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Pressão política: Brasil teve de vetar a camisola vermelha para o Mundial-2026

Samir Xaud, presidente da CBF
Samir Xaud, presidente da CBFPABLO PORCIÚNCULA / AFP

Uma camisola vermelha para a seleção do Brasil no Mundial-2026 foi vetada, no meio de uma onda de críticas na imprensa e nas redes sociais, admitiu o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud.

A divulgação na imprensa, em abril, de um protótipo vermelho da fabricante americana Nike para o segundo equipamento da seleção brasileira gerou várias críticas, enquanto o Brasil prepara-se para votar nas eleições gerais do próximo ano.

O vermelho identifica o partido do presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto os apoiantes do ex-líder de extrema-direita, Jair Bolsonaro, costumam vestir em atos públicos a tradicional camisola verde e amarela da seleção brasileira, já qualificada para o Mundial-2026.

"Muita gente levou tudo para o lado político. Eu não, levei para o lado do Brasil, para o lado das cores da bandeira. Azul, amarelo, verde e branco são as cores da nossa bandeira e são as que têm de ser usadas", disse Samir Xaud ao canal brasileiro SporTV.

"Eu fui totalmente contra a questão do vermelho, mas não por ideologia política. Quero deixar isso bem claro", ressaltou.

Samir acrescentou que reuniu-se de "emergência" com a Nike, fornecedora do material desportivo do Brasil, e pediu que "a produção fosse interrompida".

"A Nike entendeu (...) e imediatamente começou a produção do nosso segundo equipamento, uma camisola azul", disse.

Perda de interesse na Canarinha

A produção da camisola vermelha, que seria a alternativa à verde e amarela dos pentacampeões mundiais e que também substituía o logotipo da Nike pelo da linha Air Jordan, foi iniciada na gestão do destituído Ednaldo Rodrigues à frente da CBF.

O dirigente assumiu a presidência da entidade em maio. Quando o desenho vermelho foi divulgado, o renomado jornalista Paulo Vinicius Coelho publicou uma coluna no portal UOL na qual classificou a decisão de usar essa cor como uma "falta de sensibilidade", embora entendesse que a camisola procurava "despolitizar o amarelo, sequestrado por um grupo político nos últimos anos".

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"Criar uma camisola vermelha, como a dos Chicago Bulls (da NBA), com a marca de Michael Jordan, é uma absoluta falta de sensibilidade. Ainda mais porque o partido que vestiu a política de amarelo poderia confundi-la com a cor de outro partido político", escreveu.

Os brasileiros perderam o interesse pela sua seleção nacional nos últimos anos. Alguns especialistas apontam a politização da camisola verde e amarela como uma das razões para esse desencanto.