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Spalletti: "Despedimento? Não consegui manter tudo em segredo, esperava um final diferente"

Luciano Spalletti em conferência de imprensa
Luciano Spalletti em conferência de imprensaCarlo Bressan / ANADOLU / Anadolu via AFP
Luciano Spalletti, despedido do comando da seleção italiana, falou à Rai Sport algumas horas antes do início do jogo contra a Moldávia: "Lamento sobretudo porque não tinha jogadores importantes disponíveis devido a lesões".

Poucas horas antes do último jogo ao comando da Azzurra contra a Moldávia, no Estádio Mapei, em Reggio Emilia, e após a notícia da saída de Luciano Spalletti do comando técnico da seleção italiana, decidida pelo presidente da Federação de Futebol daquele país (FIGC), Gabriele Gravina, o treinador deu uma entrevista exclusiva à Rai Sport.

"Como é que dormi ontem à noite? É evidente que estas situações dependem do sentimento que colocamos nas coisas. Para mim, é difícil dormir em certas ocasiões. Tudo me consome e nada me escapa. As derrotas são mais do que as vitórias. O que aconteceu (despedimento) é algo que vou ter em conta com o passar do tempo. Esperava um final diferente? Se se está a referir aos 22 meses, é preciso refletir, mesmo que não possa voltar atrás", afirmou.

"Algumas escolhas acabaram por ser erradas, porque escolhemos as pessoas erradas ou queríamos fazer coisas diferentes, mas lamento sobretudo não ter tido jogadores importantes disponíveis devido a lesões. Chegámos a este jogo (o da Noruega) em condições particulares, com a final da Liga dos Campeões que tirou a energia nervosa a alguns dos nossos jogadores e com os noruegueses que tinham dois jogos de avanço. E depois aconteceu o que aconteceu...", atirou, em referência à derrota por 3-0.

"Se me despedem, não me podem pedir que esconda tudo"

O treinador contou depois os pormenores do anúncio oficial da sua saída, que teve lugar durante a conferência de imprensa de antevisão, um momento que quis tratar ele próprio: "Vou à conferência de imprensa porque tinha de ir lá na antevisão do jogo. Se alguém da federação quisesse ir comigo, podia ter ido.... Mas foi tudo feito com amizade e transparência. Porque é que havíamos de contar mais dois dias de mentiras? Não vejo porquê... Estamos a dar-nos muito bem e temos uma boa amizade".

"Se me dizem uma coisa errada e tomam uma decisão (despedimento), não me podem pedir para estar numa condição em que não quero, ou seja, manter tudo em segredo. É uma questão de respeito para com os italianos não o dizer? Teria sido a forma correta? Não sei. A Federação sempre assumiu a responsabilidade. Eu teria continuado com estes jogadores, como disse depois da derrota contra a Noruega. Por vezes, fico zangado e faço-me de rebelde, mas o meu percurso e a minha história foram feitos com base nestas coisas", atirou.

"Não é um resultado que determina a minha carreira. Se fiz asneira na minha carreira, foi porque alguém no meu lugar não o fez. Desta vez, cometi erros, mas não sei quais. Acreditei nos jogadores que escolhi e continuo a acreditar", continuou.

Próximos compromissos da Itália
Próximos compromissos da ItáliaFlashscore

"A Itália vai ao Mundial, será Ranieri o homem certo? Não sei"

Apesar da sua despedida, Spalletti não tem dúvidas sobre o destino da Itália no Campeonato do Mundo:

"Estou super convencido de que a Itália irá ao Campeonato do Mundo. Não me demiti, mas como tenho respeito pelas pessoas que me escolheram, vou assinar a rescisão amigável. Existe uma óptima relação com Gravina, devido à forma como se comportou comigo", apontou.

Em relação ao futuro, o treinador campeão com o Nápoles em 2021/22, admite que não sabe o que vai fazer.

"Não sei o que vou fazer, está tudo aí. Tenho de trabalhar à minha maneira. Uma coisa eu vou fazer: vou torcer pela pessoa que me suceder. Retiro o que disse sobre Mancini, sobre a forte seleção que herdei dele. Espero que quem vier depois de mim faça muito melhor do que eu e vá ao Campeonato do Mundo. Se fiquei, foi porque acreditei que iria ao Campeonato do Mundo. Houve um mau resultado na Noruega, mas há muito tempo para o compensar ou para o fazer nos playoffs".

Por fim, um comentário sobre o sucessor designado, Claudio Ranieri:

"Ranieri é o homem certo? Não sei, mas é um profissional que viajou pelo mundo, é equilibrado e, com a Roma como suplente, soube tocar nos pontos certos com os jogadores. A Federação escolherá a pessoa certa. Não sou como muitos outros, garanto-vos: vou torcer por ele", garantiu.