção de Cabo Verde. Qualquer miúdo sonha com isso, e saber que ajudei a apurar a seleção para uma competição como o Mundial… é um sonho.
Estou a viver o sonho de muitos amigos, familiares e de muita gente que sempre quis estar aqui. Sei tudo o que tive de passar para chegar até este momento. Foi um caminho muito difícil, muito duro. Mas agora, olhando para trás, tudo valeu a pena.