Perfil: Rui Patrício, guardião imponente que se distinguiu de quinas ao peito

Rui Patrício recebeu camisola especial das mãos de Pedro Proença
Rui Patrício recebeu camisola especial das mãos de Pedro ProençaRODRIGO ANTUNES/LUSA

Rui Patrício foi um guarda-redes que sobressaiu pela presença na baliza e pela postura calma numa carreira de duas décadas como futebolista profissional, na qual se sagrou campeão europeu por Portugal, em 2016, e que encerrou oficialmente esta sexta-feira.

Com a cerimónia decorrida na Cidade do Futebol, em Oeiras, o guardião pousou as luvas aos 37 anos, após um percurso em que se tornou o mais internacional de sempre na baliza da seleção portuguesa, com 108 internacionalizações, e o segundo jogador com mais partidas oficiais pelo Sporting – 467 -, marca apenas superada pelo magriço Hilário – 474.

Vencedor de um Campeonato da Europa (2016) e de uma Liga das Nações (2019) por Portugal, o esquerdino de 1,90 metros trilhou uma carreira umbilicalmente à de Paulo Bento, treinador que o lançou no Sporting, na época 2006/07, e na seleção nacional, em 17 de novembro de 2010, na goleada à Espanha, no Estádio da Luz, em Lisboa (4-0).

Nascido em Leiria, em 15 de fevereiro de 1988, Rui Pedro dos Santos Patrício deu os primeiros pontapés na bola no Leiria e Marrazes, na época 1997/98, como jogador de campo, antes de aceitar defender a baliza, lugar em que viria a captar a atenção do Sporting, emblema que o recrutou na época 1999/00, para a equipa sub-13.

Internacional pelas seleções jovens de Portugal desde o escalão sub-16, enquanto cumpria a formação na academia de Alcochete, infraestrutura inaugurada em 2002, Rui Patrício passou a integrar o plantel principal leonino na época 2006/07, com 18 anos, e estreou-se na Liga portuguesa em 19 de novembro de 2006.

Face à indisponibilidade dos dois guarda-redes acima na hierarquia, Ricardo e Tiago, o jovem leiriense foi titular perante o Marítimo, no Funchal, e foi decisivo para segurar o triunfo verde e branco por 1-0, ao defender uma grande penalidade cobrada por Kanú, aos 75 minutos.

Apesar da contratação do internacional sérvio Vladimir Stojkovic para a época seguinte, Rui Patrício assumiu de vez a titularidade da baliza do Sporting a partir de novembro de 2007, voando para uma carreira em que viria a conquistar duas edições da Taça de Portugal, duas Supertaças e uma Taça da Liga de leão ao peito.

Apesar dos pontuais erros, o guarda-redes manteve sempre a confiança de Paulo Bento e, depois da convocatória para o Euro-2008, mas sem utilização, foi o titular de Portugal nos cinco jogos do Euro-2012, mantendo esse estatuto no Euro-2016, no Mundial-2018 e no Euro-2020.

Os números de Rui Patrício
Os números de Rui PatrícioFlashscore

Em 2016, no Europeu realizado em França, o leiriense foi totalista pela equipa das quinas e sobressaiu quer por defender o penálti de Kuba Blaszczykowski, no desempate com a Polónia, nos quartos de final, quer pela exibição protagonizada na final, diante da seleção anfitriã.

A segurança a sair da baliza e as várias defesas aparatosas, nomeadamente aquela que travou um remate de Gignac nos instantes finais do tempo regulamentar, foram contributos decisivos para Portugal vencer no prolongamento (1-0) e sagrar-se pela primeira vez campeão europeu, numa noite que lhe valeu a alcunha de São Patrício.

Essa final disputada em 10 de julho de 2016, no Stade de France, em Paris, foi o auge de uma carreira que viria a sofrer uma guinada no final da época seguinte, quando já era capitão do Sporting e principal referência do plantel então treinado por Jorge Jesus.

Os erros cometidos na derrota perante o Marítimo (2-1), no Funchal, em 13 de maio de 2018, na 34.ª e última jornada da Liga portuguesa, custaram aos leões o segundo lugar e o apuramento para a Liga dos Campeões da época seguinte, despertando a ira dos adeptos, que se viria a traduzir na invasão à academia de Alcochete dois dias depois, com agressões a jogadores pelo meio.

Rui Patrício cumpriu o último jogo como leão na derrota com o Desportivo das Aves (2-1), na final da Taça de Portugal, em 20 de maio, e foi o primeiro jogador a rescindir unilateralmente o contrato com o Sporting na sequência da invasão, rumando na época seguinte ao Wolverhampton, treinado pelo português Nuno Espírito Santo.

Após cumprir 127 jogos oficiais pela formação da Liga inglesa, Rui Patrício mudou-se para a Roma em 2021/22, para ser orientado por outro técnico luso, José Mourinho, e conquistou a edição inaugural da Liga Conferência na conclusão dessa época, jogando na final com os neerlandeses do Feyenoord (1-0).

O internacional português cumpriu 129 jogos oficiais em três temporadas na capital italiana, antes de rumar à Atalanta, no início da época 2024/25, e ao Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, último clube de uma carreira onde se notabilizou pela presença entre os postes e pela forma serena de estar em campo.