Estta quinta-feira, o treinador manifestou-se sobre o tema no seu Instagram, sem revelar muita coisa:
"Não é simples despedir-me de um lugar onde vivi com intensidade, pressão e emoção, e onde se criaram relações reais. As decisões fazem parte do caminho e nem sempre cabem em explicações públicas. O que posso dizer é que essa etapa foi vivida com honestidade, entrega e respeito".
"Levo comigo aprendizagem, gratidão e a consciência tranquila de ter dado tudo o que tinha", finalizou, sem dar maiores detalhes.

O que explica a saída do técnico?
O Botafogo já havia decidido a saída de Luca Guerra no início de novembro, motivada por problemas de relacionamento e, principalmente, por divergências metodológicas com o Núcleo de Saúde e Performance do clube.
A direção, no entanto, optou por adiar a comunicação oficial até ao fim do Brasileirão, por questões logísticas. Ancelotti foi informado formalmente sobre a decisão há cerca de um mês e, naquele primeiro momento, demonstrou compreensão em relação às queixas apresentadas, segundo informou o ge.globo.
Mesmo após esse aviso, Davide seguiu integrado no planeamento do clube, participando em reuniões estratégicas e contribuindo com opiniões sobre o perfil de jogadores a serem procurados no mercado.
Nos últimos dias, porém, o treinador italiano deixou claro à direção que considerava imprescindível a permanência de Guerra na comissão técnica, o que intensificou o atrito e agravou o cenário de desgaste.

Ainda segundo o ge, Luca Guerra frequentemente desrespeitava a hierarquia interna, ignorando orientações do departamento médico e dados relacionados à carga física, cansaço e mapas de calor. A condução dos treinos de forma independente teria levado a um excesso de intensidade, apontado como fator determinante para uma série de lesões musculares ao longo da temporada, além de ter gerado conflitos internos nos bastidores.
Falta de sintonia para 2026
Do lado de Davide Ancelotti, pessoas próximas ao treinador afirmam que a decisão de deixar o Botafogo não foi tomada de forma impulsiva. Além da discordância em relação à situação de Guerra, o italiano passou por uma reflexão mais ampla sobre o próprio futuro e sobre os rumos do clube para 2026.
Entre os pontos levantados à direção estavam as preocupações com o planeamento da próxima temporada. O treinador defendia a contratação de reforços capazes de elevar o nível competitivo do plantel. As primeiras movimentações no mercado indicavam, porém, a procura por jogadores apenas para compor o grupo.
Além disso, a necessidade de vender atletas importantes para equilibrar as finanças foi vista por Davide como incompatível com a ambição de disputar títulos em 2026.
Pesou também a sensação de insegurança no cargo. Apesar de manter bom relacionamento com a direção, Davide não se sentia respaldado quanto à continuidade do projeto e temia que uma eventual oscilação no início da temporada seguinte fosse suficiente para encerrar o seu trabalho. Em alguns momentos de 2025, o treinador chegou a ser assobiado por adeptos.
Contratado em julho de 2025, Davide Ancelotti encerra a sua passagem com 33 partidas à frente da equipa, com 15 vitórias, 11 empates e sete derrotas. A rescisão foi definida de forma amigável, sem custos financeiros para nenhuma das partes.
