Jogadores do Tondela e do Académico Viseu em ação de reflorestação em Vouzela

Bebeto, jogador e capitão do Tondela, na ação de reflorestação
Bebeto, jogador e capitão do Tondela, na ação de reflorestaçãoPAULO NOVAIS/LUSA

Cinco centenas de carvalhos-alvarinhos foram esta quarta-feira plantados na mata do Castelo de Vouzela, no distrito de Viseu, para dar uma nova vida a um território que foi consumido pelas chamas nos incêndios de 2017.

Alunos de escolas do concelho, jogadores do Clube Desportivo de Tondela e do Académico de Viseu, sapadores florestais, autarcas e representantes da Fundação do Futebol/Liga Portugal e da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões - num total de uma centena de pessoas - pegaram nas enxadas e deram o seu contributo para uma floresta mais resiliente.

O presidente da Câmara de Vouzela, Carlos Oliveira, lembrou que, pouco tempo depois dos incêndios de 2017, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve no local a arrancar à mão os eucaliptos que, entretanto, tinham proliferado pela mata.

O senhor Presidente da República esteve cá numa ação simbólica de arranque de eucaliptos, uma vez que havia uma densidade muito grande desse tipo de espécie no território. Hoje estamos a fazer uma ação completamente diferente, de reflorestação, com recurso a espécies autóctones”, explicou.

Os 500 carvalhos-alvarinhos foram plantados numa área inserida nos mais de 40 hectares da mata do Castelo, em plena Rede Natura 2000 e no Parque Natural Local Vouga-Caramulo.

Queremos continuar a dar vida para termos mais atrativos num território de baixa densidade. Queremos que as pessoas venham e sintam o valor paisagístico da floresta como um ativo do nosso concelho”, frisou o autarca aos jornalistas.

A escolha da espécie prendeu-se com a sua resiliência: “Demora mais tempo a crescer, mas é muito mais resistente ao atravessamento dos incêndios. Tivemos diversas áreas de carvalho e de castanheiro que foram atravessadas pelos incêndios que recuperaram mesmo depois de ardidas e estão completamente vivas nesta altura”.

O secretário executivo da CIM, Nuno Martinho, explicou que esta ação de reflorestação se insere no âmbito da consolidação do projeto europeu Life Nieblas.

Fizemos um conjunto de plantações com espécies autóctones em que a rega era feita através de uns coletores de neblina. Voltámos cá há cerca de ano e meio para fazer essa plantação e hoje novamente”, contou.

O capitão do Tondela, Bebeto, foi um dos jogadores que fez questão de estar presente, por considerar que a solidariedade é importante para atingir os objetivos, não só no que respeita ao futebol, mas também ao meio ambiente.

Eu faço a minha parte, os meus amigos fazem a dele e todos juntos nós seremos mais fortes. Neste ambiente aqui é muito importante essa união de todos, cada um faz o seu papel e todos vão ser beneficiados”, disse aos jornalistas.

O capitão do Académico de Viseu, Luís Silva, que hoje plantou uma árvore pela primeira vez, sublinhou a importância de os clubes se associarem a este tipo de iniciativa.

O Académico é mais do que um clube de futebol, representa uma região e nós temos a responsabilidade de estar presentes nestas ações, de ajudar a comunidade”, considerou.

Martim Lourenço, aluno do 10.º ano, recordou aos jornalistas os momentos de “muita tensão” vividos pela sua família nos incêndios de 2017.

Não conseguíamos dormir porque havia a preocupação do fogo. A minha avó e o meu tio tinham terras que foram muito afetadas. Tiveram de vir para nossa casa para não acontecer o pior”, contou aos jornalistas.

Por isso, hoje quis dar o seu contributo para melhorar o que as chamas destruíram.

A natureza é das coisas mais importantes, porque sem ela não conseguimos viver”, frisou.