Foi, sem dúvida, o ponto alto do último fim de semana da Ligue 1. Depois de ter sido expulso por Bastien Millot durante o jogo do Lyon contra o Brest, no domingo, o treinador do Lyon, Paulo Fonseca, correu em direção ao árbitro e acabou num confronto "cabeça-a-cabeça". As imagens tornaram-se virais.
Numa altura em que a arbitragem em França é um assunto muito debatido, e depois das acusações infames de Pablo Longoria na semana anterior, este é mais um episódio de uma triste história que todos poderiam ter dispensado. Mas a reação de Paulo Fonseca surpreende toda a gente, sobretudo aqueles que trabalharam com o treinador português.
Durante uma mesa redonda em que o Flashscore participou, o antigo defesa do Lille, José Fonte, insistiu que este foi um acontecimento único para o seu antigo treinador no Lille.
"Paulo sempre se mostrou uma pessoa respeitosa, educada e profissional. Quem trabalhou com ele e conviveu com ele sabe disso. Foi uma situação anormal e excecional e estou certo de que não voltará a acontecer", disse o atual jogador do Casa Pia.
É verdade que se trata de um incidente que surpreende todos os que conhecem o caráter do treinador português, a começar por Tiago Pinto, atual diretor desportivo do Bournemouth, mas antigo diretor-geral da AS Roma quando Fonseca era o seu treinador.
"O Paulo é uma pessoa íntegra, educada e muito calma. O incidente do jogo em Brest não reflete de forma alguma a personalidade do Paulo; na minha opinião, foi um caso isolado. Penso que uma série de fatores excepcionais levaram o Paulo a agir desta forma. Pelo que conheço dele, tenho a certeza de que se vai arrepender e que, se pudesse voltar atrás no tempo, não hesitaria. No futebol, as emoções levam-nos por vezes a situações inesperadas e depois arrependemo-nos, que foi certamente o que aconteceu. Paulo Fonseca é um grande profissional, um grande treinador e uma excelente pessoa".
Paulo Fonseca já treinou em vários países, incluindo a Ucrânia. Darijo Srna, atual diretor desportivo do Shakhtar Donetsk, jogou 15 anos no clube, dois dos quais sob o comando do treinador português, e só tem elogios para ele.
"Trabalhei com o Paulo no Shakhtar durante vários anos e posso dizer que ele foi sempre um exemplo de profissionalismo. É um treinador de topo e uma grande pessoa que sempre se envolveu de forma positiva com a sua equipa e os seus jogadores. Estou surpreendido com o que lhe aconteceu em França, porque sempre o vi ser muito respeitoso com os árbitros, mas o futebol é um jogo emocional e, por vezes, as nossas emoções podem levar a melhor".
Todos estão estupefatos com este acontecimento que, segundo os entrevistados, não reflete de forma alguma a personalidade do treinador do Lyon. O técnico confidenciou o seu remorso numa longa carta de desculpas aos árbitros da Ligue 1. Mas o mal está feito e resta saber - esperemos que quarta-feira- qual o castigo que Paulo Fonseca irá receber.