Reveja aqui as principais incidências da partida

Num futebol de emoções onde o estatuto de herói é volátil e numa semana pode passar facilmente a vilão existem dois nomes que acabam por ser consensuais neste Benfica que parece estar a entrar em fase de graça novamente depois de resultados menos conseguidos: Pavlidis e Aursnes.
E se o grego tem sido o herói de várias epopeias ao longo da temporada com os golos que marca, o norueguês nem sempre é a personagem principal das sagas, mas a consistência é um porto seguro durante as convulsões.
Depois de uma exibição de gala contra o Nápoles, irrepreensível estrategicamente, o Benfica volta à realidade doméstica para uma tribulação que podia acabar em tragédia. A visita a Moreira de Cónegos é tradicionalmente difícil, com apenas uma vitória em cinco jogos disputados, que datava de agosto de 2021, e desta vez sem margem de erro. Essa pressão pode ajudar a explicar uma exibição menos conseguida do Benfica no primeiro tempo, com o Moreirense a conseguir controlar a posse de bola e os encarnados a sentirem dificuldades para incomodar André Ferreira.
Contudo, é nas grandes dificuldades que aparecem os heróis e no primeiro remate enquadrado com a baliza adversária, o primeiro golo: Aursnes cruzou da direita, de forma milimétrica, e Pavlidis cabeceou no centro da área, sem marcação para abrir o ativo.

Complicava-se o jogo para o Moreirense que antes do intervalo viu Vasco Sousa sair lesionado (não abona nada de bom) e no regresso dos balneários viu tudo ficar pior quando Enzo Barrenecha recuperou a bola, Aursnes encontrou Pavlidis (57’) e o grego desferiu o segundo golpe certeiro.
E entre as narrativas épicas nórdicas e helénicas há espaço para um ditado bem português. Não há duas sem três. Outro erro do Moreirense, Pavlidis (70’) aproveitou a oferta de Gilberto Batista para completar o hat-trick e isolar-se como o melhor marcador do campeonato, com mais dois golos que Luis Suárez.
Quando tudo parecia escrito nesta epopeia grega, eis que nos virámos para a saga nórdica, do herói discreto. Depois de assistir duas vezes, Aursnes aproveitou nova falha garrafal de André Ferreira e picou a bola por cima do guardião adversário para fazer o 4-0 e fechar o jogo com nota artística.
Celebrar a epopeia grega ou cantar a saga nórdica? Pouco importa aos adeptos encarnados. Segunda maior vitória da era Mourinho, segundo triunfo consecutivo sem sofrer e os rivais continuam em ponto de mira.
Homem do jogo Flashscore: Vangelis Pavlidis (Benfica).

