Florentino Perez não exclui investimento externo no Real Madrid

Presidente do Real Madrid, Florentino Perez, ao centro à esquerda
Presidente do Real Madrid, Florentino Perez, ao centro à esquerdaReuters / Juan Barbosa

O Real Madrid está a ponderar criar uma subsidiária que permitiria a investidores externos adquirir uma participação de cerca de 5% no clube de futebol mais valioso do mundo, afirmou o seu presidente, Florentino Perez, este domingo.

Os sócios do Real Madrid serão convidados a votar sobre a proposta, que exigirá uma alteração aos estatutos numa assembleia geral extraordinária a realizar em breve, disse Perez na reunião anual do clube.

Acrescentou ainda que o modelo atual de propriedade pelos sócios se manterá intacto e que ser sócio passará a ter "um valor real e tangível".

"Se alguém estiver disposto a investir quantias significativas de dinheiro por uma participação simbólica, isso é a maior demonstração do valor do Real Madrid", afirmou Perez aos sócios do clube, num discurso de uma hora frequentemente interrompido por aplausos: "Este investidor, ou investidores, deve respeitar os nossos valores, contribuir para o crescimento do clube e ajudar-nos a proteger os nossos ativos de ataques externos".

Tal como os rivais espanhóis Barcelona, Athletic Club e Osasuna, o Real adota um modelo de associação. Cerca de 2.000 sócios do clube são escolhidos como delegados para a assembleia anual, em que podem eleger o presidente, analisar as contas anuais e votar alterações aos estatutos.

Uma iniciativa para abrir a propriedade a investidores externos seguiria o acordo celebrado este mês com o fundo norte-americano Apollo, que se tornou acionista maioritário do rival Atlético de Madrid, o mais recente investimento de fundos de private equity no futebol, atraídos pela estabilidade e previsibilidade das receitas do desporto.

Segundo a Deloitte, o Real é o único clube de futebol mundial a registar receitas superiores a mil milhões de euros. As receitas para a época 2024/2025 aumentaram para 1,19 mil milhões de euros, enquanto o resultado líquido após impostos subiu 56% para 24,3 milhões de euros, revelou Perez este domingo.

Com um valor de 6,75 mil milhões de dólares, o clube tem a avaliação mais elevada do futebol mundial, de acordo com a revista de negócios Forbes.

No entanto, Perez já afirmou que o modelo de associação limita o clube, sobretudo quando compete no mercado de transferências com outros clubes europeus como o PSG, Manchester City ou Chelsea, detidos por fundos de private equity, multimilionários ou estados ricos em petróleo.

O Real Madrid tem liderado o movimento para a criação de uma Super Liga Europeia, com Perez a defender que seria uma forma de o clube manter a competitividade.

Na assembleia do ano passado, Perez abordou a possibilidade de realizar um referendo sobre a reorganização da estrutura de propriedade do clube, que "nos proteja das ameaças que enfrentamos" – sublinhando, no entanto, que o clube continuaria a pertencer aos seus sócios.

De acordo com os estatutos do Real Madrid, o clube é obrigado a realizar uma assembleia extraordinária para alterar os estatutos e a sua estrutura. O Real já tem acordos estabelecidos com fundos de private equity norte-americanos.

Em 2022, celebrou um acordo com a Sixth Street, no qual receberia 360 milhões de euros em troca da cedência dos direitos para desenvolver e explorar novos negócios durante 20 anos no estádio Santiago Bernabéu.