Ajax despediu o treinador John Heitinga e o adjunto Marcel Keizer na quinta-feira, após uma série negativa de resultados no arranque da época. Com o antigo adjunto do Liverpool ao comando, o Ajax venceu cinco jogos, empatou cinco e perdeu outros cinco, marcando 21 golos e concedendo 28 nesse período.
"Esta foi uma decisão unânime. Também concordei. O (diretor-geral) Menno Geelen e eu sentámo-nos depois com o John (Heitinga). Ele ficou muito desiludido. Compreendo-o", disse Kroes numa entrevista à Ajax Life.
No verão passado, Heitinga assumiu o cargo deixado pelo atual treinador do FC Porto, Francesco Farioli, que saiu do clube após apenas uma época. Na sua única temporada ao leme, Farioli esteve perto de conquistar um improvável título da Eredivisie, mas acabou em segundo lugar após uma queda de rendimento nas últimas jornadas.
O italiano abandonou o clube um dia depois do último jogo da época. Não foi pela desilusão, mas porque ele e Kroes não chegaram a acordo quanto às condições relativas à cultura do clube. A saída de Farioli valeu a Kroes duras críticas dos adeptos e da comunicação social. Atendendo à forma como decorreram os primeiros meses após a saída de Farioli, não deveria Kroes ter feito mais para manter o italiano no clube?
"Recebo muitas vezes essa crítica, mas é mesmo injusta. O Francesco era imparável. Ele queria mesmo sair. Ponto final", revelou.
"A menos que nomeemos Pep Guardiola ou Luis Enrique"
A escolha de Heitinga foi surpreendente, tendo em conta a pouca experiência do antigo internacional neerlandês como treinador principal. Estava condenado ao fracasso, segundo Kroes?
"No início, também havia rumores semelhantes sobre o Farioli. Agora, haverá sempre dúvidas sobre qualquer decisão que tomemos, a menos que nomeemos Pep Guardiola ou Luis Enrique. No Ajax há sempre margem para melhorar. Sabes disso. Normalmente, esperas ter mais tempo ou conseguir evoluir", indicou.

Kroes e a direção queriam dar mais tempo a Heitinga e apoiar o jovem treinador, em vez de o colocar sob ainda mais pressão.
"O mais difícil é que também vimos momentos positivos nos jogos. Infelizmente, foram muito curtos. É sempre complicado dizer depois, 'Se ao menos tivesse feito isto ou aquilo'. Também esperas que a maré possa mudar. Queríamos dar tempo e espaço ao John, mas não foi possível. Agora, olhando para trás, é fácil perceber que esta decisão devia ter sido tomada mais cedo", afirmou Kroes.
Encontro com Ten Hag foi "sem grande história"
Na quinta-feira, a imprensa neerlandesa noticiou que o antigo treinador do Ajax e do Manchester United, Erik ten Hag, se tinha reunido com Alex Kroes. Outros relatos davam conta de conversações entre Ajax e Ten Hag para um possível regresso, mas Kroes negou categoricamente esses rumores.
"Não faço comentários sobre principais candidatos ou segundas ou terceiras opções. O meu encontro com o Erik não teve nada de especial, mas percebo que agora ganhe outro significado. Para além disso, não posso nem quero dizer mais nada sobre o assunto neste momento. A nossa busca já começou. Há sempre nomes a circular e pessoas com quem já tivemos contacto ao longo do tempo", confirmou Kroes.

Fred Grim, que assumiu funções interinas enquanto o Ajax procura um novo treinador, não irá terminar a época, confirmou também Kroes.
"Sinto-me responsável"
Juntamente com Heitinga e Keizer, o diretor técnico Alex Kroes anunciou que colocou o seu cargo à disposição.
"Sinto-me responsável pela situação atual. Não é por acaso que coloco o meu lugar à disposição. Não me demito de imediato porque os restantes membros da direção executiva e do Conselho de Supervisão me pediram para não o fazer", revelou.
Se o clube encontrar um novo diretor técnico antes do final do contrato de Kroes, em junho de 2026, o antigo diretor-geral deixará o cargo de imediato, garantiu. Mesmo que o novo treinador queira que ele permaneça.
