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Há mais dois ingleses no Marselha, Angel Gomes e CJ Egan-Riley, mas mesmo tendo o primeiro estado presente na conferência, os jornalistas britânicos que marcaram presença na manhã de segunda-feira no Vélodrome só quiseram saber de Greenwood.
A história é conhecida. Apontado como um dos maiores talentos do futebol inglês, internacional aos 19 anos, Greenwood foi acusado em janeiro de 2022 de violência doméstica e tentativa de violação. As acusações foram entretanto retiradas.
Suspenso pelo clube onde jogava desde os seis anos, Greenwood acabou por deixar o Manchester United e Inglaterra em agosto de 2023, após um ano e meio sem competir, antes de relançar a carreira no Getafe e depois no Marselha, onde brilha há 16 meses (33 golos e nove assistências em 52 jogos).

No Marselha, Greenwood parece realizado e leva uma vida discreta, rodeado pelo pai sempre presente e pela jovem que o acusou e com quem acaba de ter o segundo filho.
"Alguém diferente"
Desportivamente, voltou ao mais alto nível, mas Inglaterra não parece disposta a reabrir-lhe as portas. "Não está nos nossos planos para a seleção", garantiu em setembro Thomas Tuchel, o treinador alemão dos Três Leões.
Também em Marselha, a chegada de Greenwood foi tema de debate. Antes da assinatura do jogador, o presidente da câmara, Benoît Payan, classificou o seu "comportamento como inqualificável, inaceitável" e considerou a sua contratação "um erro grave".
Questionado regularmente sobre o tema, o treinador do Marselha, Roberto De Zerbi, sempre descreveu o seu avançado como "uma boa pessoa" e voltou a dizê-lo na segunda-feira.
"Não me meto na vida privada dos jogadores. Só sei que o Mason é um bom rapaz. Pagou caro pelo que aconteceu e encontrou aqui o ambiente de que precisava", afirmou De Zerbi.
"Tem um caráter algo reservado, discreto, introvertido. Conheço bem a família dele e são boas pessoas. Lamento o que lhe aconteceu, porque conheço alguém diferente do que é descrito, sobretudo em Inglaterra", acrescentou o técnico.
Jogador completo
Também questionado sobre um possível regresso do número 10 do Marselha à seleção ou a Inglaterra, Angel Gomes, que fez a formação no Manchester United com Greenwood, foi ainda mais evasivo.
"Não falo disso com ele. Falamos de Call of Duty, de FIFA ou de futebol, mas não dos seus objetivos. A nossa relação não é essa. É um colega e um amigo, conheço-o desde os seis anos. É um tipo porreiro e diverte-se em campo, é ótimo vê-lo assim", resumiu.
Quando Greenwood se diverte em campo, o resultado é o que se tem visto desde o início da época: um avançado com uma visão de jogo apurada, sempre decisivo e imprevisível para os defesas, que nunca sabem se vai sair para o pé esquerdo ou direito. Apesar de bater todos os penáltis com o direito, confessou na sexta-feira ao canal Ligue 1 + que é... canhoto. Mas além das suas qualidades habituais, o inglês, de ar descontraído, tem-se mostrado cada vez mais empenhado no trabalho defensivo.
"O Greenwood está a evoluir. Não se pode manter sempre a mesma intensidade durante 90 minutos. Cabe-nos a nós acompanhá-lo, mas sobretudo a ele querer fazer esse esforço", explicou De Zerbi na sexta-feira sobre o tema.
"Não lhe digam muito, não escrevam muito sobre isso, mas acredito sinceramente que está a tornar-se um jogador completo", acrescentou o treinador do Marselha.
