Reveja aqui as principais incidências da partida

Criatividade. Capacidade de criar, inventar. Uma palavra em foco neste Benfica. Os analistas advogam a falta dela, Bruno Lage aponta na direção do coletivo, a SAD contrata um criativo (Sudakov). E por esta discussão, mais ou menos acesa, o Benfica vai prosseguindo uma caminhada histórica, sem derrotas em oito jogos oficiais (sete triunfos e um empate), sem sofrer golos, e com 12 marcados.
E consegue porque tem a qualidade para ser pragmático. Este domingo regressou a Alverca após um hiato de 21 anos. Bancadas bem compostas, essencialmente de vermelho, Vinícius Júnior a assistir ao primeiro projeto em que investiu no mundo do futebol, e muita rotação nas opções de Bruno Lage, com Samuel Soares a assumir a baliza, António Silva e Pavlidis a ficarem no banco perante um conjunto ribatejano ainda à procura do primeiro triunfo no regresso aos grandes.
O Benfica dominou com naturalidade e chegou ao golo com casualidade. Numa jogada de insistência, Enzo Barrenechea cabeceou a bola para a área, Sergi Gómez trapalhão deixou a bola nos pés de Schjelderup que, isolado, colocou no fundo das redes.
A vantagem acentuou o domínio do Benfica, chegou a ter 73% de posse de bola, mas continuava a faltar algo aos encarnados. Os minutos iam passando, o relógio já passava da meia hora e pese embora a muita circulação em torno da área, não havia ameaças para o estreante Mateus Mendes. No outro lado, o Alverca ia ameaçando por Nouzzi e Chiquinho, mas Samuel Soares disse sempre presente.

E se faltava criatividade, voltava o pragmatismo. Aos 44 minutos, em mais uma circulação por fora, Dedic recebeu de Enzo, encarou dois adversários, passou e rematou rasteiro para o fundo das redes. Dois remates enquadrados, dois golos. Qualidade que permite o pragmatismo.
Desconcentração
O jogo, de facto, parecia resolvido. E talvez isso ajude a explicar a desconcentração com que o Benfica entrou, pese embora o aviso de Amorim na última jogada do primeiro tempo para nova grande defesa do habitual suplente encarnado. Richard Ríos viu um amarelo na primeira jogada da partida, em seguida travou Marezi à entrada da área e arriscou-se ao segundo. Na sequência do livre, Samuel Soares voou para defender a bola de Chiquinho.
A magia de Schjelderup, que tirou um adversário no caminho e acertou no poste, aos 53 minutos, foi a ruptura com o pragmatismo vigente.
Um marasmo que acabou por ser abanado aos 70 minutos. Chiquinho voltou a arrancar e a ser travado por Dedic. O mesmo filme tinha acontecido aos 18 minutos e resultado em cartão amarelo, na repetição o desfecho não mudou: nova cartolina e expulsão para o bósnio.
De repente, o Alverca cresceu. Lincoln, Chissumba, Sandro Lima e Gonçalo Esteves foram lançados por Custódio, Bruno Lage tentou proteger-se com António Silva, numa altura em que já tinha Florentino Luís no lugar de Richard Ríos.
Instalou-se o cerco ribatejano, onde a vontade imperava sobre a qualidade. E foi nessa insistência que David Gui (85’) apareceu na área e rematou para o fundo das redes. Pela primeira vez esta época, o Benfica sofreu um golo e preparava-se para um final nervoso de jogo.
No final, foi tudo uma questão de qualidade. O Benfica respirou de alívio com três difíceis pontos, o Alverca lamentou uma derrota onde sonhou com mais.
Homem do jogo Flashscore: Tomás Araújo (Benfica).
