Clara Mateo tem o dom de se recuperar. Não convocada para os últimos Jogos Olímpicos de Hervé Renard em casa, a atacante do Paris FC respondeu com a melhor temporada de sua carreira, terminando como artilheira (18 golos e 7 assistências) e melhor jogadora da Premier League. Um estatuto que a levou a ser apontada como a número 9 inicial dos Bleues no início do Europeu. No entanto, no início do jogo com Inglaterra, Marie-Antoinette Katoto foi a preferida.
O que não é um problema para a número 14 das Bleues. Contra o País de Gales, no segundo jogo da fase de grupos, Laurent Bonadei confiou nela para liderar o ataque de "suplentes", ao lado de Melvine Malard e Kadidiatou Diani. 75 minutos depois, Clara Mateo deixava o relvado do Kybunpark com um sentimento de realização: goleadora e passadora decisiva, esteve envolvida em todos os golos dos Bleus na vitória por 4-1.
"Ela também teria merecido o prémio de melhor jogadora da partida", admitiu humildemente Amel Majri na coletiva de imprensa: "A Clara dá-nos um leque diferente de opções ofensivas, com o seu jogo coletivo, a sua capacidade de se movimentar em pequenos espaços e, sobretudo, de pressionar".
Bonadei refere a boa pressão de Mateo sobre a guarda-redes galesa aos 53 minutos, que perdeu a bola na sua área. A avançado deu seguimento à jogada e tocou a bola para Amel Majri, que marcou o golo da vitória por 3-1. No dia 30 de maio, na Liga das Nações, já tinha pressionado a guarda-redes suíça da mesma forma, com o mesmo resultado. "Sou uma jogadora que não se intimida com o esforço, e pressionar também é algo que o treinador nos pede para fazer. Por isso, tento aplicá-la", explicou com sobriedade na zona mista.
"É uma grande noite, e estou muito feliz por ter participado desta vitória coletiva em nível pessoal", acrescentou: "O que também é importante nesta noite é que havia quatro atacantes diferentes, o que mostra as qualidades de cada um". A jogadora, que entrou em campo aos 30 minutos do segundo tempo para dar fôlego ao ataque francês contra a Inglaterra, observa que essa vitória com sete mudanças na equipe titular "mostra que as suplentes também são importantes".
Desde o início do Euro, a França marcou seis golos, graças a seis avançados diferentes. " Isso significa que o perigo pode vir de qualquer lado", resumiu Laurent Bonadei na conferência de imprensa. Significa também que o treinador terá de fazer escolhas complicadas para os próximos jogos, com um plantel que tem "muitos pontos fortes no ataque", como admite Clara Mateo. Um problema de rico, afinal.