Recorde as incidências do encontro
Já há quem lhe chame clássico e, pela intensidade destes jogos, este é um jogo que pode claramente entrar nessa categoria. Nem sempre bem jogado, com algumas picardias e casos de arbitragem que podem ou não gerar comunicados nas próximas horas, dependendo da cor e da vontade dos intervenientes. Vontade essa que, dentro das quatro linhas, não faltou.

SC Braga jogou à grande e virou o guião ao contrário
O SC Braga vinha ferido depois de ver a boa fase terminar com uma derrota diante do Gil Vicente, que impediu os minhotos de subir ao quarto lugar da Liga, e mesmo perante o melhor Benfica da época, algo reconhecido pelo próprio Mourinho antes da partida, não se encolheu e, tal como fez a espaços a FC Porto e Sporting, dominou os encarnados.

A entrada bracarense foi fortíssima e podia mesmo ter resultado em golo - Ricardo Horta rematou ao lado, de fora da área, e João Moutinho quase fez o primeiro aos sete minutos, num lance que gerou protestos por falta para penálti sobre o internacional português.
Mourinho não gostava do que via e o Benfica continuava com dificuldades na pressão. Barreiro, de volta ao onze encarnado, foi chamado junto ao banco do Special One para ajustar a forma como a equipa defendia e houve uma melhoria evidente, não sem antes haver um golo anulado a Ricardo Horta (18') por falta sobre Otamendi. Apesar das juras do internacional português, o toque foi suficiente para que o VAR validasse mais uma decisão complicada de João Gonçalves em menos de 20 minutos de jogo.
Depois desse lance, o Benfica conseguiu finalmente encontrar a estabilidade dos últimos jogos e até a jogar em alguns períodos no meio-campo bracarense, com Richard Ríos (26') a dar o primeiro sinal de alerta a Hornicek antes de Otamendi (29') abrir o marcador de cabeça, num livre cobrado de forma exímia por Sudakov, novamente com Moutinho a protestar um empurrão de Barrenechea.
O 0-1 no marcador era o ponto perfeito para que o Benfica conseguisse passar a ter o controlo do jogo a pensar já em gelar a primeira parte antes das indicações de Mourinho ao intervalo, mas o SC Braga obrigou o Special One a riscar as notas do bloco e não tardou a reagir com golo. Zalazar (38') fez o 1-1 de penálti, castigando a mão de Dahl, que depois de dois erros claros acabou mesmo por comprometer a equipa encarnada.
O ritmo estava frenético e a equipa de Carlos Vicens voltou a ter o comando na mão para virar o marcador com uma jogada digna dos melhores momentos de FIFA (ou EAFC, para os mais novos). Pau Víctor aproveitou um corte incompleto de Ríos e fez uma série de simulações na área benfiquista, deixando Otamendi no relvado a ver o espanhol fazer o 2-1 antes da ida para os balneários. Um golo de craque a virar o jogo ao contrário.
Da bomba à polémica
Apesar do ritmo da primeira parte e de alguns erros individuais, com Dahl à cabeça, nenhum dos treinadores mexeu ao intervalo (na verdade, ambos fizeram alterações mais tarde do que o habitual), mas a partida mudou de figura rapidamente. Aursnes (53') disparou uma bomba na direção da Pedreira e fez o 2-2 com um golaço sem hipóteses para Hornicek, noutro lance que gerou protestos por falta não assinalada sobre Ricardo Horta no início da jogada, mas que também foi validado pelo VAR.
Se as instruções de Mourinho já teriam, à partida, contribuído para o crescimento do Benfica na segunda parte, o golo ajudou a motivar ainda mais os encarnados e empurrou o SC Braga para perto da baliza de Hornicek, que evitou o 2-3 de Tomás Araújo com uma grande intervenção e fez o mesmo mais tarde, na tentativa de redenção de Dahl. Pelo meio, golo bem anulado a Pavlidis (66') por fora de jogo.
O jogo estava rasgadinho e as polémicas não ficaram por aqui e surgiram todas na área bracarense. Aursnes pediu penálti por mão de Arrey-Mbi e, minutos mais tarde, Dahl teve o 2-3 anulado depois de uma falta assinalada a Richard Ríos sobre Vítor Carvalho que motivou muitos protestos.
Os constantes acontecimentos e as paragens motivaram finalmente os treinadores a mexer, ficando evidente que o empate não era suficiente para as ambições dos dois clubes, mas um desperdício gigante de Aursnes, já na pequena área, acabou mesmo por colocar uma pedra na corrida do Benfica ao título. Caso o FC Porto vença, são já 10 pontos de prejuízo para as águias, que ainda acabaram o jogo em superioridade numérica por expulsão de Ricardo Horta.
Homem do jogo Flashscore: Aursnes (Benfica)

