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De uma favela do Rio de Janeiro às estrelas da Liga dos Campeões, a história de Alexsandro Victor de Souza Ribeiro tem todos os ingredientes de um conto de fadas que o futebol moderno torna possível.
O protagonista é um defesa-central alto e robusto (1,91 metros, 92 quilos) de 25 anos, que evoluiu a bom ritmo até formar a dobradiça central inamovível do Lille com Bafodé Diakité.
Sob o comando de Bruno Génésio, o brasileiro ganhou uma nova dimensão, realizando grandes exibições nos principais palcos da Europa, nomeadamente contra o Real Madrid (1-0), e mantendo-se sólido na Ligue 1.
"A nova equipa que nos acompanha permitiu-nos progredir em várias áreas novas, e toda a gente se apercebeu: atingimos um nível assustador, quer seja na construção ou nos duelos", diz Bafodé Diakité. "Estou a tentar aprender com ele. Estamos a fazer bons progressos e estou feliz por estar com ele", acrescentou.
Uma casa para a família
Alexsandro já o disse muitas vezes desde que chegou ao Norte de França, em julho de 2022: percorreu um longo caminho. De uma infância passada com os seus quatro irmãos na pobreza dos bairros de lata, onde recolhia resíduos de plástico para reciclar e vender, até à Liga 2 com o Chaves, aprendeu cedo a trabalhar arduamente.
Até conseguir realizar um "sonho", "pôr a (sua) família num abrigo". "Estão confortavelmente instalados numa casa que lhes pude oferecer", revelou em dezembro de 2023.
"Quando cheguei ao Lille, estava apreensivo, porque vinha do campeonato português, mas com o passar dos meses, com a minha evolução, com o meu trabalho e sacrifícios diários, sinto que sou mais importante para o clube. Isso deixa-me muito orgulhoso", contou.
Na época passada, sob o comando de Paulo Fonseca, Alexsandro teve por vezes momentos de desatenção, erros de julgamento e até mesmo falhas que mancharam desempenhos encorajadores.
Desde então, "amadureceu", observou Lucas Chevalier. "No início, pode ter parecido uma aposta, mas ele tornou-se uma parte muito importante da equipa", disse o guardião da seleção francesa. "É claro que há sempre coisas que precisam de ser corrigidas, mas ele evoluiu tecnicamente e também em sua serenidade".
"Precisa de melhorar a sua concentração"
Alexsandro pode ser tímido nas suas aparições nos meios de comunicação social, mas é uma força a ter em conta nos relvados da Ligue 1 e da Liga dos Campeões, onde a sua vontade de vencer é contagiante numa equipa que está há 21 jogos sem perder, um recorde na história do clube.
"Ele tem um lado muito guerreiro, quando é preciso manter o resultado, quando é preciso lutar. Ele irradia energia e isso dá força a todos, mesmo que às vezes seja um pouco rude e mande bolas para o chão. Gosto disso", disse o guarda-redes.
Lucas Chevalier está a rir-se disso, mas certamente não é o caso de todos os adeptos do Stade Pierre-Mauroy, a quem Alexsandro dá suor frio com alguns lances perigosos, especialmente um contra o Nice no sábado (2-1). Um sinal de progresso.
"Ele preenche todos os requisitos do que procuramos num defesa central hoje em dia: é bom com a cabeça, move-se muito rapidamente, é muito agressivo nos duelos e é capaz de sair com bola, quer através de passes que quebram linhas, quer através da sua condução de bola", elogia Bruno Génésio.
"Penso que ele ainda precisa de melhorar a sua concentração e a sua análise de certas situações se quiser ter um desempenho ainda melhor", acrescentou o treinador.
Como todos os seus companheiros de equipa, Alexsandro enfrenta agora um dos maiores desafios da sua carreira: defrontar o Liverpool, que domina o seu campeonato e a Europa, em Anfield. O Lille vai precisar do seu "guerreiro".
