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"Queria ser guarda-redes, comecei como avançada e passei a central"
O sorriso não engana: é felicidade. Érica Cancelinha está a viver um ano de sonho. Afirmou-se na equipa principal do Sporting e atingiu o patamar mais alto a que uma jogadora pode aspirar: a Seleção Nacional.
Uma história escrita em nome próprio, mas que podia ter sido ligeiramente diferente. Érica é hoje uma das centrais mais promissoras do futebol português, mas não foi nessa posição que deu os primeiros passos.

"Queria ser guarda-redes, mas o meu pai não deixou (risos). Marcava muitos golos, era rápida, por isso jogava a avançada. Depois fui recuando nas posições até central", recorda a camisola 4 do conjunto leonino, em entrevista ao Flashscore.
Arrependida da mudança? "No fundo, gostava de ser avançada, não vou mentir. Mas estou muito feliz a central", atira, entre risos.
O tempo voou, e o que antes era apenas uma enorme paixão tornou-se o seu dia a dia. Chegar a profissional era um objetivo, mas Érica garante que nunca foi uma obsessão. O Sporting mostrou-lhe o caminho.
"Nunca pensei muito nisso no início. Mas, quando as coisas começaram a correr bem e, já no Sporting, percebi o quanto amava o futebol, pensei: 'Isto pode ser a minha vida'", explica.
A “finta” e o “remate” foram algumas das armas que os tempos como avançada lhe deixaram e que hoje aplica como central. Mas não são as suas únicas valências: “A velocidade, que é muito importante, e o um-para-um, que eu gosto e procuro ganhar.”

"É motivo de orgulho todo o percurso até aqui"
Apesar de ter apenas 19 anos, completados no passado dia 26 de dezembro, Érica Cancelinha já reúne um bonito álbum de memórias, pequenos pedaços que ajudaram a construir o seu caminho de ascensão vertiginosa rumo ao topo.
Em junho, a jovem central capitaneava a Seleção Sub-19 portuguesa - "uma geração de ouro" - numa histórica campanha que levou Portugal até às meias-finais do Campeonato da Europa da categoria. Apenas quatro meses depois, recebia a convocatória de Francisco Neto para a Seleção principal e, nesse mesmo dia, renovava com o Sporting até 2028.
"Ao parar para pensar em tudo o que aconteceu este ano, fico muito contente com o que tenho feito até agora. Muito feliz com o trabalho que me permitiu estrear na equipa A, tanto do Sporting como da Seleção. É motivo de orgulho todo o percurso até aqui", enaltece.
"Trabalho muito para isto. Sempre quis afirmar-me numa equipa sénior e sempre sonhei chegar à Seleção A. Quando recebi a convocatória nem quis acreditar", acrescenta.
Evolução? "Em tudo, inclusive no aspeto psicológico. Sinto-me melhor a cada dia. Os treinos e as colegas ajudam-me a evoluir todos os dias, para podermos dar uma boa resposta no jogo".

"O Sporting é uma segunda casa"
A viagem leva-nos até ao presente: o Sporting, o espaço onde tem sido feliz. Depois de uma época 2024/25 em que somou os primeiros minutos, Érica Cancelinha é imprescindível para o treinador Micael Sequeira em 2025/26 e traça um retrato da temporada leonina até ao momento.
"Começámos bem. Fizemos dois jogos para a Liga dos Campeões com a Roma; num deles trouxemos vantagem para Portugal, depois não a conseguimos manter. Na Europa Cup temos feito um bom trabalho e eliminámos duas equipas experientes. Queremos dar continuidade a esse percurso", descreve ao Flashscore.
"É verdade que saímos da Taça de Portugal (n.d.r. derrota frente ao SC Braga), o que foi frustrante... Queríamos muito continuar e lutar pelo troféu pelos sportinguistas. Mas agora é continuar a trabalhar e melhorar", anota.
Apoiada por uma família “feliz” e “orgulhosa”, que a ajuda a manter os “pés bem assentes na terra”, a jovem central encontrou no Sporting uma segunda casa, um grupo que não vira a cara à luta e que vai continuar a batalhar pelos seus objetivos.

"O Sporting é uma segunda casa. Estou aqui desde muito nova e têm-me dado tudo. Estou muito feliz e quero continuar", assegura.
"Temos um grupo muito bom. Somos muito felizes juntas, no balneário, no campo e no treino. O ambiente é excelente e ajudamo-nos umas às outras no dia a dia", remata.
Convidada a apontar uma referência, Érica não hesita: “Kika (Nazareth)”. É também esse o patamar que começa a trilhar, o de se tornar uma referência para as jogadoras (ainda mais) jovens da formação do Sporting e das seleções nacionais.
E o presente está bem claro na sua cabeça: o Sporting. Sempre com os pés bem assentes no chão e sem criar grandes expectativas em relação ao futuro.
"O mais difícil é manter um psicológico forte ao longo da época e manter o melhor nível, o que nem sempre é possível. Quanto às expectativas, mantenho-as tranquilas: sei o que posso e não posso dar", garante.
Por fim, a questão: se o futebol fosse uma pessoa, o que é que Érica lhe diria neste momento da sua vida? “Que já me deu alegrias e tristezas, mas que o bom prevalece e me faz muito feliz.”
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