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Análise: Porque é que Estêvão tem de ser titular no Chelsea

Estêvão, avançado brasileiro de 18 anos do Chelsea
Estêvão, avançado brasileiro de 18 anos do ChelseaProfimedia

Depois de um arranque fulgurante no Chelsea, Estêvão já apresenta argumentos sólidos para ser titular regular sob o comando de Enzo Maresca.

O jovem de 18 anos concretizou a sua aguardada transferência para o Chelsea no verão, pouco mais de um ano após o clube da Premier League ter chegado a acordo com o Palmeiras. Considerado um dos maiores talentos do futebol mundial, já está a deixar a sua marca.

Estêvão protagonizou um dos melhores momentos do Chelsea desde a aquisição pela Clearlake, ao marcar o golo da vitória no triunfo tardio por 2-1 sobre o Liverpool na Premier League, aos 95 minutos.

Com Cole Palmer a debater-se com uma lesão persistente na virilha e outros avançados ainda à procura da melhor forma após um verão exigente, será que o jovem brasileiro deve ser titular para Enzo Maresca?

Os números de Estêvão
Os números de EstêvãoFlashscore

O momento está do seu lado

Pouco depois de marcar o golo decisivo frente ao Liverpool, o selecionador brasileiro Carlo Ancelotti convocou o jovem para a sua terceira chamada à seleção, desta vez para os amigáveis de outubro, frente à Coreia do Sul e ao Japão.

O antigo treinador do Chelsea e do Real Madrid deu a Estêvão a oportunidade de alinhar de início ao lado das estrelas Vinicius Jr, Rodrygo e Matheus Cunha no jogo contra a Coreia do Sul, e foi provavelmente o melhor em campo entre eles.

Estêvão inaugurou o marcador logo aos 14 minutos, após um passe primoroso de Bruno Guimarães, médio do Newcastle, que o deixou na cara do golo, permitindo-lhe finalizar com classe perante Jo Hyeon-woo e fazer o 1-0.

Rodrygo aumentou para 2-0 pouco antes do intervalo, e logo após o reatamento, um erro grave de Kim Min-jae permitiu a Estêvão recuperar a bola à entrada da área, batendo novamente o guarda-redes sul-coreano.

São já três golos em 85 minutos entre clube e seleção, mais do que qualquer outro extremo do Chelsea desde o início da época. Como todos sabemos, o futebol vive de confiança, e o jovem está repleto dela.

Bons números enquanto outros lutam

Estêvão tem tido poucos minutos na Premier League, já que Maresca o vai integrando gradualmente na liga mais exigente do mundo, mas já é uma das maiores ameaças ofensivas do Chelsea, sobretudo com Colme Palmer ausente.

Tem o segundo melhor xG da equipa, com 1,6, apenas atrás de Enzo Fernández, que soma 3,7. No entanto, em xG produzido por 90 minutos, está empatado com o argentino, ambos com 0,54.

O jovem não tem medo de arriscar, com uma média de 1,4 remates por 90 minutos, só superado pelo lesionado Liam Delap, mas sendo ele o número nove, é o mínimo que se espera.

O drible é, de longe, o seu ponto forte. Ao vê-lo jogar, parece que a bola está colada ao pé, fazendo lembrar o grande Eden Hazard. Nenhum outro jogador do Chelsea tem tantos dribles bem-sucedidos por 90 minutos como Estêvão, com 3,7, sendo o extremo mais próximo Jamie Gittens, com 1,7.

Maresca continua a apostar em Pedro Neto como titular na ala direita, e embora o português seja apreciado pela sua entrega, a falta de contributos diretos para golo começa a gerar frustração entre os adeptos.

Pedro Neto é um criador consistente no Chelsea, já tendo criado nove grandes oportunidades para a equipa, mas é difícil imaginar que Estêvão não conseguiria registos semelhantes, ou até melhores, se tivesse o mesmo tempo de jogo.

Versatilidade crescente e vontade de aprender

Durante a sua passagem pelo Brasil, Estêvão atuava sobretudo como extremo direito. Sabe-se que um dos fatores que o convenceu a mudar-se para o Chelsea foi o facto de o clube o ver mais como um número dez, permitindo-lhe jogar com maior liberdade.

Para um jovem, a vontade de aprender é algo natural, e ele demonstra exatamente isso. "No Chelsea, jogo muitas vezes na direita. Mesmo nos treinos, já atuei em várias posições ofensivas para alargar o meu repertório e ter mais opções", afirmou numa entrevista recente.

“Já joguei na ala. No último jogo, passei para o meio e permaneci no centro. Estou disponível para diferentes estilos de jogo, seja por dentro ou por fora. Aqui, faço o que for melhor para a seleção brasileira", acrescentou.

Se quiser assumir o papel de número dez do Chelsea no futuro, terá de competir com Palmer. No entanto, caso o talentoso inglês sofra alguma lesão grave, Estêvão tem capacidade para ocupar a posição sem grandes dificuldades.

Veredicto

Lançar um jogador tão jovem às feras é um risco elevado, mas também pode trazer grandes recompensas. O início de época do Chelsea tem sido irregular, a falta de disciplina já os afastou da luta pelo título, e começam a surgir dúvidas sobre se a conquista do Mundial de Clubes foi um acaso ou não.

Agora estão em desvantagem, e talvez dar a Estêvão, ainda pouco conhecido, uma sequência de jogos como titular desde o apito inicial seja uma aposta sensata. No entanto, tendo Lamine Yamal como exemplo, o desenvolvimento físico do jovem deve ser prioritário, em vez de o desgastar em demasia.