Reveja aqui as principais incidências da partida
Análise ao jogo: O principal que retiramos deste jogo é, acima de tudo, a união e a capacidade de resiliência que a equipa demonstrou. Mesmo num momento em que estamos menos habituados a jogar sem bola e em organização defensiva, a equipa conseguiu aplicar muito bem o plano de jogo, do início ao fim. Nas nossas competições nacionais, somos uma equipa dominante na posse, mas contra o Barcelona, isso é extremamente difícil. Este mérito é ainda maior tendo em conta o pouco tempo de preparação que tivemos para este encontro. Isso permitiu-nos acreditar e crescer ao longo do jogo, como já tinha dito ontem, para acreditar cada vez mais num resultado diferente. O início da segunda parte foi excelente. Também tivemos uma boa oportunidade na primeira parte que não conseguimos concretizar. É precisamente aí que está o problema: nestas pequenas oportunidades de que falei ontem, era necessário um nível de eficácia muito elevado. Infelizmente, esse nível não foi o que desejávamos. A vitória do Barcelona não está em causa, mereceram ganhar e fizeram tudo para isso. Contudo, com a justiça ou injustiça do futebol, poderíamos ter tido um resultado diferente. Tivemos oportunidades para estar a vencer por 2-1 com este excelente início de segunda parte. Depois, houve aquilo que não chamaria de quebra, mas sim uma falta de concentração e de reação, que permitiu ao Barcelona marcar dois golos em quatro minutos. Estes dois golos são algo fortuitos: um autogolo com a bola a ressaltar e entrar, e um lance de bola parada que acaba perdido na área. São naturalmente fruto do mérito da equipa que os criou, mas deixam-nos um sabor amargo por termos sofrido estes dois golos desta forma na segunda parte.
Grande jogo de Lena Pauels: Sim, é verdade, a Lena Pauels fez um bom jogo, tal como as 16 ou 20 jogadoras que participaram pelo Benfica. É normal que, quando uma guarda-redes faz tantas defesas, e defesas importantes, a sua prestação seja mais notada. No entanto, toda a equipa esteve bem. Todas mostraram resiliência, trabalho, espírito de sacrifício e qualidade quando tínhamos a bola. Para mim, como treinador, é muito difícil destacar ou individualizar uma jogadora. Contudo, não posso ignorar o óbvio: ela esteve presente, cumpriu o seu papel em campo e merece, naturalmente, todos os parabéns pela excelente exibição.
Golo marcado: "Não seria justo da minha parte dizer que isso nos penalizou ao ponto de retirar o mérito ao Barcelona, que fez o que era necessário para alcançar este resultado. O Barcelona teve muitas oportunidades para marcar. Se não concretizaram, também foi graças ao nosso mérito defensivo no último terço, à defesa da área e à prestação da nossa guarda-redes. O futebol é mesmo assim. Tivemos o nosso momento na segunda parte, conseguimos empatar, o que deu um novo impulso e uma energia diferente à equipa. Estivemos perto de marcar o segundo golo numa excelente oportunidade, o que poderia ter mudado completamente o rumo do jogo nesta fase final, mas faz parte do futebol. Penso que não faz muito sentido procurar justiça ou injustiça. Sinto muito orgulho pelo que conseguimos frente a uma equipa que marca, em média, quase cinco golos por jogo e já soma mais de 70 golos esta época. Se não estou em erro, é a única vez que o Benfica joga contra o Barcelona e sofre tão poucos golos. Este resultado mostra o que as jogadoras conseguiram fazer em campo: esta disciplina tática e organização coletiva. Ao sair desta campanha da Liga dos Campeões frente ao Barcelona, tirando o jogo contra o Chelsea, que também é de altíssimo nível, este foi o encontro mais equilibrado em termos de resultado. É uma equipa que venceu o Bayern Munique por 7-1, ganhou 3-0 ao Leverkusen, 4-0 à Roma e 4-0 ao Real Madrid na Liga espanhola. É uma equipa habituada a marcar muitos golos, e esse poder ofensivo torna a defesa muito difícil. Por isso, só valoriza ainda mais o trabalho que a nossa equipa realizou hoje para alcançar este resultado. Não é o resultado que desejávamos, pois sabíamos que era preciso vencer para manter o sonho de chegar aos play-offs. Apesar disso, nunca devemos esquecer a força do adversário e temos de valorizar muito o trabalho das nossas jogadoras.
Eliminação da Liga dos Campeões: "Quando um objetivo de época não é alcançado, nenhuma equipa sai mais forte imediatamente a seguir. Tínhamos um objetivo claro. Sabíamos que chegar a esta jornada com apenas um ponto tornava a tarefa muito difícil, pois defrontar o Barcelona e o Paris Saint-Germain nas duas últimas jornadas, depois de termos deixado escapar as nossas hipóteses antes, seria sempre muito complicado. Apesar de tudo, não baixámos os braços. Viemos com um objetivo muito claro: fazer um bom jogo para somar pontos, e se possível os três pontos, porque depois da jornada de ontem, só os três pontos nos interessavam. No entanto, penso que nenhuma equipa pode sair desmoralizada depois da exibição que fizemos aqui, contra aquilo que, na minha opinião, é atualmente a melhor equipa de futebol feminino do mundo. Por isso, não creio que saiam daqui com esse peso. É uma equipa triste por já não poder chegar aos play-offs, mas muito orgulhosa do que conseguiu, especialmente neste jogo, pela prestação que teve".
