Em Lisboa, na Web Summit, Peter Keynon, antigo diretor executivo do Chelsea e atual conselheiro da escuderia da Fórmula 1 Williams, saudou o regresso do técnico natural de Setúbal ao futebol português e ao Benfica.
“Eu quero que o José Mourinho tenha sucesso e quero que seja no Benfica. Acho que ele é ótimo para o Benfica e espero que o clube seja bom para ele. O futebol português sempre foi. Acho que ele sempre teve um desempenho acima da média do país. Se olharmos para os jogadores portugueses pela Europa e pelo mundo, penso que ele se encaixa perfeitamente”, afirmou o britânico.
Depois de ter protagonizado a palestra ‘Reinventando o legado: Dentro do negócio do desporto de elite’, o diretor executivo dos ‘blues’ entre 2003 e 2009 só teve elogios para Mourinho.
“Eu sou um grande fã dele e um grande amigo. Acho que ele é distinto (‘game changer’) e, genuinamente, acredito que pode vir a ter muito sucesso no Benfica e no futebol português”, salientou.
Instado a escolher um agente do futebol num monolugar de Fórmula 1, Kenyon voltou a destacar o atual treinador do Benfica.
“O Mourinho é de outra categoria. Quando chegou a Inglaterra, foi o primeiro da nova geração e eu acreditei nisso. Não foi fácil, a envolvência nunca foi favorável, mas acabou por correr bem por ter sido feito pelos motivos certos. Ele mudou o rumo e lançou as bases para os 15 anos de sucesso do Chelsea e não apenas para os dois anos e meio que lá esteve. De certeza. Ele mudou a cultura”, vincou.
Um dos mais influentes administradores da Premier League dos anos 2000 enalteceu o impacto do setubalense na competição.
“Ele sabia o que era ganhar e incutiu isso em alguns bons jogadores que nunca tinham ganhado e mudou a dinâmica. Mas ele teve um impacto maior no futebol inglês e, sinceramente, espero que ele consiga reerguer o Benfica”, rematou.
Antes de ter rumado ao Chelsea, Kenyon desempenhou funções idênticas no Manchester United, atualmente orientado pelo português Ruben Amorim, a quem identificou um “enorme desafio”.
“Acho que as pessoas não compreendem o quão difícil e o quão grande é o Manchester United. É uma envolvência muito diferente e penso que chegou o momento de reconstruir a sua cultura. Não se trata apenas de contratar um futebolista, mas sim descobrir o que vai fazer com que esta equipa volte a ser grandiosa”, referiu.
O britânico encontrou “sinais de que as coisas estão a melhorar” nos ‘red devils’, apontando o treinador português como “elemento-chave” nesta transformação.
“A exigência dos adeptos do United é enorme, ainda somos um dos maiores clubes do mundo e as expectativas são sempre gigantes. Mas, sem ver como adepto, estas coisas levam tempo. Não é um jogador ou um treinador que fazem a diferença, é todo o ambiente. Sei que todos estão a trabalhar nesse sentido, mas o futebol é julgado pelos resultados ao domingo e à quarta-feira. É difícil, mas tenho gostado da honestidade dele. Não foge à responsabilidade e espero que, entretanto, as coisas comecem a resultar”, explicou.
Apenas um ano após a chegada de Amorim a Old Trafford, Kenyon não hesitaria a manter a confiança no português.
“Não se pode fazer sem tempo. Não se pode dar um tempo infinito às pessoas. É preciso ver os resultados a começar a avançar na direção certa e acho encorajador que isso esteja a começar a acontecer. Mas é um ambiente difícil, a Premier League não é uma liga fácil e o tempo, no futebol, é brutal e raramente se tem”, concluiu.
Termina hoje a edição de 2025 da Web Summit, que, desde segunda-feira, juntou em Lisboa mais de 70.000 participantes, acima de 2.500 'startups' a exibir os seus produtos e serviços e mais de 1.000 investidores.
A Web Summit começou em Lisboa em 2016 e a sua realização está garantida até 2028.
