João Neves, o improvável melhor marcador do Paris Saint-Germain

João Neves durante o jogo frente ao Bayern Munique.
João Neves durante o jogo frente ao Bayern Munique.FRANCK FIFE/AFP

O médio português João Neves, símbolo da juventude ambiciosa do PSG, continua a surpreender e a marcar, sendo uma mais-valia importante na receção ao Tottenham na Liga dos Campeões esta quarta-feira (20:00).

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Entre os regressos de lesão das últimas semanas, o de João Neves passou algo despercebido, mas foi provavelmente tão relevante como os restantes.

Com apenas 21 anos, a energia e eficácia deste jogador, apesar do seu físico pouco imponente (1,74 m), são fundamentais para uma equipa campeã da Europa que tem tido dificuldades em reencontrar o nível da época passada.

Depois de uma lesão no isquiotibial, o ex-Benfica teve de esperar desde meados de setembro até ao final de outubro, assistindo aos resultados irregulares dos colegas: derrota frente ao Marselha (1-0), empates com o Lille (1-1) e o Estrasburgo (3-3)... e os seus primeiros minutos após o regresso, entrando já com o jogo a decorrer, foram frustrantes frente ao Lorient (1-1) e ao Bayern Munique (derrota 2-1).

A forma de João Neves
A forma de João NevesFlashscore

No entanto, o seu regresso ao onze coincidiu com vitórias frente ao Nice (1-0), Lyon (3-2) e Le Havre (3-0). Não foi propriamente coincidência...

João Neves complementa-se com o outro médio de transição, Fabian Ruiz, mais alto e mais lento. Com a camisola sempre por dentro dos calções – um hábito que manteve da sua formação no sul de Portugal –, é incansável na recuperação, tecnicamente evoluído e inteligente a encontrar linhas de passe. O único sinal dos seus 21 anos é ainda recorrer bastante ao maestro Vitinha, que joga um pouco mais recuado.

Uma espécie de avançado de área

Outro contributo essencial e vistoso são os golos. Dos três médios, João Neves é agora quem melhor aplica os princípios de chegada à área promovidos pelo treinador Luis Enrique, já com seis golos esta época em apenas nove jogos disputados. Por agora, é o melhor marcador do PSG.

O português destacou-se especialmente com um hat-trick extraordinário no final de agosto frente ao Toulouse (6-3): dois pontapés de bicicleta e um remate de longe ao ângulo superior.

Não se ficou por aí e também marcou para reacender a esperança frente ao Bayern, garantiu a vitória ao Lyon nos instantes finais e ainda dilatou a vantagem contra o Le Havre.

Bicicletas, remates de longe, golos de cabeça e à ponta de lança: João Neves mostrou um repertório digno de um verdadeiro número 9. Contou que treina gestos de finalização desde criança nos relvados de Tavira (sul de Portugal), e ainda hoje o faz nos treinos no Campus PSG. "Procuro ser inteligente" nos movimentos, explicou também.

A época passada também foi notável em termos estatísticos, com sete golos e 10 assistências. Talvez seja precisamente nas "assistências" que João Neves possa melhorar este ano, já que ainda não conseguiu nenhuma. No entanto, frente ao Le Havre, algumas das suas jogadas resultaram em passes de golo, desperdiçados pelos colegas.

João Neves revela uma determinação impressionante, como quando afirmou sem hesitar, antes dos oitavos de final da Liga dos Campeões frente ao Liverpool na época passada, que o PSG era uma equipa superior… e depois confirmou-o em campo (0-1, 1-0, qualificação nos penáltis).

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"É um dos melhores jogadores da equipa neste momento. Não importa quem marca, queremos é vencer", afirmou na terça-feira o avançado do PSG Khvicha Kvaratskhelia.

No balneário, falar as quatro línguas usadas no grupo (português, francês, espanhol e inglês) fez com que fosse rapidamente uma figura central entre os colegas.

Fora dos relvados, não tem receio de se envolver em causas sociais. Num vídeo produzido pelas autoridades portuguesas em meados de novembro, João Neves incentivou os compatriotas a inscreverem-se nos cadernos eleitorais para as presidenciais de janeiro.