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"Quem é o treinador que diz não ao Benfica?"
Vinte e cinco anos depois de se estrear como treinador principal no Benfica, numa aventura que durou apenas 76 dias, José Mourinho regressou ao ponto de partida para assumir o comando de um dos "maiores clubes do mundo".
Uma pausa que deu frutos
O técnico português aterrou em Lisboa com um discurso confiante, determinado a revitalizar um Benfica fragilizado e em fim de ciclo sob o comando de Bruno Lage. O início, contudo, não foi simples. As dificuldades fizeram-se sentir sobretudo nas competições europeias, com três derrotas pesadas na Liga dos Campeões frente a Chelsea (1-0), Newcastle (3-0) e Bayer Leverkusen (0-1), sem que a equipa conseguisse marcar qualquer golo.
O empate frente ao Casa Pia (2-2), na Luz, acendeu sinais de alarme, mas a pausa internacional de novembro acabou por servir de bálsamo para as dores de crescimento do novo projeto encarnado.

Desde então, o Benfica somou sete jogos consecutivos sem derrotas, incluindo duas vitórias cruciais na Liga dos Campeões, ambas sem golos sofridos. A recuperação devolveu esperança aos adeptos na prova milionária e, a nível interno, a luta pelo título nacional continua bem viva, com a equipa a demonstrar maior solidez e confiança sob a liderança do “Special One”.
Reinvenção tática
Com poucas opções em relação a extremos puros, José Mourinho acabou por reinventar a equipa do ponto de vista tático.
O treinador passou a apostar em médios interiores nos corredores, como Aursnes e Sudakov, enquanto Leandro Barreiro tem ganho espaço nas costas do avançado. Com esta configuração, o Benfica tornou-se mais sólido no meio-campo e ganhou uma maior capacidade de controlar o jogo.

Ainda assim, o modelo de jogo de Mourinho não é rígido. A equipa tanto é capaz de dominar completamente o adversário através da posse de bola, como de ceder a iniciativa e ser superior em outros aspetos do jogo, algo evidente nos dois últimos encontros, frente a Nápoles (2-0) e Moreirense (0-4).
Outro ponto que tem saltado à vista é a intensidade da pressão benfiquista no momento da perda ou recuperação da posse, fator que tem tornado o Benfica letal no último terço, onde Pavlidis se tem revelado absolutamente demolidor.

Individual soma ao coletivo
O bom momento coletivo do Benfica justifica-se, naturalmente, pelo crescimento de vários jogadores a nível individual.
Richard Ríos, outrora visto como um flop, tem vindo a elevar significativamente o seu rendimento. Aursnes caminha a passos largos para assinar a sua melhor época de águia ao peito, tanto em golos como em assistências. Dahl tem resolvido o eterno “problema à esquerda” e Pavlidis atravessa a fase mais prolífica da carreira.

Paralelamente, José Mourinho tem aberto a porta à formação, lançando e apostando em jovens talentos como João Veloso, Tiago Freitas, João Rego, Rodrigo Rêgo, Ivan Lima e José Neto, que começam a ganhar espaço na dinâmica da equipa principal.
Em suma, o Benfica respira confiança na antecâmara de mais uma cartada decisiva, desta vez na Taça de Portugal, onde visita o Farense, esta quarta-feira, em busca de um lugar nos quartos de final e da vitória número 750 da carreira de Mourinho.
