Com a cerimónia decorrida na Cidade do Futebol, em Oeiras, o guardião pousou as luvas aos 37 anos, após um percurso em que se tornou o mais internacional de sempre na baliza da seleção portuguesa, com 108 internacionalizações, e o segundo jogador com mais partidas oficiais pelo Sporting – 467 -, marca apenas superada pelo magriço Hilário – 474.
Vencedor de um Campeonato da Europa (2016) e de uma Liga das Nações (2019) por Portugal, o esquerdino de 1,90 metros trilhou uma carreira umbilicalmente à de Paulo Bento, treinador que o lançou no Sporting, na época 2006/07, e na seleção nacional, em 17 de novembro de 2010, na goleada à Espanha, no Estádio da Luz, em Lisboa (4-0).
Nascido em Leiria, em 15 de fevereiro de 1988, Rui Pedro dos Santos Patrício deu os primeiros pontapés na bola no Leiria e Marrazes, na época 1997/98, como jogador de campo, antes de aceitar defender a baliza, lugar em que viria a captar a atenção do Sporting, emblema que o recrutou na época 1999/00, para a equipa sub-13.
Internacional pelas seleções jovens de Portugal desde o escalão sub-16, enquanto cumpria a formação na academia de Alcochete, infraestrutura inaugurada em 2002, Rui Patrício passou a integrar o plantel principal leonino na época 2006/07, com 18 anos, e estreou-se na Liga portuguesa em 19 de novembro de 2006.
Face à indisponibilidade dos dois guarda-redes acima na hierarquia, Ricardo e Tiago, o jovem leiriense foi titular perante o Marítimo, no Funchal, e foi decisivo para segurar o triunfo verde e branco por 1-0, ao defender uma grande penalidade cobrada por Kanú, aos 75 minutos.
Apesar da contratação do internacional sérvio Vladimir Stojkovic para a época seguinte, Rui Patrício assumiu de vez a titularidade da baliza do Sporting a partir de novembro de 2007, voando para uma carreira em que viria a conquistar duas edições da Taça de Portugal, duas Supertaças e uma Taça da Liga de leão ao peito.
Apesar dos pontuais erros, o guarda-redes manteve sempre a confiança de Paulo Bento e, depois da convocatória para o Euro-2008, mas sem utilização, foi o titular de Portugal nos cinco jogos do Euro-2012, mantendo esse estatuto no Euro-2016, no Mundial-2018 e no Euro-2020.

Em 2016, no Europeu realizado em França, o leiriense foi totalista pela equipa das quinas e sobressaiu quer por defender o penálti de Kuba Blaszczykowski, no desempate com a Polónia, nos quartos de final, quer pela exibição protagonizada na final, diante da seleção anfitriã.
A segurança a sair da baliza e as várias defesas aparatosas, nomeadamente aquela que travou um remate de Gignac nos instantes finais do tempo regulamentar, foram contributos decisivos para Portugal vencer no prolongamento (1-0) e sagrar-se pela primeira vez campeão europeu, numa noite que lhe valeu a alcunha de São Patrício.
Essa final disputada em 10 de julho de 2016, no Stade de France, em Paris, foi o auge de uma carreira que viria a sofrer uma guinada no final da época seguinte, quando já era capitão do Sporting e principal referência do plantel então treinado por Jorge Jesus.
Os erros cometidos na derrota perante o Marítimo (2-1), no Funchal, em 13 de maio de 2018, na 34.ª e última jornada da Liga portuguesa, custaram aos leões o segundo lugar e o apuramento para a Liga dos Campeões da época seguinte, despertando a ira dos adeptos, que se viria a traduzir na invasão à academia de Alcochete dois dias depois, com agressões a jogadores pelo meio.
Rui Patrício cumpriu o último jogo como leão na derrota com o Desportivo das Aves (2-1), na final da Taça de Portugal, em 20 de maio, e foi o primeiro jogador a rescindir unilateralmente o contrato com o Sporting na sequência da invasão, rumando na época seguinte ao Wolverhampton, treinado pelo português Nuno Espírito Santo.
Após cumprir 127 jogos oficiais pela formação da Liga inglesa, Rui Patrício mudou-se para a Roma em 2021/22, para ser orientado por outro técnico luso, José Mourinho, e conquistou a edição inaugural da Liga Conferência na conclusão dessa época, jogando na final com os neerlandeses do Feyenoord (1-0).
O internacional português cumpriu 129 jogos oficiais em três temporadas na capital italiana, antes de rumar à Atalanta, no início da época 2024/25, e ao Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, último clube de uma carreira onde se notabilizou pela presença entre os postes e pela forma serena de estar em campo.
