Bruno Fernandes revela propostas de Benfica e FC Porto: "Financeiramente era muito tentador"

Bruno Fernandes, médio e capitão do Sporting
Bruno Fernandes, médio e capitão do SportingNick Potts, PA Images / Alamy / Profimedia

Bruno Fernandes, médio internacional português de 31 anos, do Manchester United, abriu o livro em entrevista ao "Canal 11" e falou do interesse de FC Porto e Benfica, em 2016 e em 2018, antes e depois de chegar ao Sporting.

"Benfica? Houve essa possibilidade. Foi em 2018, depois do Mundial. O clube insistiu, o meu empresário apresentou essa possibilidade. Mas disse que ficaria no Sporting. Financeiramente, era muito tentador. Acredito que, até hoje, poucos jogadores tiveram a oferta que eu tive. Era um contrato muito melhor do que o primeiro que eu tive aqui no Manchester United. O Benfica pagava-me mais e eu disse imediatamente não. O Benfica aconteceu nessa situação, pelo que me disseram, o Benfica também me quis, um ano antes o Jorge Jesus queria-me, e não me quis no Benfica para ir buscar outra pessoa qualquer e depois o Jorge Jesus diz que é ele que me quer no Sporting. O Bruno Carvalho diz que foi ele e o André Geraldes diz que foi ele. Está ali uma guerra entre os três, que ninguém sabia que realmente me queria", recordou.

"Houve essa possibilidade, o Benfica queria, mas eu desde o primeiro momento disse que não o faria. Eu faço 2017/18, existe esse verão, existe o Mundial. Eu estou no Mundial e depois do Mundial acontecer existe essa possibilidade. Existiu, o meu empresário chegou até mim com essa possibilidade, mas eu disse sempre que não. Se ficasse em Portugal, disse isso ao meu empresário, se eu ficasse em Portugal... ficava no Sporting", acrescentou Bruno Fernandes.

"Benfica? Tinham era de querer antes"

"Houve essa possibilidade do Benfica, eu também, por respeito ao Benfica, não me sentia bem ir para o Benfica simplesmente pelo fator monetário, porque o Benfica, para além de ser um grande clube, uma instituição muito grande, eu apreciei o que estavam a tentar fazer, mas também entendi ao mesmo tempo que isto tinha acontecido há muitos anos atrás. O Sporting tinha roubado um jogador ao Benfica e isto era um bocadinho de pay-back e eu não quero fazer parte destes enredos, isso não é para mim. Eu fui sincero para o meu empresário, se o Benfica me quisesse, que me comprasse o ano passado. Foi o que eu lhes disse. Eles metiam na mesa quando o Sporting me queria, metiam na mesa o papel deles e eu depois tinha de decidir entre o Benfica e o Sporting. O Benfica não fiz isso no ano anterior, porque é que agora só porque o Bruno tem este momento de fraqueza do Sporting, vamos aproveitar isto para puxar para o nosso lado", explicou o médio, que lembrou ainda uma conversa com Rui Costa no final de um jogo pela Seleção Nacional no Estádio da Luz.

"O presidente Rui Costa agora, uma vez apanhei-o lá (na Luz) quando fiz dois golos contra a Bósnia no Estádio da Luz, ele passou por lá e cumprimentou-me, e disse: 'fazes sempre golos neste estádio'. E eu disse: 'vocês é que não quiseram'. E ele disse: 'ah, nós quisemos'. E eu disse: 'sim, mais aí já foi tarde'. Tinham era de querer antes", recordou Bruno Fernandes, que revelou a hipótese que teve de rumar ao FC Porto, um ano antes de trocar a Sampdoria pelo Sporting.

"FC Porto? Acabou por contratar o Óliver Torres"

"Eu tenho um respeito enorme por todos os clubes grandes em Portugal e eu estive muito perto de jogar pelo FC Porto no ano anterior, de ir para o Sporting, depois o FC Porto acabou por contratar o Óliver Torres na altura. Ele esteve muito bem no FC Porto, agora eu tive um impacto mais forte do que ele teve no campeonato português e isso é inegável, mas o Óliver esteve muito bem, mas obviamente que não teve o impacto de golos e assistências. Era mais um jogador de fazer jogar e dar dinâmica à equipa", contou o médio internacional português, a cumprir a sétima época no Manchester United e na Premier League, onde pretende continuar.

