Análise: Mourinho persegue a vitória 750 da carreira com um Benfica em ascensão

Mourinho, treinador do Benfica
Mourinho, treinador do BenficaMiguel Lemos/ZUMA Press Wire / Shutterstock Editorial / Profimedia

O Benfica de José Mourinho atravessa o melhor momento da época, sustentado por uma notória evolução coletiva, crescimento individual de várias figuras e uma aposta firme na formação. À porta de um novo desafio na Taça de Portugal, o Special One procura a 750.ª vitória da carreira.

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"Quem é o treinador que diz não ao Benfica?"

Vinte e cinco anos depois de se estrear como treinador principal no Benfica, numa aventura que durou apenas 76 dias, José Mourinho regressou ao ponto de partida para assumir o comando de um dos "maiores clubes do mundo".

Uma pausa que deu frutos

O técnico português aterrou em Lisboa com um discurso confiante, determinado a revitalizar um Benfica fragilizado e em fim de ciclo sob o comando de Bruno Lage. O início, contudo, não foi simples. As dificuldades fizeram-se sentir sobretudo nas competições europeias, com três derrotas pesadas na Liga dos Campeões frente a Chelsea (1-0), Newcastle (3-0) e Bayer Leverkusen (0-1), sem que a equipa conseguisse marcar qualquer golo.

O empate frente ao Casa Pia (2-2), na Luz, acendeu sinais de alarme, mas a pausa internacional de novembro acabou por servir de bálsamo para as dores de crescimento do novo projeto encarnado.

A forma recente do Benfica
A forma recente do BenficaFlashscore

Desde então, o Benfica somou sete jogos consecutivos sem derrotas, incluindo duas vitórias cruciais na Liga dos Campeões, ambas sem golos sofridos. A recuperação devolveu esperança aos adeptos na prova milionária e, a nível interno, a luta pelo título nacional continua bem viva, com a equipa a demonstrar maior solidez e confiança sob a liderança do “Special One”.

Reinvenção tática

Com poucas opções em relação a extremos puros, José Mourinho acabou por reinventar a equipa do ponto de vista tático.

O treinador passou a apostar em médios interiores nos corredores, como Aursnes e Sudakov, enquanto Leandro Barreiro tem ganho espaço nas costas do avançado. Com esta configuração, o Benfica tornou-se mais sólido no meio-campo e ganhou uma maior capacidade de controlar o jogo.

O raio de ação de Aursnes
O raio de ação de AursnesOpta by Stats Perform

Ainda assim, o modelo de jogo de Mourinho não é rígido. A equipa tanto é capaz de dominar completamente o adversário através da posse de bola, como de ceder a iniciativa e ser superior em outros aspetos do jogo, algo evidente nos dois últimos encontros, frente a Nápoles (2-0) e Moreirense (0-4).

Outro ponto que tem saltado à vista é a intensidade da pressão benfiquista no momento da perda ou recuperação da posse, fator que tem tornado o Benfica letal no último terço, onde Pavlidis se tem revelado absolutamente demolidor.

Pavlidis é o melhor marcador das águias
Pavlidis é o melhor marcador das águiasOpta by Stats Perform

Individual soma ao coletivo

O bom momento coletivo do Benfica justifica-se, naturalmente, pelo crescimento de vários jogadores a nível individual.

Richard Ríos, outrora visto como um flop, tem vindo a elevar significativamente o seu rendimento. Aursnes caminha a passos largos para assinar a sua melhor época de águia ao peito, tanto em golos como em assistências. Dahl tem resolvido o eterno “problema à esquerda” e Pavlidis atravessa a fase mais prolífica da carreira.

O mapa de passes de Ríos
O mapa de passes de RíosOpta by Stats Perform

Paralelamente, José Mourinho tem aberto a porta à formação, lançando e apostando em jovens talentos como João Veloso, Tiago Freitas, João Rego, Rodrigo Rêgo, Ivan Lima e José Neto, que começam a ganhar espaço na dinâmica da equipa principal.

Em suma, o Benfica respira confiança na antecâmara de mais uma cartada decisiva, desta vez na Taça de Portugal, onde visita o Farense, esta quarta-feira, em busca de um lugar nos quartos de final e da vitória número 750 da carreira de Mourinho.