O treinador do Benfica fez a antevisão do jogo com o Rio Ave, em atraso da primeira jornada da Liga Portugal. Mourinho elogiou os vila-condenses, abordou os rumores que envolvem a contratação e a saída de Bruno Lage, confirmou a presença de Lukebakio no banco e falou sobre hipotéticos convites de FC Porto e Sporting.
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Rio Ave: “Espero um adversário que é melhor do que os pontos que conquistou até agora. Observámos o Rio Ave e em diversos jogos, principalmente nos três primeiros, foram muito melhor equipa que os pontos traduzem. Tem treinador, organização, sabe o que quer, tem jogadores, para não dizer todos, de boa qualidade. Vale o que vale, mas 24 horas a mais para prepararem o jogo. Espero um jogo difícil, em que obviamente precisamos do fator casa, porque quando isso joga é uma ajuda importante. A equipa está a crescer. Do ponto de vista tático é gradual e progressivo, mas do ponto de vista emocional, uma conexão com os adeptos que o façam sentir em casa, que esqueçam os dois últimos jogos em casa e olhem para a equipa com a mesma positividade que eu olho… Podia ser importante para um adversário que é difícil”.
Surpresas: "Enquanto adversário fui honesto comigo próprio ao assumir que estava a jogar contra uma boa equipa, com bons jogadores. Se for comparar a primeira fase do Benfica, onde estavam os jogos dos play-offs da Liga dos Campeões, com os últimos dois, três jogos, há ali uma contradição. O Benfica tem bons jogadores e coisas boas que vieram do passado. Não é minha intenção ir à procura de coisas negativas e se fosse, não era fácil de encontrar. Está aqui um bom trabalho feito. Nós treinadores temos todos ideias diferentes. É importante que abracem com alegria e confiança as novas ideias, porque quando se muda de treinador, o que sofre mais é o que sai, mas os jogadores que ficam também têm um processo que não é muito agradável. Têm de se adaptar, meter coisas novas. Por isso eu sempre disse para ter calma e introduzir coisas devagar. Não tenho surpresas, mas posso-me enganar e tenho a sensação que estão a abraça a minha maneira de trabalhar, de liderar, os conceitos que estamos a introduzir e isso para mim é importante. Não somos os melhores amigos, conhecemos há quatro, cinco dias, mas estamos a construir qualquer coisa do ponto de vista humano. Do ponto de vista tático temos de ir a pouco e pouco”..
Contratação: “É uma resposta com apelo. Se quiserem acreditar ótimo, se não quiserem eu não posso fazer nada. Eu digo a verdade, podem dizer que é a minha, depois há a verdade de outras pessoas que foram intoxicadas com mentira. Vou repetir para que não fiquem dúvidas: No verão eu não tive contacto nenhum com o Benfica, com o presidente, com nenhum agente. Como sabe, o diretor Mário Branco não estava sequer no Benfica. Tinha contrato com o Fenerbahçe e queria cumprir até ao final e na minha cabeça estava longe de pensar que podia voltar a Portugal como treinador de clube. Sempre pensei que a Seleção ia acontecer, podia acontecer o Roberto ser campeão do mundo, sair em grande e eu poder entrar. A minha carreira estava a ir nessa direção. Tive zero contactos com o Benfica. É verdade que há anos, não consigo enquadrar no tempo, tive contactos com o Benfica, tinha clube e não se proporcionou nesse momento. Depois da entrada do diretor-geral e esse tipo de ligação que tentam fazer… Para me tornar grande amigo de uma pessoa que conheço no futebol é difícil. Se em pouco tempo, num ano, construímos algo de importante entre nós é porque do outro lado estava uma pessoa séria, um profissional sério, que quando veio para o Benfica e houve 25% de possibilidade de joga com o Fenerbahçe, o contacto acabou. Não houve mais até ao fim dessa eliminatória. Quando o Benfica perdeu três pontos com o Qarabag, estava em Barcelona com a minha mulher e no dia seguinte foi o presidente que me ligou a perguntar se valia a pena conversar. Eu nem sabia da decisão. Disse que podíamos conversar. Acabou a história. Se quiserem acreditar, agradeço. Se querem acreditar em fantasia, noutras coisas, alimentar uma história sem história… Não posso fazer nada”.

Pavlidis e Ivanovic: “Cada jogo é um jogo. Cada jogo tem uma estratégia. Se há 20, 25 anos já tinhamos um abordagem especifica para cada jogo, imaginem agora com toda uma estrutura de apoio e análise que nos permite olhar para cada jogo. Obviamente que não quis desvirtuar muito que eles eram enquanto equipa, mas havia coisas, sem criticar e dizer que estavam mal, eu gosto de coisas diferentes. Gostando de coisas diferentes, sem querer desvirtuar muito, sem querer dar muita informação, sem ter muito trabalho de cmapo, porque acredito mais nisso do que nas reuniões tático-estratégicas, foram introduzidas algumas coisas. Timings da pressão, movimentos ofensivos, posse estabilizada, transições. Conceitos normais que se o Bruno Lage fosse para o Fenerbahçe também ia alterar algumas coisas. Tentei dar um bocadinho de dinâmica ofensiva diferente à equipa. Confesso que não os senti muito confortáveis a jogar num 4x4x2 flat, pensámos em dar um tipo de ocupação de espaço que possa ter os dois confortáveis com o que têm de fazer em campo. O Sudakov também se encontrou bem na dinâmica e na segunda parte as coisas correram melhor”.
