Daqui a pouco mais de duas semanas, a equipa principal do Manchester United entrará em Old Trafford para enfrentar o Arsenal no primeiro jogo da temporada 2025/26.
O jogo, que já foi uma guerra entre as duas melhores equipas da primeira divisão inglesa, perdeu o seu brilho nos últimos tempos, mas, em termos de abertura de época, não podia ser melhor.
Mudanças necessárias no Teatro dos Sonhos
O Teatro dos Sonhos estará lotado e a grande maioria dos 75 mil espectadores estará à espera de uma vitória dos donos da casa.
Depois do descalabro da época passada, Ruben Amorim deixou bem claro que haveria mudanças no clube antes de se dar um pontapé na bola na nova época. No entanto, aqui estamos nós, com o United já avançado na pré-época e os adeptos preocupados com a falta de movimentação no mercado de transferências.
O português sempre se manteve firme quando questionado sobre a sua tática e sistema preferido, e cedo se tornou óbvio que alguns jogadores não se enquadravam nesse sistema. Outros não eram do agrado de Amorim, mas apenas Marcus Rashford conseguiu sair do clube este verão.
Com a convicção de que Alejandro Garnacho, Antony, Jadon Sancho e Tyrell Malacia foram todos aconselhados pelo treinador a procurar novos clubes, Amorim corre o risco de começar a época com um quarteto de jogadores de que já não precisa. O pior é que a aparente onda de gastos para trazer novas caras também não decolou.
Gyökeres vai defrontar o seu antigo treinador
Matheus Cunha foi o primeiro a entrar, vindo do Wolverhampton por 73,75 milhões de euros, e foi logo seguido por Bryan Mbeumo, do Brentford, por 83,8 milhões. Junte-se o lateral Diego Leon, de 18 anos, e esse é o somatório dos negócios do United neste verão.
Embora ninguém duvide das credenciais de Cunha e Mbeumo para a Premier League, não se pode dizer que sejam as contratações "superstar" que o United deveria estar a procurar, com todo o respeito.
Como que para demonstrar o atraso dos red devils em certos aspetos, Viktor Gyökeres, alvo de longa data de Amorim, assinou pelo Arsenal e vai defrontar o seu antigo treinador na jornada inaugural da Premier League.
O avançado sueco, que esteve em grande forma na liga portuguesa nos últimos dois anos, teria sido o reforço ideal para o ataque do United.
Qualquer interesse em Liam Delap, do Ipswich Town, evaporou quando este assinou pelo Chelsea e, na verdade, Amorim ainda está à procura do seu alvo preferido, pois parece que não considera Rasmus Hojlund nem Joshua Zirkzee capazes de desempenhar essa função.
Tudo isto aponta para uma maior desorganização nos bastidores e abre a perspetiva de o clube começar a época, se não em desordem, então não muito longe disso.
Receita potencial para o desastre
Um treinador sem os jogadores que deseja e obrigado a colocar em campo aqueles que não quer ou não aprecia... É uma receita para o desastre.
Notícias de que Benjamin Sesko, do RB Leipzig, ou Ollie Watkins do Aston Villa estarão na órbita do clube de Old Trafford não parecem ser infundadas, mas quais são os seus números e quem poderá ser mais adequado para o papel?
Watkins não é propriamente uma referência no ataque, mas é hábil a correr nas costas da defesa ou a jogar no limite do fora de jogo. Importante referir que é um avançado experiente, com currículo na Premier League, embora vá completar 30 anos no final deste ano.
Já Sesko tem sido o principal homem de ataque do Leipzig e acaba de completar 22 anos. A dúvida que persiste é se conseguirá transferir o seu rendimento da Bundesliga para a suposta "melhor liga do mundo".
Nas duas últimas temporadas, Sesko marcou 33 golos e fez oito assistências em 71 jogos em todas as competições, enquanto Watkins marcou impressionantes 54 golos e fez 27 assistências, embora tenha disputado mais 46 jogos no mesmo período.
Como seria de esperar, o esloveno marcou nove desses golos de cabeça, mas Watkins tem 14.
Ambos os jogadores têm uma estatística idêntica de 43,9% de remates à baliza, com Watkins a superar ligeiramente na precisão de conversão de remates (21,9% contra 19,7%).
Idade ou experiência: qual pesa mais?
Há uma dificuldade em comparar os dois jogadores, já que o inglês disputou praticamente uma época a mais do que Sesko, e a decisão final pode não se resumir apenas à idade ou experiência, mas também ao que cada um pode acrescentar à equipa.
A taxa de passes completos de Sesko nunca foi superior a 68,3%, enquanto a mais baixa de Watkins nas duas últimas temporadas foi de 69,9%, tendo chegado a 95,5%.
Os 1002 duelos individuais disputados pelo jogador do Villa são quase o dobro dos 540 de Sesko, mas é este último que tem uma melhor percentagem de vitórias e uma taxa de sucesso muito, muito superior nos duelos aéreos.
A direção do United e Amorim não se podem dar ao luxo de voltar a errar no mercado, pelo que a próxima contratação deve ser bem ponderada e tudo deve ser considerado antes de tomar uma decisão final.
Há vantagens e desvantagens em ambas as contratações e quanto mais cedo a escolha for feita, melhor para todos os envolvidos.
