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Feminino: Com menos minutos, Marta continua a ser "A Rainha" do futebol sul-americano

Marta comemora o título da Copa América
Marta comemora o título da Copa AméricaRodrigo BUENDIA / AFP

A eterna Marta, aos 39 anos, levou o Brasil a levantar o nono troféu da Copa América feminina, com menos minutos em campo, porque a passagem do tempo é impiedosa, mas com um papel de destaque.

Enquanto festeja mais uma vez com a "Rainha" Marta Viera da Silva, eleita a melhor jogadora da Copa América 2025, o país do "Rei" Pelé debate a questão: o torneio será uma despedida em grande estilo na Seleção ou ainda restará um pouco mais de energia para jogar em casa, diante dos compatriotas, no Mundial de 2027?

Apesar de alternar entre titular e suplente, a lendária 10 fez a diferença, provando que ainda mantém sua magia. No sábado, na final entre Brasil e Colômbia, Marta entrou aos 82 minutos e marcou dois golos, o primeiro para forçar o prolongamento in extremis e o segundo para ajudar a levar tudo para os penáltis, com um empate em 4-4.

Na disputa por penáltis, apesar de ter falhado a sua cobrança, a seleção verde-amarela venceu por 5-4.

"Ela está iluminada, é 'A Rainha'", comemorou o técnico das campeãs, Arthur Elias.

A esta lenda só escapou o sonho de vencer o Mundial, e o facto de o Brasil ser sede da próxima edição do evento representa uma oportunidade de ouro para realizá-lo. O único país pentacampeão mundial masculino buscará um dos títulos que faltam na galeria de troféus e assim se juntar à lista de seleções femininas campeãs mundiais ao lado de Estados Unidos (4), Alemanha (2), Noruega (1), Japão (1) e Espanha (1).

49 minutos por partida

Marta, que havia dado a entender que se ia retirar da Seleção após os Jogos Olímpicos de Paris 2024, reapareceu na preparação para a Copa América.

O aval não foi apenas o passado, mas também o presente, campeã com o Orlando Pride na NWSL dos Estados Unidos. No entanto, seu papel mudou. Teve menos minutos, foi dosada, e ainda assim foi destaque no caminho para seu quarto título da Copa América (2003, 2010, 2018 e 2024).

Marta disputou seis jogos no torneio realizado no Equador, metade dos quais começou no banco, com uma média de 49 minutos por partida, suficiente para marcar três golos e dar três assistências.  Já havia sido fundamental na meia-final vencida por 5-1 pelo Brasil diante do Uruguai, em que, como titular, deu o passe para a letal goleadora Amanda Gutierres – 15 anos mais nova que "A Rainha" – abrir o marcador e depois fez o 3-0 ao converter um penálti.

E, além do que faz com a bola, ela traz liderança ao balneário.

"Já lhe disse para se retirar quando tiver uns 45 anos,por aí. Enquanto ela estiver bem, vou incentivá-la a continuar conosco", brincou a companheira Tarciane há alguns dias.

Ela é um exemplo para promessas como Kaylane, que aos 16 anos pode dizer que compartilhou na fase de preparação tempo com a mulher que tinha a admiração de Pelé.

"Marta, representas a coragem de todas as mulheres que lutam e conquistam tudo o que merecem. Tenho um profundo carinho e admiração por ti", publicou Pelé em vida em uma mensagem no Instagram.

O futebol foi vetado por decreto para as mulheres no Brasil de 1941 a 1979.

"O nosso maior objetivo, sem dúvida, é ver como o futebol brasileiro e sul-americano brilha cada vez mais", destacou Marta em declarações à DirecTV em meio às comemorações.

O Mundial de 2027 é possível?

"Essa pergunta é muito difícil (...), não estou a pensar em jogar o Mundial. Está perto, mas também longe (...). Estou a viver o momento", disse a própria Marta ao site da Conmebol na véspera da Copa América.

"Não me peçam para estar bem amanhã, depois de amanhã ou em 2027, porque não sei o que pode acontecer. Hoje estou aqui, mas amanhã posso acordar e dizer: já deu. Quero me dedicar a mim, ter um filho, uma família", comentou.

Se a jogadora nascida em Dos Riachos, Alagoas (nordeste do Brasil), chegasse a disputar o Mundial, seria a 7.ª participação depois de ter competido nas edições de 2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023, com um recorde de 17 gols marcados.