"Quero ficar no Manchester United enquanto me sentir desejado. Gostava de experimentar o campeonato espanhol e de lutar por títulos grandes em Itália. Tenho muitas ligações a Itália, a minha filha nasceu lá", lembrou o médio de 31 anos.

"Primeira opção seria o Sporting"

"Já pensei em regressar a Portugal. Voltar onde já se foi feliz pode estragar a imagem que ficou. Pelo carinho e respeito, a primeira opção seria o Sporting. A ser feliz, que fosse pelo Sporting. Mas não quero estragar a imagem que ficou. Até pela questão familiar gostaria de regressar a Portugal. Mas não quero arrastar-me, quero acrescentar. E até experimentar o futebol distrital, numa fase adiantada. Tu jogas na distrital por amor, sente-se de forma diferente. Tenho amigos na distrital", explicou Bruno Fernandes.

Os números de Bruno Fernandes
Os números de Bruno FernandesFlashscore

"Não temos de nos prender só porque o Cristiano Ronaldo está em campo"

Na mesma entrevista, Bruno Fernandes falou igualmente sobre a ambição de Portugal para o Mundial-2026, a última grande competição de Cristiano Ronaldo pela Seleção Nacional.

"Não temos de nos prender só porque o Cristiano Ronaldo está em campo. Ele arrasta marcações e cria espaços. O Gonçalo Ramos é forte na pressão e nos movimentos diagonais. Todos os jogadores acrescentam e têm as suas caraterísticas. Devemos conhecer o perfil de cada um, para que a Seleção saia a ganhar", explicou Bruno Fernandes, antes de explicar a sua ligação com Bernardo Silva, rival em Inglaterra, ao serviço do Manchester City.

"Eu e o Bernardo temos um impacto muito grande, pela qualidade, inteligência tática e experiência. O Bernardo é muito inteligente, sabe o que os outros têm de fazer. No Mundial de 2022, falava-se desta nossa dinâmica. Eu quero jogar no Mundial-2026, mas se tiver de ficar no banco para sermos campeões, assino duas vezes por baixo", assumiu Bruno Fernandes, assumindo o objetivo de conquistar o Mundial-2026.

"Temos o sonho de ganhar o Mundial e essa responsabilidade é positiva. Devemos fechar o grupo e perceber por onde melhorar, e entender que o Mundial não vai ser perfeito. Sei que estamos preparados para conseguir uma campanha importante e que dignifique o país", explicou o médio.

"O que criamos fora de campo é mais importante, porque são laços que nos permitem pensar no companheiro. Mas ninguém vai notar, porque são detalhes. Fora do campo jogamos cartas, setas, bilhar ao “O Lobo”, somos 17 ou 18. Cria-se uma dinâmica bonita. Entre as 10:30 e as 13:00, temos tempo para jogar cartas. Ninguém vai para os quartos", acrescentou Bruno Fernandes, que deixou elogios a outro médio, João Neves.

"Tenho um carinho especial pelo João Neves"

"Gosto muito do João Neves porque soube entrar para a Seleção. Revejo-me nele, passei pelo mesmo – tinha Bruno Alves, Beto, Coentrão, Pepe, Rui Patrício, para quem olhava como referências. Na primeira vez que o Cristiano falou para mim, até estranhei. Ou seja, tento acolher o João Neves. O Beto foi essa figura para mim, ele era muito respeitado no seio da Seleção. Também o Bruno Alves e o José Fonte", recordou Bruno Fernandes, recordando o livre marcado pelo médio do PSG frente à Arménia, no Estádio do Dragão, num jogo em que Cristiano Ronaldo cumpriu castigo.

"Treinámos os livres, eu era o batedor porque o Cristiano não estava. Eu tinha prometido ao João Neves que o deixaria bater. Naquele momento pensei na pessoa que é e ele merece a confiança. E ele sabe bater. Ele só me perguntou uma vez e fez um golaço. Não há nada que ele não consiga fazer. Tenho um carinho especial pelo João Neves", reconheceu Bruno Fernandes.