É o tipo de viagem que nos faz entrar logo em ação. O Barcelona inicia a temporada do campeonato espanhol em Maiorca, sob o calor do sol das Baleares, no estádio Son Moix, que pode rapidamente se tornar uma armadilha.
E quando se joga o primeiro jogo oficial com as novas cores num ambiente tempestuoso, é melhor passar o primeiro teste. Joan García fez uma excelente temporada no Espanhol e tem sido alvo de muito interesse. Campeão olímpico em Paris, o catalão tomou uma decisão que teve consequências profundas: mudar-se para o clube rival. E uma mudança do Espanhol para o Barça não é fácil. Em todo o caso, não para muitos adeptos dos Pericos, que não ficaram nada satisfeitos com esta forma de traição, na qual o clube de Cornellà, que recuperou 25 milhões de euros no processo, está totalmente envolvido.
A história foi tão sensível que o guarda-redes recebeu ameaças de morte e os políticos locais foram mesmo obrigados a reagir.
O capitão Marc-André ter Stegen também reagiu à chegada e não recebeu de braços abertos o novo companheiro de equipa. Dois crocodilos numa lagoa é demais. A saída de Wojciech Szczesny da reforma foi uma medida simpática e que tinha de ser tomada depois de o alemão ter sofrido uma lesão grave na vitória por 5-1 sobre o Villarreal no La Cerámica. Mas o alemão não gostou nada de ter visto chegar um potencial titular da equipa principal. Foi a gota de água, já que foi ele quem pediu para ser operado às costas em Bordéus, sabendo quanto tempo iria estar parado, e foi ele quem anunciou a duração da sua ausência antes da declaração oficial do clube.
O resultado? Um enorme imbróglio jurídico que desagradou muito a todos os níveis do clube, desde os dirigentes até à afición. Em suma, uma ausência de 3 meses, como inicialmente anunciado, complicou a inscrição de García, enquanto uma ausência de 5 meses permitiu ao clube utilizar uma regra de fair play financeiro da La Liga para inscrever o catalão até ao final da época. Assim, evita-se a procrastinação no final do ano civil com Dani Olmo e Pau Víctor, o que não é mau para o clube.
Após 11 anos na cidade, Ter Stegen corria o risco de estragar tudo. No Troféu Gamper, acabou por se redimir e os assobios iniciais transformaram-se em aplausos.
Seleção em foco
A contratação de Joan García, de 24 anos, não é uma surpresa em si. O Barça está a iniciar uma nova era nesta posição e aposta num puro produto de Barcelona, que jogou no Damm na formação antes de subir para o Espanhol.
Para o jogador, era a escolha mais lógica em termos de plano de carreira, não só porque é difícil dizer não ao Barça, mas também porque o lugar de titular na baliza da seleção espanhola não está definido e García pode, numa primeira fase, ocupar um lugar no Campeonato do Mundo, antes de competir com Unai Simón e David Raya.
O guarda-redes está a mudar de dimensão e vai ser muito analisado. É o mesmo trabalho, mas uma nova profissão para ele.