O técnico austríaco ficou incrédulo ao descobrir que a goleada do Palace sobre o Liverpool (0-3) para garantir um lugar nos quartos de final da Taça da Liga desencadeou um problema de calendário em dezembro.
O problema do Palace resulta dos compromissos de ambos os clubes londrinos na Premier League e nas competições europeias – o Arsenal na Liga dos Campeões e o Palace na Liga Conferência – deixando muito pouco espaço para ajustes na Taça da Liga. Com as datas disponíveis, o Palace pode ter de disputar quatro jogos em apenas oito dias e, potencialmente, dois jogos em três dias.
"Sinceramente, não acredito que isto vá ser resolvido desta forma, porque penso que seria irresponsável para os jogadores. Temos responsabilidade para com os jogadores e temos de zelar pelo seu bem-estar. Essa é a nossa principal responsabilidade, não só aqui no clube. Fiquei mesmo indignado quando ouvi isto pela primeira vez, nem consegui acreditar que estão a ponderar esta hipótese", afirmou Glasner aos jornalistas esta sexta-feira.
"Falei sobre este problema há três meses, quando analisei o calendário. Portanto, no verão, durante a pré-época, há pessoas que têm de trabalhar no calendário e preferia muito que conversassem entre si", continuou.
Glasner apelou a uma melhor comunicação entre os responsáveis do futebol, enquanto a sua indignação aumentou ao referir as recentes discussões sobre o bem-estar dos jogadores, sublinhando o desfasamento entre as recomendações da FIFA e a realidade do futebol inglês.
"Seria positivo se a Premier League, a UEFA e a Federação Inglesa de Futebol conversassem entre si, porque não é assim tão surpreendente que isto possa acontecer. Seria irresponsável – jogar domingo, terça e quinta-feira – porque está em causa o bem-estar dos jogadores," acrescentou Glasner.
"Houve uma reunião em julho, em Nova Iorque, em que a FIFA se encontrou com várias organizações de jogadores e sugeriu um intervalo obrigatório de 72 horas entre dois jogos oficiais. E agora, aqui em Inglaterra, dizem que não querem saber do que lhes é dito. Isso deixa-me revoltado", atirou.
Em 2019, o Liverpool teve de jogar duas vezes em dois dias e, na altura, o treinador Jurgen Klopp ameaçou retirar o clube da competição, já que também tinha compromissos no Mundial de Clubes, no Catar.
O clube acabou por apresentar uma equipa jovem composta maioritariamente por reservas e jogadores da formação, que foi goleada pelo Aston Villa nos quartos de final da Taça da Liga, enquanto o plantel de Klopp jogou 24 horas depois no Mundial de Clubes.