Cata Coll fez uma dupla defesa sensacional já perto do final do tempo regulamentar da meia-final do Europeu Feminino frente à Alemanha. A guarda-redes, que se afirmou como titular da seleção espanhola em menos de três anos, ultrapassando nomes como Sandra Paños e Misa Rodríguez, é muito mais do que a última linha de defesa de La Roja. Mais uma vez, teve um papel decisivo na qualificação de Espanha para a sua segunda final num grande torneio.
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A Alemanha queria levar o jogo até às grandes penalidades, confiante após Ann-Katrin Berger ter defendido dois remates da marca dos 11 metros frente à França, nos quartos de final. Mas, contra Cata Coll, seria mesmo essa a melhor aposta?
A espanhola teve de esperar para se estrear no Europeu Feminino: sofreu uma angina de peito tão grave que chegou a ser hospitalizada em Berna, logo após o jogo inaugural frente a Portugal. Na fase de grupos, foi Adriana Nanclares, guarda-redes do Athletic Club, quem ocupou a baliza espanhola. Desde o regresso de Cata Coll, La Roja não sofreu qualquer golo.
Enquanto a Suíça, nos quartos de final, não apresentou argumentos para travar a Espanha, a Alemanha criou várias oportunidades ao longo da meia-final. Ainda assim, a guardiã do Barcelona esteve irrepreensível e assinou uma série de defesas decisivas, mantendo a sua equipa viva até ao apito final.
Aos 90 minutos, Cata Coll protagonizou uma defesa dupla espetacular. Primeiro, travou um remate de Klara Bühl, desviado por Olga Carmona em direção ao seu próprio ângulo superior. A bola sobrou para Carlotta Wamser, que desferiu um potente vólei por baixo da trave, mais uma vez, defendido pela guardiã espanhola. Na zona mista, Irene Paredes não escondeu a admiração:
“Isso conta como um golo! Quando nós, defesas, não conseguimos travar os ataques, ela tem de intervir e foi brutal!”
Mais do que a última linha de defesa
"Estava apenas a fazer o meu trabalho", respondeu, ao aproximar-se dos jornalistas, pedindo até a um deles que libertasse Irene Paredes para que pudesse festejar com o resto do grupo.
“Quando recuei para afastar a bola (desviada pela Olga Carmona), tive medo de ser eu própria a colocá-la dentro da baliza. Mas continuo a trabalhar para manter a baliza inviolada e, até agora, ainda não sofri qualquer golo.”
Embora Aitana Bonmatí tenha sido a grande protagonista no apito final, graças ao seu golo, Cata Coll foi o baluarte essencial de uma defesa pouco solicitada, mas visivelmente instável. A guarda-redes de 24 anos, cujo sorriso contagiante deixava ver o aparelho nos dentes chegou mesmo a travar um remate poderoso de Lea Schüller, lançada nos minutos finais à procura de impacto.
A guardiã do Barcelona, que se afirmou como número 1 da seleção espanhola em menos de três anos, após recuperar de uma rutura do ligamento cruzado sofrida em fevereiro de 2022, já tinha sido titular no Mundial da Austrália, onde ajudou La Roja a conquistar o título. Mas Cata Coll é muito mais do que uma simples muralha na baliza.
Confortável com a bola nos pés, surpreendeu os 22.432 espectadores presentes no Letzigrund Stadion ao avançar para o meio-campo e ajudar na recuperação defensiva da Espanha pouco antes do intervalo. Antes do jogo, chegou mesmo a garantir que estaria pronta para figurar entre as cinco primeiras batedoras, caso a partida se decidisse nos penáltis.
Uma muralha em campo, uma muralha fora dele
“Se a deixarem de fora, vão ouvir um rugido…”, sorriu Montse Tomé, vestida de amarelo, na conferência de imprensa, ao ser questionada sobre o entusiasmo incontrolável da sua guarda-redes.
O rugido, neste caso, foi para os ouvidos alemães que, após a eliminação nas meias-finais, tiveram de assistir ou melhor, ouvir à festa improvisada de Cata Coll entre os dois autocarros da equipa. Com um tambor na mão, a guarda-redes espanhola, que já estava dentro do veículo, saiu para pedir aos colegas que descessem e celebrassem com o resto do grupo.
No final, Cata Coll fez sinal aos jornalistas que filmavam a cena, indicando que já não aguentava mais, e atirou com um sorriso: “Se querem festa, venham a Lausanne! Ao acampamento-base de Espanha.”
O Euro ainda não terminou para La Roja, nem para a sua capitã de balneário, que precisa de manter a voz e a energia em alta se quiser ajudar a equipa a conquistar a vitória frente à Inglaterra, na final de domingo.