Financeiro: “Se ficasse em casa até ao final da época, ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. É simples. Se ficasse em casa a usufruir da família, a dar umas voltas por aí, ganhava mais. Nem sequer se pode dizer que estou cá grátis, estou cá a negativo. E perguntam porquê? Porque gosto muito de trabalhar, porque tinha saudades de jogar para o que o Benfica joga, de jogar para o título. Não joguei para o título na Roma, no Fenerbahçe, tinha saudades. É uma oportunidade ótima para mim enquanto treinador e enquanto pessoa. Estar em casa não é para mim, pôr-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar e a perder, a num dia ser bom e noutro dia ser péssimo, são coisas que me alimentam. Bem sei que uma mentira repetida pensam que é verdade, neste caso a verdade é só uma: se ficasse em casa até junho ganhava mais do que a trabalhar no Benfica”.
Estreia na Luz: “Fui ao estádio da Luz várias vezes, principalmente em momentos bons do Benfica. Nunca vou a estádios quando os momentos não são bons. Só gosto de ir numa box, escondida, onde estavam os pais do António Silva, João Neves, gente boa. Estou familiarizado, queiras ou não queiras aprendes as músicas. Esse tem de ser o ambiente. Não acredito que haja um benfiquista que não queira ganhar, se calhar sou ingénuo. Tem que haver festa no princípio, apoio durante e no final, o Benfica ou ganha, ou não ganha, mas sai morto de cansaço, fadiga, de tentar. E quando isso acontece as coisas não correm bem para nós e para as pessoas. Perder como perdemos contra o Qarabag, as pessoas não se identificam com isso. Antes do jogo festa, durante o jogo apoio e no fim festa ou respeito por quem deu tudo”.
Surpresa na equipa: “Isto é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do mundo, carradas de experiência ao mais alto nível que é o capitão (Otamendi). Há clubes onde o capitão leva a braçadeira, mas não é. É de quem tem mais jogos do clube, de alguém com a nacionalidade do clube, mas aqui está no braço de alguém que se assume como capitão. O que me surpreendeu favoravelmente é quem vem da formação, inclusive jogadores que estiveram no banco no último jogo, o Gonçalo Oliveira e o Diogo Priste que nem ao banco fora, vêm com a escola Benfica, com positividade, responsabilidade. Aquele grupinho que falei, de miúdos, são muito fortes no balneário, mesmo os que não têm jogado e estão num estado inferior da formação. É agradecer à formação, é trabalho deles e eu tenho de agradecer”.
Voz: "É a voz de trabalho. Quando me vêm bronzeado é do trabalho. É de passar informação constantemente, de estar numa fase em que os adjuntos têm de ir crescendo com a equipa, tenho de conhecer melhor o Ricardo Rocha. Estou a assumir tudo em mãos, depois reuniões de análise ao adversário, à nossa exibição. Falo muito, mas em 2,3 dias a coisa recupera. Isto está sempre em evolução, nunca é estático. A pré-época é onde treinamos duas, três vezes ao dia, é o período que constrói as bases, mas depois há sempre progresso. Na preparação deste jogo, há coisas que preparámos para o jogo anterior que passam, mas o Rio Ave joga diferente do AFS e temos que nos adaptar a isso. Honestamente, a empatia que estamos a criar entre nós pode acelerar o processo”.
Lukebakio: “O Benfica perdeu, entre aspas, Akturkoglu e Bruma. Precisava de um ala, que foi bem escolhido, porque dá opção de jogar pela direita e esquerda. Uma idade e experiência mais equilibrado possível. Nem demasiado jovem, nem acima dos 30 anos. Está na idade perfeita de maturidade e equilíbrio. É um jogador com grande potencial, não estávamos à espera que pudesse jogar amanhã, estávamos a preparar para o jogo com o Gil Vicente, mas com esta abertura, retardámos o processo de preparação dele para o termos amanhã. Vai estar no banco e se tiver que ir a jogo, vai a jogo”.

Convite do FC Porto ou Sporting: “A pequena conversa que tive com Villas-Boas e Varandas foi simples. 'Muita sorte e que acabes em segundo', é o normal. Se tivesse sido convidado por eles, se teria aceite? Não sei, mas com a velocidade e condições que disse sim ao Benfica? Não”.
Fenerbahçe: “Passa-me ao lado, não tenho qualquer tipo de relação. Se me perguntarem se estou feliz com a não reeleição? Não estou. Se estaria feliz com a reeleição? Não estarei. Foi pouco tempo, com pouca empatia e paixão. Ótima relação com os jogadores que lá ficaram, que tudo lhes corra bem e nada mais que isso”.
Candidatos presidenciais: “Não conversei, nem acho que o deva fazer. Sou treinador do Benfica, foco no Benfica, na minha missão. Acho que os presidentes, as direções são os representantes dos milhões de adeptos dos clubes e é para esses milhões que devo trabalhar. Se me perguntar se fiquei agradado e recebi com simpatia e orgulho o facto de candidatos terem proferido algumas palavras de respeito pela minha pessoa enquanto treinador? Sim. Mas completamente isolado desse contexto. Dar o máximo cada dia e neste momento é o presidente Rui Costa que aqui está, foi ele que deu um grande passo para me convidar a trabalhar no Benfica. E vai ser assim. Eu não sou importante. Agora ao início é normal toda esta coisa, mas acho que é uma coisa com o passar dos dias se deve atenuar, apagar, e o foco é o Benfica”.