Real Madrid não consegue capitalizar os Bola de Ouro

Miguel Baeza

Cristiano Ronaldo com a quinta Bola de OuroBURAK AKBULUT / ANADOLU AGENCY / Anadolu Agency via AFP

Com a saída de Luka Modric para o AC Milan, os blancos não conseguiram lucro com os dois últimos Bolas de Ouro a deixar o clube.

Ao longo dos seus 123 anos de história, o Real Madrid contou com alguns dos maiores jogadores de todos os tempos. Nomes como Puskas, Santillana, Butragueño e, mais recentemente, Raúl, Gareth Bale, Roberto Carlos e Toni Kroos vêm à mente.

Mas, acima de todos eles, há um Olimpo de oito divindades que ganharam a Bola de Ouro com a camisola merengue. Alfredo Di Stéfano (duas e uma Super Bola de Ouro), Raymond Kopa, Luís Figo, Ronaldo Nazario (duas, mas apenas uma em Madrid), Fabio Cannavaro, Cristiano Ronaldo (quatro das suas cinco), Karim Benzema e Luka Modric.

Depois, alguns como Zidane ou Kaká, que também passaram pelo Santiago Bernabéu, ganharam esta distinção individual quando ainda estavam noutros clubes.

Em suma, ser o clube com mais Bola de Ouro, a par do Barcelona, com 12, leva a crer que o emblema da capital espanhola teve uma fábrica de milhões quando estes jogadores quiseram deixar o clube com as 15 Taças dos Campeões Europeus.

Poucas receitas

Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Os dois últimos jogadores do Real Madrid a conquistar o cobiçado prémio, Karim Benzema e Luka Modric, deixaram o clube, para o Al-Ittihad e para o AC Milan, respetivamente, a custo zero. Isto, depois de inúmeros sucessos em branco.

Antes do francês e do croata, foi o português Cristiano Ronaldo que deixou o clube com uma grande soma de dinheiro. Depois de nove anos gloriosos na Casa Blanca, a Juventus pagou mais de 100 milhões de euros pelos seus serviços.

Kopa, Di Stéfano e Figo, com a Bola de Ouro do portuguêsCHRISTOPHE SIMON / AFP

Sem dúvida que CR7 foi uma grande venda, mas se partirmos daí, repete-se o padrão de pouco ou nenhum retorno em jogadores de classe mundial. Cannavaro foi para a Juventus a custo zero, Kaká para o AC Milan e Figo para o Inter.

Zidane também não deu dinheiro, mas foi algo diferente, uma vez que deixou o Bernabéu com honras, depois de ter anunciado a sua reforma quando ainda tinha um ano de contrato. Por outro lado, o AC Milan pagou cerca de oito milhões de euros por Ronaldo, embora os espanhóis tenham tido de lutar muito com Silvio Berlusconi pelo dinheiro.

Diferentes pontos de vista

A partir destes dados, é possível fazer diferentes leituras. Uma delas é a de que o Real Madrid não tem conseguido rentabilizar financeiramente os seus grandes nomes, arruinando muitas vezes a possibilidade de ganhar somas avultadas com as suas vendas.

Por outro lado, há quem, do seu ponto de vista, pense que a entidade atualmente presidida por Florentino Pérez dá um tratamento preferencial às suas lendas, facilitando as decisões sobre os respectivos futuros e, em vários casos, dando-lhes a possibilidade de se reformarem em casa.