A sexta jornada da fase de liga da Liga dos Campeões deixou um cenário que parece mais um ponto de partida do que de chegada. Faltam dois jogos para o grande desfecho, que entre 20 e 28 de janeiro vai concentrar em oito dias o destino de todas as equipas.
Primeiro uma jornada “normal”, depois a grande maratona da oitava e última jornada, tudo em simultâneo, como no futebol de outros tempos. Voltará aquela sensação de estar a perder algo enquanto se vê outra coisa, a frenesia da rádio, a tensão de um resultado que muda uma classificação tão longa como um romance.
Neste ecossistema – já consolidado, depois da estreia do novo formato na época passada – as equipas italianas chegam à reta final com estados de espírito diferentes, mas uma certeza comum: em duas semanas de janeiro joga-se um ano inteiro de ambições europeias.
Atalanta – 5.º (13 pontos)
A reviravolta frente ao Chelsea não foi apenas uma vitória: foi uma declaração de intenções. A Atalanta precisava de um sinal para transformar os números em estatuto e os três pontos conquistados em Bérgamo – já é a terceira vitória consecutiva na Champions – fizeram-na chegar aos 13 pontos, liderando entre as italianas e igualando o terceiro lugar virtual, com o PSG e o Manchester City. Quinta apenas pela diferença de golos, mas com ritmo de qualificação direta.

A equipa de Raffaele Palladino, na Europa, mostra ritmo, fluidez e confiança, tudo aquilo que não conseguiu exibir no campeonato. Por isso, a perspetiva para as duas últimas jornadas é animadora: Athletic Bilbau, em casa, e depois Union Saint-Gilloise, fora.
Um calendário que oferece, matematicamente e tecnicamente, a possibilidade de lutar por um dos oito primeiros lugares. Um objetivo que, neste momento, já não é um sonho, mas sim uma meta realista.
Inter – 6.º (12 pontos)
De uma nerazzurra para outra, tudo muda, pelo menos nos jogos decisivos. O Inter chega às duas últimas jornadas da Liga dos Campeões depois de duas derrotas seguidas, que expuseram o que já era evidente: a equipa sente dificuldades nos grandes jogos. As derrotas frente ao Liverpool e ao Atlético Madrid aconteceram no final, por detalhes, é verdade. Mas são quedas nos momentos de maior pressão e é difícil ignorar isso.

Com 12 pontos, o Inter está totalmente na zona que pode garantir a qualificação direta, mas também na zona dos playoffs. Tudo depende de janeiro. O problema? O calendário é dos mais complicados: Arsenal em San Siro, depois Borussia Dortmund no Westfalenstadion, um dos ambientes mais intensos da Europa.
Ou seja, vai ser preciso recuperar toda a força emocional perdida após a última, dramática, final da Champions. Janeiro será, assim, uma espécie de teste de choque: dois jogos que podem definir ou destruir as ambições nerazzurri de evitar os playoffs.
Juventus – 17.º (9 pontos)
É preciso descer até à 17.ª posição da tabela para encontrar a Juventus, que voltou a ver alguma luz graças às duas vitórias, frente ao Bodo e ao Pafos. Seis pontos que reanimaram o sonho europeu, mas que não apagam um desempenho aquém das expectativas após a reconstrução.

Com nove pontos, a Juventus está totalmente na luta pelos playoffs, e com dois resultados positivos pode até ser catapultada para os oito primeiros. Não é provável, mas também não é matematicamente impossível. Muito mais realista é o objetivo de terminar entre a 9.ª e a 16.ª posição, essencial para disputar em casa o segundo jogo dos playoffs.
O calendário é claramente acessível: primeiro o Benfica, de José Mourinho, que vem de uma vitória sobre o Nápoles, depois a deslocação ao Principado, para defrontar o Monaco. Resta saber como chegará a Juve a janeiro.
Napoli – 23.º (7 pontos)
O último capítulo da Itália europeia é o mais contraditório. O Nápoles de Conte brilha no campeonato, mas desilude na Champions: 7 pontos e uma diferença de golos negativa (-5), com apenas seis golos marcados e onze sofridos. É uma equipa de duas caras, um pouco como a Atalanta, mas com os torneios trocados: excelente na Serie A, irreconhecível na Europa.

A derrota no Estádio da Luz, frente ao Benfica, foi o espelho do problema: não se trata tanto da qualidade do adversário, mas sim de atitude, de intensidade. A sensação geral é que o Nápoles pode decidir o seu próprio destino, mas até agora não o fez.
As próximas duas jornadas tornam-se, assim, uma dupla final: primeiro, deslocação à Dinamarca, ao terreno do Copenhaga; depois o Chelsea, no Maradona, num jogo que será quase certamente de tudo ou nada. Para subir à faixa 9.º-16.º são precisas duas vitórias e alguns resultados favoráveis. Para entrar nos playoffs, basta menos, desde que haja vontade, convicção e presença.
