Análise: Lucas Bergvall é fundamental para ajudar o Tottenham a sair da sua má fase

Lucas Bergvall é fundamental para ajudar o Tottenham a sair da sua má fase
Lucas Bergvall é fundamental para ajudar o Tottenham a sair da sua má faseSportimage, Sportimage Ltd / Alamy / Profimedia

O Tottenham é atualmente o clube em maior crise na Premier League: eis porque acreditamos que Lucas Bergvall pode ser a chave para acabar com esta série negativa.

As últimas semanas têm sido complicadas para o Tottenham. Há pouco tempo, a equipa de Thomas Frank ocupava a 3.ª posição, mas apenas uma vitória nas últimas cinco jornadas da Premier League fez com que caíssem para o 12.º lugar, aumentando a pressão sobre o treinador.

A derrota por 1-2 frente ao Fulham foi bastante reveladora do rumo que a época está a tomar. Erros individuais custaram caro, resultando em mais um desaire caseiro e os apupos ecoaram pelo estádio do Tottenham Hotspur durante e após o encontro.

No entanto, nem tudo é negativo. Um jogador tem-se destacado entre toda esta onda de pessimismo: o jovem de 19 anos Lucas Bergvall, que pode ser a peça-chave para tirar o Tottenham deste momento difícil.

A classificação do Tottenham
A classificação do TottenhamFlashscore

Qual é o maior problema do Tottenham?

Os Spurs têm tido enormes dificuldades em criar oportunidades de perigo, e tudo começa no meio-campo. Frank não dispõe de muitas opções no centro que consigam fazer a bola chegar rapidamente ao ataque.

No início da época, utilizava João Palhinha e Rodrigo Bentancur como dupla de meio-campo. Ambos são excelentes a recuperar bolas, fisicamente fortes e com boa leitura de jogo, mas dificilmente alguém os descreveria como “rápidos” ou “criativos”.

À frente deles, com James Maddison e Dejan Kulusevski lesionados, Pape Sarr tem sido frequentemente utilizado como número dez. Sarr pressiona bem, mas, mais uma vez, não oferece a criatividade que o Tottenham tanto precisa.

Contra o Fulham, Frank tentou algo diferente, apostando num 4-4-2 e colocando Archie Gray ao lado de Palhinha. Não resultou e os Spurs conseguiram um xG de apenas 0,86 em 14 remates, dos quais só dois foram enquadrados com a baliza.

Xavi Simons era suposto ser o jogador criativo do Tottenham, mas o neerlandês ainda não se adaptou à Premier League, onde não tem aquele segundo extra para decidir como tinha na Bundesliga.

Em que é que Lucas Bergvall se destaca e poderá ser ele a solução?

A versatilidade de Bergvall é ao mesmo tempo uma vantagem e um desafio. O jovem sueco já atuou como médio defensivo, número dez e até extremo esquerdo, o que faz com que os seus números sejam algo dispersos.

Tem uma excelente perceção tática e gosta de fazer progredir o jogo com dribles ou passes que quebram linhas, controlando o ritmo da partida graças ao seu reconhecimento de espaços e domínio de bola de alto nível.

Contra o Fulham, jogou à esquerda no 4-4-2 do Tottenham e foi claramente o melhor em campo, não só ao assistir para o grande golo de Mohammed Kudus, mas também ao realizar seis passes para o último terço e apresentar uma taxa de acerto de passes longos de 100%, sendo ainda o jogador de campo mais preciso nos passes entre os que jogaram mais de 45 minutos (97%).

Em comparação com Gray e Palhinha no centro, nenhum deles criou uma única ocasião, embora tenham somado 14 ações defensivas entre ambos, mostrando que o foco principal era travar ataques e não construir jogo.

A última vez que Bergvall jogou como número dez ou médio-centro, as suas melhores posições, na Premier League, foi no empate 1-1 frente ao Wolves. Não foi um dia particularmente feliz para ele, nem para qualquer jogador do Tottenham.

Isso não significa que deva ser descartado. Existem fatores fora do controlo de Bergvall que explicam porque o Tottenham tem estado tão mal em casa, por isso talvez seja melhor olhar para o exemplo da vitória por 3-0 fora frente ao West Ham.

Bergvall foi eleito o melhor em campo nesse jogo, marcando e assistindo para o golo de Micky van de Ven. Foi uma verdadeira exibição de afirmação, com 40 toques na bola, quatro deles na área adversária, e seis passes para o último terço.

Como médio, Bergvall faz exatamente o que os Spurs precisam: faz a bola chegar rapidamente ao ataque e deveria ser utilizado nessa posição com maior frequência. Claro que isso pode deixar a equipa mais exposta, mas Frank precisa de arriscar mais do que nunca.

Conclusão

Quando Frank foi contratado, os adeptos do Spurs ficaram entusiasmados por terem um treinador capaz de se adaptar taticamente, o que é positivo, mas mudar constantemente de sistema e colocar jogadores fora das suas posições revela um técnico à procura de soluções.

O que o Tottenham precisa é de maior consistência. Não há problema em ajustar a marcação ou a pressão consoante o adversário, mas manter uma formação e um estilo durante alguns jogos seria sensato.

Fazer isso e apostar em Bergvall, alguém que consegue fazer a bola circular a uma velocidade que os colegas não conseguem, pode ser a receita para tirar os Spurs desta má fase.