Xavi Simons chegou ao Tottenham no verão, após várias semanas a ser cobiçado pelos rivais londrinos do Chelsea. O médio ofensivo destacou-se como um dos jogadores mais criativos da Europa durante o seu tempo no RB Leipzig.
Desde então, já realizou 11 jogos em todas as competições pela equipa de Thomas Frank, tendo contribuído apenas uma vez para um golo, ao assistir Pape Sarr no triunfo por 3-0 na Premier League frente ao West Ham.

Então, o que está a correr mal para o jovem de 22 anos no norte de Londres?
Uma mudança tática sob Thomas Frank
Existe uma estatística recorrente de que os jogadores vindos da Bundesliga não conseguem afirmar-se na Premier League. O principal escalão alemão é uma liga muito de transições, semelhante à Premier, mas com um ritmo muito mais acelerado. Jogadores como Xavi Simons não têm aquele segundo extra para decidir.
Os Spurs sofreram uma grande transformação com Thomas Frank. Na época passada, sob o comando de Ange Postecoglou, a equipa era excessivamente ofensiva, sacrificando qualquer tipo de solidez defensiva na tentativa, muitas vezes falhada, de marcar golos.
Thomas Frank tornou a equipa mais coesa defensivamente. O Tottenham está visivelmente mais organizado, compacto e com uma fisicalidade capaz de igualar qualquer outro conjunto da Premier League. Para mérito do treinador, a equipa ocupa atualmente o 3.º lugar, por isso a estratégia está a resultar.
Naturalmente, tal como aconteceu com Ange Postecoglou, foi preciso abdicar de algo para chegar aqui. Os Spurs estão neste momento em 12.º na criação de grandes oportunidades, com 17, 12.º em remates enquadrados por cada 90 minutos, com 3,7, e 13.º em xG, com 10.
O que têm feito bem é aproveitar as oportunidades que criam, com uma média de 1,9 golos por jogo e uma taxa de conversão de remates de 18,1%, a mais elevada da Liga. Ou seja, os Spurs criam como uma equipa de meio da tabela, mas finalizam como candidatos ao título.
Quem está a criar oportunidades para o Tottenham?
Até ao momento, Mohammed Kudus tem sido o principal criador do Tottenham, muito por ser ele a bater as bolas paradas. O internacional ganês já soma quatro assistências na Premier League, tem os cruzamentos mais precisos, com 19, a uma taxa de 28,28%.
Em resumo, os Spurs não procuram Simons tanto quanto ele gostaria e dependem cada vez mais das bolas paradas. Já conquistaram 56 cantos, igualando o Chelsea como segunda equipa com mais, mas ainda longe do Arsenal, que já teve 67.
Xavi Simons só tocou sete vezes na área adversária, o que mostra claramente que não tem sido encontrado nas zonas certas; na verdade, tem jogado muitas vezes sobre a esquerda, em vez de atuar na sua posição preferida de número dez.
Thomas Frank também tem mantido o duplo pivô, com Rodrigo Bentancur e João Palhinha, ambos excelentes a recuperar a bola, mas não tão eficazes a circular rapidamente a posse e a lançar o jogo com passes mais elaborados, o que volta a limitar a capacidade criativa de Simons.
O que diz Thomas Frank sobre Simons?
Publicamente, Thomas Frank tem continuado a defender o criativo neerlandês, tendo recentemente comparado as dificuldades de Simons às de Florian Wirtz, outro recém-chegado à Premier League que ainda não brilhou no Liverpool.
"Muito boa comparação com Wirtz, também um excelente jogador, tal como Xavi, que chega a um novo país, novo clube, nova cidade, precisa de tempo para se adaptar e isso faz parte do processo", afirmou Thomas Frank na semana passada.
"Somos todos avaliados em cada jogo, mas também é preciso olhar para o panorama geral. Procuro sempre sinais, e o Xavi, pedi-lhe para aparecer mais na área e, ao rever o jogo, ele fez isso. Houve algum momento de destaque? Não, mas houve sinais, por isso está a evoluir, ainda que lentamente, na direção certa", acrescentou o treinador.
Segundo Fabrizio Romano, Thomas Frank também tem apoiado Simons em privado e está plenamente consciente de que o criativo neerlandês precisa de tempo para se adaptar à nova Liga e cultura, tendo dito à GIVEMESPORT que o Tottenham não tem dúvidas sobre a sua qualidade e que, com tempo, será bem-sucedido.
Veredicto
É difícil culpar Xavi Simons totalmente pelas dificuldades recentes. A dependência do Tottenham nas bolas paradas e na organização defensiva, que não é necessariamente negativa, não favorece as principais características do jogador.
 
    