"Terminar 0-0 já é um excelente resultado para as marcas", confessou ao Flashscore o diretor de uma marca alemã, uma das maiores do mundo.
“Mas o normal é não ganhar dinheiro com a venda. Sobretudo com os grandes clubes, em que o foco deve ser um projeto mediático e não apenas de vendas", acrescentou.
Com as seleções, a situação é ainda mais desfavorável para as marcas. "Basicamente só têm visibilidade de quatro em quatro anos", explicou o dirigente.
Puma, Adidas, Nike e outras marcas não obtêm grandes lucros com as vendas, mas conseguem uma enorme exposição dos seus logótipos nas camisolas dos clubes que apaixonam os adeptos. Quem mais beneficia diretamente com o negócio dos equipamentos são os clubes e as federações.
Porque é que as camisolas são caras?
Os equipamentos oficiais são produtos complexos. O preço final que o adepto paga na loja inclui desde royalties e licenças até marketing global, tecnologia de produção, logística internacional e estratégia de marca.
Um equipamento da Premier League custa em média 97 euros. Segundo a BBC, este valor distribui-se da seguinte forma:
Custos de tecido, confeção e transporte: cerca de 9,36€
Marketing, licenças e distribuição: aproximadamente 10,45€
Impostos: à volta de 14,93€
Margem do fabricante (como Adidas, Puma ou Nike): cerca de 17,82€
Margem do retalhista: em média 41,16€
O diretor da Puma confirma que esta divisão do preço bruto está correta. "Só pode variar na parte do marketing, dependendo do modelo (retainer face a royalties, incentivos por vendas, orçamento de marketing, etc). Por isso, normalmente, o preço das camisolas dos grandes clubes é mais elevado", analisa Fabio Kadow.
As licenças e os royalties encarecem bastante o produto final. São eles que permitem o uso do emblema e da identidade visual de clubes e seleções.
Além disso, as camisolas oficiais recorrem a materiais e processos de topo: tecidos tecnológicos, costuras reforçadas, tecnologias para maior conforto e ventilação, qualidade na impressão ou no bordado. Tudo isto exige uma produção muito mais sofisticada do que a da roupa convencional.

Outro fator fundamental é o marketing e o branding. Os grandes clubes e as marcas de desporto investem milhões a promover os seus produtos, e esse custo também se reflete no preço final das camisolas.
Além disso, é preciso considerar a distribuição, a revenda e os impostos. Importação, transporte, taxas alfandegárias, tributação... Tudo isto encarece o produto, sobretudo em mercados fora da Europa.
O impacto do futebol como moda
Nos últimos anos, o mercado das camisolas de futebol sofreu uma grande transformação. O que antes era apenas uma peça desportiva tornou-se um artigo de moda e estilo, com preços cada vez mais elevados e um público global.
Não é invulgar ver artistas pop a usar camisolas de clubes no TikTok, por exemplo.
Clubes como o Real Madrid, o Barcelona e o Manchester United consideram agora a venda de camisolas como uma das suas principais fontes de receita fora do relvado.
Nos últimos anos, o comércio de equipamentos premium cresceu de forma notória. A versão réplica premium pode ultrapassar os 149 euros.
Com o aumento da procura, os preços tendem a subir.
Outro aspeto a considerar é que a camisola de um clube tornou-se também um objeto de coleção, o que altera a perceção do seu valor e pode fazer com que uma peça que, em teoria, só duraria uma época, tenha uma vida muito mais longa.
