O português José Mourinho continua a ser idolatrado pelos adeptos do Chelsea, apesar de ter deixado o clube há uma década e treinado vários rivais, incluindo agora o Benfica, adversário na Liga dos Campeões.
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Em redor do estádio de Stamford Bridge, em Londres, onde os blues recebem esta terça-feira os encarnados para a segunda jornada da fase de liga da Champions, os adeptos são unânimes nas opiniões positivas.
"Para mim, ele continua a ser o special one. Foi ele que começou a história deste Chelsea", afirmou Mahdi à agência Lusa.
Mourinho foi campeão da Primeira Liga com o Chelsea nas épocas 2004/05, o primeiro título dos blues em 50 anos, 2005/06 e 2014/15.
Nos dois períodos em que liderou a equipa, também conquistou três Taças da Liga inglesa, uma Supertaça e uma Taça de Inglaterra, pelo que é identificado com uma "era dourada" do clube.

"Foram grandes tempos. Naquela altura tínhamos estilo a jogar, quer ganhássemos ou perdêssemos", recorda Paul, outro adepto.
Mourinho "tinha atitude, e isso tirava muita pressão aos jogadores", valorizou, embora também tenha visto de perto o mau feitio do português.
Em 2015, contou, ganhou uma visita ao campo de treinos em Cobham, no sudoeste de Londres, onde conheceu os jogadores e equipa técnica.
"Ele estava chateado porque o (guarda-redes, Thibaut) Courtois tinha-se lesionado", ri-se, mostrando uma fotografia da equipa com um Mourinho maldisposto.
A presença de Mourinho ainda é sentida no estádio. A sua imagem figura em fotografias de celebrações, em vídeos projetados sobre a loja do clube e em dois retratos emoldurados na sala de imprensa.
"É claro que sempre serei um blue. Faço parte da história deles e eles fazem parte da minha história. Ajudei-os a tornarem-se um Chelsea maior e eles ajudaram-me a tornar-me um José maior", disse Mourinho na segunda-feira, na conferência de imprensa de antevisão do jogo.

Contudo, a relação sem sempre foi pacífica. Se na primeira vez que voltou a Stamford Bridge como adversário, em 2010, aos comandos do Inter de Milão, foi recebido com afeto pelos adeptos, o ambiente foi mais crispado nas visitas aos comandos dos rivais Manchester United e Tottenham.
Em 2017, alguns adeptos do Chelsea chamaram-lhe "Judas", ao que Mourinho respondeu erguendo três dedos, um por cada título da liga que conquistou para o clube.
Oito anos mais tarde, o treinador adota um tom mais mais modesto, desvalorizando o gesto que fez há oito anos e também a reação no estádio.
"Não penso sentir nenhum tipo de antagonismo", adiantou, revelando que é abordado frequentemente por pessoas na rua para lhe pedirem fotografias e autógrafos quando se passeia na área, onde ainda possui uma casa.
Alguns adeptos acreditam que as suas experiências mais recentes o mudaram.
"Ele regressa com algumas cicatrizes", comentou Mike, outro adepto, referindo-se às saídas conturbadas do Manchester United, Tottenham, Roma e, mais recentemente, do Fenerbahçe.
Antes de ser contratado pelo Benfica, onde substituiu Bruno Lage há três semanas, o técnico português foi despedido do Fenerbahce.
Mourinho também foi demitido do Chelsea, em dezembro de 2015, após uma série de maus resultados, e as saídas do Manchester United, Tottenham e Roma também foram forçadas e azedas.
"É um Mourinho diferente, menos arrogante. Mas acho que os adeptos vão recebê-lo bem", disse à Lusa o adepto Mike.
Esta admiração transcende nacionalidades.
Lorenzo, um adepto italiano, resume o sentimento geral: "Ele faz a diferença onde quer que vá. Se não for a curto prazo, tem impacto a longo prazo."
Para ele, a conclusão é clara: "Mourinho pode ser controverso, mas o regresso dele a Portugal vai ser bom para o futebol e para o país."