Recorde as incidências da partida

O Toluca sagrou-se bicampeão do futebol mexicano após uma final de cortar a respiração, resolvida numa longa e emotiva série de penáltis, concluída por Alexis Vega, ícone e jogador formado no clube, que esteve um mês e meio afastado devido a uma lesão grave que o deixou fora da fase decisiva do campeonato e de toda a liguilha até esta finalíssima.
Os Diablos Rojos alcançam um bicampeonato desejado desde o início deste Apertura 2025, adicionando a sua 12.ª estrela à história e consolidando uma grandeza que já poucos ousam contestar. Um título que tiveram de arrancar ao Tigres, uma equipa poderosa e de grande investimento, que tem vivido recentemente a melhor fase da sua existência.
Foi uma final que começou a ser disputada antes mesmo do apito inicial, com decisões de Antonio Mohamed e Guido Pizarro que ecoaram no léxico futebolístico do país. O Turco deixou o guarda-redes Hugo González no banco após o erro cometido no jogo da primeira mão, que deu a vitória ao Tigres, apostando em Luis García; uma decisão que se revelaria determinante. Do outro lado, a presença de André Pierre Gignac trouxe nostalgia aos adeptos felinos, mas não deixou de surpreender ver Nicolas Ibáñez no banco.
Um duelo estratégico, com duas mentes pensantes no comando e opções de sobra para alterar o rumo de qualquer encontro, desenrolou-se no relvado do Nemesio Diez, onde uma bancada repleta e pintada de vermelho começou a empurrar os seus desde muito antes da finalíssima. Assim se construiu um enredo apaixonante que o futebol mexicano irá valorizar durante muito tempo.
O ímpeto apaixonado do Toluca
Esse apoio fez-se sentir, mesmo perante uma adversidade que poucos previam. Um golo do uruguaio Fernando Gorriarán na primeira parte colocou o resultado global em 0-2 e parecia que o caminho para a nona estrela da formação de Monterrey se abria sem oposição, enquanto os Diablos Rojos tentavam fazer valer o seu fator casa.
No entanto, impulsionado pelos seus adeptos e pelo desejo de ser bicampeão, o Toluca encontrou no brasileiro Helinho, um extremo que, se quiser, pode dominar a Liga num ápice, a chave para incomodar a equipa de Pizarro. Motivados pelo ímpeto escarlate e, talvez, condicionados pela vantagem de dois golos, os felinos recuaram no terreno e deixaram de conseguir defender-se com bola.

Esse contexto acabou por dar a Helinho um cenário onde a sua capacidade de drible se soltou sem limites. Um remate potente de pé esquerdo ao segundo poste de Nahuel Guzmán restabeleceu a igualdade e fez o 1-2 num agregado que deixou de ser intransponível, devolvendo a esperança aos adeptos do Toluca
Com os nervos à flor da pele, ambas as equipas perceberam rapidamente que era fundamental controlar a narrativa do jogo. Sem se encolherem e sem vontade de acalmar os ânimos, a tensão foi aumentando entre insultos e entradas duras. O intervalo acabou por ser uma pausa mais emocional do que física, precisamente quando várias discussões começavam a atingir outro patamar de agressividade.
A segunda parte foi dominada desde o início pelos Diablos Rojos, que perceberam ter o controlo mental do encontro. Bastaram sete minutos após o reatamento para Paulinho, um avançado já de referência no México, deixar a sua marca no marcador e incendiar uma bancada já de si caótica. O 2-2 no agregado confirmou o que os prognósticos antecipavam: uma final equilibrada.
Os nervos em primeiro plano
Depois de mostrarem as suas armas e com marcas físicas visíveis, ambas as equipas tentaram impor-se pela vontade de ser campeãs, mas já sem a frescura física que ia desaparecendo com o passar dos minutos. Para complicar ainda mais, a ansiedade coletiva da bancada foi-se instalando no relvado, onde a intensidade se foi dissipando e o tempo parecia prender os sentidos.
Após um mês e meio sem competir devido a lesão, a entrada de Alexis Vega, figura emblemática e jogador da formação do Toluca, foi provavelmente o ponto alto do segundo tempo em termos emocionais. Contudo, sem ritmo competitivo, o internacional mexicano pouco conseguiu fazer para se inscrever na lista dos marcadores.
O final do encontro, aguardado por todos, levou a um prolongamento no mesmo tom, sem que nenhuma das equipas conseguisse impor-se e com os ânimos a cederem perante o nervosismo. Entre cãibras, sinais de cansaço e olhares perdidos, a grande final da Liga MX cumpriu o seu papel de espetáculo quando se confirmou a decisão por penáltis.
Uma série de penáltis inesquecível
Com a respiração suspensa, o país assistiu a 24 penáltis batidos em 12 rondas, vendo todos os jogadores a rematar, incluindo os dois guarda-redes, que defenderam os penáltis um do outro. Mas, como se de um guião se tratasse, a defesa de Luis García ao remate de Ángel Correa, campeão do mundo pela Argentina, abriu o caminho para Alexis Vega no seu regresso após 45 dias sem competição.
Com a classe que sempre demonstrou, Vega converteu o seu segundo penálti da série de forma magistral e desencadeou a loucura numa bancada que finalmente pôde respirar normalmente e gritar de boca aberta, já sem tentar conter as lágrimas que brotavam das gargantas apertadas.
O Toluca continua a viver uma festa que começou há seis meses e que, sem margem para dúvidas, pretende prolongar o tempo que for necessário, agora que deixou claro a todos que a fome do Diablo é insaciável.
