Mais

Steven Gerrard critica a "geração dourada" de Inglaterra: "Éramos todos perdedores egocêntricos"

Steven Gerrard durante a derrota de Inglaterra frente ao Uruguai no Mundial-2014
Steven Gerrard durante a derrota de Inglaterra frente ao Uruguai no Mundial-2014CYRIL MOREAU / Bestimage / Profimedia

O antigo capitão de Inglaterra e do Liverpool, Steven Gerrard, acredita que o ego e a rivalidade entre clubes impediram os Três Leões de conquistarem títulos internacionais durante a sua carreira como jogador.

Apelidado de "geração dourada", Gerrard integrou um plantel de enorme talento que, sob o comando de vários treinadores, nunca conseguiu ultrapassar os quartos de final de uma grande competição.

O antigo médio, de 45 anos, que somou 114 internacionalizações, liderou o Liverpool à conquista da Liga dos Campeões em 2005.

O grupo de estrelas inglesas do Manchester United, incluindo nomes como Rio Ferdinand, Paul Scholes e Wayne Rooney, assim como o contingente do Chelsea, com Ashley Cole, John Terry e Frank Lampard, também conquistaram títulos na Premier League e na Liga dos Campeões ao serviço dos seus clubes.

No entanto, Gerrard afirmou que essas divisões entre clubes impediram Inglaterra de se unir verdadeiramente como equipa.

"Éramos todos perdedores egocêntricos", disse Gerrard no podcast Rio Ferdinand Presents, destacando a camaradagem que agora existe entre os mesmos jogadores nas suas carreiras de comentadores.

"Então porque é que não criámos ligação quando tínhamos 20, 21, 22, 23 anos? Foi por ego? Foi por rivalidade? Tudo se devia à cultura dentro da seleção inglesa. Não éramos próximos nem estávamos ligados. Não éramos uma equipa. Nunca, em momento algum, nos tornámos uma equipa verdadeiramente forte e coesa", assumiu.

Inglaterra continua à espera de pôr fim ao jejum de títulos desde o Mundial de 1966, sem vencer qualquer grande torneio internacional masculino desde então.

No entanto, a seleção inglesa chegou à final das duas últimas edições do Campeonato da Europa sob o comando de Gareth Southgate.

Após a derrota na final do Euro-2024, Southgate deixou o cargo, estando agora Thomas Tuchel à frente das esperanças inglesas para o Mundial do próximo ano.

"Gareth Southgate é subvalorizado pela forma como conseguiu unir a seleção inglesa", afirmou Gerrard.

"Porque, para mim, o talento existia (na minha altura). Os jogadores estavam lá. O nível dos jogos em que todos participávamos era suficiente para fazermos melhor do que aquilo que conseguimos. Tivemos algum azar nos penáltis ou noutras situações. Temos de assumir a responsabilidade, mas sinto uma enorme frustração ao olhar para trás e perceber que nunca fomos além disso com Inglaterra. Acho que é uma combinação de vários fatores, mas um dos principais, para mim, foi o facto de nunca termos sido uma equipa. Éramos um grupo de individualidades talentosas e isso nunca resulta", assumiu.

A carreira de treinador de Gerrard estagnou após passagens pouco conseguidas pelo Aston Villa e pelo Al Ettifaq, da Arábia Saudita.

No entanto, está entre os favoritos a regressar ao comando do Rangers, gigante de Glasgow, com quem conquistou a Premiership escocesa na época 2020/21.

"Há uma parte de mim que sente que ainda há algo por concluir, no sentido de querer enfrentar mais alguns desafios entusiasmantes", afirmou o treinador de 45 anos sobre um eventual regresso ao banco.

"Mas quero um certo tipo de desafio. Se, num mundo ideal, surgirem essas oportunidades, vou agarrá-las. Se não aparecerem, não voltarei. Quero estar numa equipa que lute para vencer, porque acredito que isso se adequa melhor a mim", concluiu.