Ruben Amorim leva a sua equipa do Manchester Utd a Brentford no fim de semana, depois de uma vitória muito necessária por 2-1 contra o Chelsea.
Embora ainda vá demorar algum tempo até que os Red Devils possam dizer que deram a volta por cima sob o comando do português, se é que ele vai durar o tempo suficiente para que isso aconteça, vale a pena celebrar as pequenas vitórias entretanto.
Para quem gosta de um copo meio cheio, o facto é que o United está a apenas três pontos do segundo lugar da Premier League. No entanto, se o copo estiver meio vazio, estar na 11.ª posição no início do jogo e apenas três pontos acima dos Bees, que estão atualmente em quarto lugar, dá uma visão completamente diferente das coisas.
Pelo menos por enquanto, mesmo que os resultados sejam desfavoráveis, Amorim continua no cargo e, ao que parece, com o total apoio de Sir Jim Ratcliffe e da sua direção. Trata-se de uma grande decisão do proprietário, que talvez esteja disposto a ver como as coisas se desenrolam, simplesmente porque o treinador acredita total e absolutamente que o seu sistema acabará por dar certo.
Para lá chegar, há que tomar algumas decisões importantes, algumas das quais já foram tomadas.
Garnacho liderou uma limpeza de verão
Alejandro Garnacho foi recentemente vendido ao Chelsea, Antony foi emprestado ao Betis, enquanto Marcus Rashford, Rasmus Hojlund e Jadon Sancho foram emprestados. Ainda é cedo para saber se Amorim fez bem em dispensar os serviços de todos estes jogadores, embora pelo menos no caso de Sancho pareça que os problemas de atitude a que o antigo treinador Erik ten Hag aludiu ainda se mantêm.
O internacional inglês Rashford deu a Amorim e aos adeptos do United um lembrete oportuno do que é, com os seus dois golos contra o Newcastle na Liga dos Campeões. Uma exibição de MVP, que foi de acordo com o que o treinador, Hansi Flick, disse que vê "todos os dias nos treinos".
Ainda sem marcar na LaLiga, Rashford fez uma assistência - para Raphinha contra o Valência - mas foi rodado com outros durante as suas seis partidas pelo clube.
Criou outras 10 oportunidades e tem uma notável taxa de conclusão de passes na liga de 93,3%. Também é percetível o quanto ele trabalha fora da bola, correndo na pressão e incomodando os defesas como algo natural. O comportamento é completamente diferente do que se via em Old Trafford e é como se um peso lhe tivesse sido retirado.
A estreia de sonho de Hojlund no Nápoles
O mesmo pode ser dito de Hojlund, que marcou um golo aos 14 minutos da sua estreia pelo Nápoles contra a Fiorentina.
O dinamarquês foi muitas vezes doloroso de ver no Teatro dos Sonhos e, apesar de não ter marcado tantos golos como gostaria, pode facilmente argumentar que os seus companheiros nunca lhe deram o devido valor. O seu substituto, Benjamin Sesko, já está a descobrir isso.
A camisola do United pesa muito quando as coisas não correm bem, mas é preciso ter um pouco de bom senso.
Se o jogo natural de um avançado é chegar aos cruzamentos, porque é que se concebe um sistema em que se pede a ele que corra para as bolas por cima? Isso mostra que simplesmente não houve lógica e não é próprio de supostos treinadores de classe mundial. Por conseguinte, esperar algo mais do que o que Hojlund proporcionou a Ten Hag e Amorim seria intrinsecamente errado.
Antony está a crescer no Betis
Antony é outro que está a florescer longe de Old Trafford, e a sua época de estreia no Estádio Benito Villamarín não podia ter corrido melhor.
Nove golos e cinco assistências em 26 jogos colocaram-no como o terceiro melhor marcador do Betis, sendo apenas superado por Cedric Bakambu (10 golos e quatro assistências) e Isco (12 golos e 11 assistências).
O que torna os números do brasileiro ainda mais impressionantes é o facto de ter tido apenas meia época para causar estragos nas várias competições, uma vez que só chegou ao clube da LaLiga no final de janeiro de 2025. Na metade da época anterior, alguns meses sob a tutela de Amorim, conseguiu um único golo e nenhuma assistência, embora num período de tempo muito mais reduzido.
Embora o seu índice de eficácia de passe no United tenha atingido 89,2%, esse valor é um pouco enganador, pois apenas teve em conta os 74 passes que fez na Taça da Liga Inglesa. Se compararmos o desempenho no campeonato, também aqui Antony melhorou, com 84% de eficácia de passe, superior aos 81,4% do United. Tal como os outros jogadores, é a liberdade com que está a jogar que parece ser a maior diferença.
Será que a culpa é mesmo dos jogadores?
Scott McTominay era o mesmo e foi eleito o melhor jogador da Serie A pelo Nápoles, apesar de ter sido Ten Hag a decidir que o dínamo do meio-campo não era suficientemente bom. Se Rashford e outros tiverem uma história de sucesso semelhante à do escocês esta época, quando é que vai haver uma conversa honesta sobre o elefante na sala em Old Trafford...?
