Além de tudo isso, Lewandowski tem sido a estrela indiscutível da Polónia desde há muitos anos. Com a sua campanha de qualificação para o Euro 2024 a começar na sexta-feira, em Praga, contra a República Checa, vamos analisar mais profundamente a carreira do número nove até à data.
A adaptação de Lewandowski à LaLiga tem sido essencialmente uma continuação suave das suas atuações na camisola do Bayern de Munique. Nas 26 jornadas do campeonato, somou 1819 minutos e nenhum outro avançado em Espanha está a ter melhores oportunidades de remate com o seu movimento na área do que a estrela polaca. De acordo com o modelo de golos esperados (xG), Lewandowski tem 70% de hipóteses de marcar em cada jogo, vencendo o segundo classificado, Karim Benzema, por 12%.
Enquanto o avançado do Real Madrid domina as estatísticas de remates médios por jogo e toques de bola na grande área, Lewandowski está a ter melhores ocasiões de golo. Talvez a única forma de se desviar ligeiramente dos seus elevados padrões de longa data no Barcelona seja como finalizador.
Com base na qualidade das oportunidades que criou com o seu movimento, deveria ter marcado 16 vezes enquanto, na realidade, tem 15 golos no campeonato. Além disso, de acordo com um modelo que olha para a qualidade do remate em si, Lewandowski deveria ter marcado menos um golo do que realmente marcou.
Dados impressionantes, mas ainda estamos a falar de uma amostra de uma temporada incompleta. Além disso, vale a pena salientar neste ponto que a finalização é uma habilidade secundária para os atacantes. É muito mais importante se um jogador conseguir antecipar para onde a bola vai e chegar a posições de qualidade com frequência suficiente.
Lewandowski é um grande exemplo disso mesmo. Embora esteja a converter apenas 21% dos seus remates até agora, está a criar um número tão elevado por jogo, e a partir de áreas tão perigosas, que continua a marcar regularmente. Como mencionado, leva 15 golos no campeonato, o maior em LaLiga.
Se Lewandowski não perder mais nenhum jogo até final da época, e continuar a obter a mesma qualidade de oportunidades, a sua contagem deve atingir os 24 golos. Naturalmente, este é apenas um número indicativo, sem contar as penalizações e a possibilidade muito real da sua finalização melhorar ou diminuir.
Entre as épocas 2015/16 e 2021/22, com a camisola do Bayern, teve um total de 923 tentativas de golo (4,3 por jogo, em média) com um total xG de 199 - resultando em 219 golos.
Isto significa que finalizou as oportunidades significativamente melhor do que um jogador médio, na sua posição. No total, nesse período, Lewandowski converteu 24% das suas tentativas, o suficiente para se situar entre os primeiros 10% dos atacantes das cinco primeiras ligas do mundo nesta métrica particular.
À primeira vista, contudo, pode parecer que Lewandowski abrandou em relação à sua última época na Alemanha. Afinal, marcou uns impressionantes 35 golos durante essa época, mais 11 do que o segundo colocado, Patrik Schick (27 anos) do Bayer Leverkusen. Embora isso seja verdade, é também importante ter em conta o desempenho ofensivo dominante do Bayern em comparação com o resto da Bundesliga nessa campanha.
Enquanto RB Leipzig e Bayer Leverkusen marcaram 58 golos (1,7 por jogo), o Bayern registou um xG astronómico de 90 (2,7 por jogo) até ao final da época. As hipóteses de Lewandowski representaram 37% do xG total do Bayern na altura e agora, em Barcelona, é muito semelhante: 35%.
Em suma, Lewandowski adaptou-se rapidamente à nova realidade e não perdeu nada da sua capacidade, apesar de celebrar o seu 35.º aniversário em agosto.
Talvez se esperasse dele um desempenho mais dominante no Mundial do Catar, onde marcou apenas duas vezes, incluindo um penálti. Mas... é necessário ver o contexto. A equipa polaca foi objetivamente uma das piores da competição e, de acordo com os dados, a sua passagem aos oitavos de final foi mais uma questão de sorte.
O que continuou a ser um sucesso, por outro lado, foi o desempenho de Lewandowski na Liga dos Campeões esta época. Embora o Barcelona tenha acabado por sair da competição atrás do Bayern e do Inter Milão no Grupo C, o experiente avançado provou mais uma vez que a Champions é a sua especialidade.
Em média por jogo, tinha 10 toques da bola dentro da área, levou a bola regularmente para áreas perigosas e acrescentou 20% para atingir 80% de hipóteses de marcar em cada jogo.
Se retirarmos Erling Haaland, do Manchester City, que realmente devia ter a sua própria categoria na época atual, Lewandowski produziu os melhores números entre os avançados na Liga dos Campeões.
Além disso, estes números correspondem a um recorde que manteve ao longo das últimas oito temporadas da competição europeia. Durante este tempo, Lewandowski elevou as suas estatísticas de pontuação para 68 golos (em comparação com os 61 esperados).
O avançado polaco resistiu, verdadeiramente, ao teste do tempo contra as melhores defesas do mundo e não parece estar a abrandar. A única consolação para a República Checa, que esta sexta-feira mede forças com a Polónia, é o facto de que, se Lewandowski teve um desempenho abaixo do esperado em algum lugar, esse sítio é... a sua selecção nacional.