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Ronaldo Fenómeno relembra superações da carreira: "Senti a minha vida ser levada embora"

Ronaldo Fenómeno com o troféu de campeão do Mundo em 2002
Ronaldo Fenómeno com o troféu de campeão do Mundo em 2002CBF

O ídolo do futebol brasileiro, Ronaldo Fenómeno, destacou as duas lesões consecutivas que sofreu entre 1999 e 2000 como os momentos de maior superação da carreira. No dia do 49.º aniversário, completados, o ex-jogador relembrou momentos decisivos da carreira em que teve que driblar os seus limites.

Uma lesão grave seguida de outra ainda pior. Com certeza, uma das fases mais desafiadoras da minha vida. Nada foi fácil até ali, mas ir adiante depois de escutar que eu não teria condições de voltar a jogar? O tratamento parecia interminável. O que mais me segurou foi a minha convicção. Eu estava determinado a dar a volta por cima”, disse Ronaldo, em entrevista à Betfair.

O pentacampeão sofreu uma lesão nos ligamentos em 22 de novembro de 1999 e passou cerca de 140 dias em recuperação. Ao voltar aos relvados, logo na primeira partida, teve uma rutura total do tendão patelar do joelho direito. O jogo foi a 12 de abril de 2000 e todos pensaram ser o fim da linha para a carreira do avançado, que perderia o Mundial de 2002.

Cheguei mesmo a pensar que nunca mais conseguiria jogar em alto nível como antes. É muito tempo de recuperação para um atleta. Você começa a treinar e aparecem outros problemas. Foram meses difíceis de exaustão física e mental, mas também de autoconhecimento, força e superação diária”, contou.

Foram 500 dias de tratamento até à competição na Coreia do Sul e no Japão pela seleção brasileira. Com a desconfiança dos adeptos e da imprensa, que não acreditavam na sua recuperação total, Ronaldo não só levantou a taça como foi artilheiro do Mundial, com oito golos, e eleito o melhor jogador do torneio.

Se com o meu joelho destruído, senti como se minha vida tivesse sido levada embora, a volta por cima foi como retomá-la. E se conseguir jogar novamente já parecia muito, o Mundial… só nascendo de novo. Vivi o meu renascimento”, afirmou.

Início de carreira

Com 21 anos de futebol, o ex-jogador voltou ao passado para narrar o começo da carreira no São Cristóvão, quando ainda era júnior. Ronaldo não esconde a gratidão pelo clube que lhe abriu as portas e de onde sairia, em 1993, para o Cruzeiro.

O São Cristóvão foi uma escola para mim, em que decidi ficar mesmo diante da oportunidade de atuar no Flamengo. Uma decisão que tanto me desafiou quanto abriu portas. Ali ganhei projeção nacional. Sou muito grato pelo que vivi no clube. Foi o começo da minha trajetória e acredito que foi determinante para tudo o que veio depois”, declarou.

De volta a casa

Depois de 14 anos no futebol europeu, Ronaldo voltou ao Brasil para vestir a camisola do Corinthians. Em 2009, chegou ao Timão e contrariou as previsões de muitos com golos, títulos e a paixão dos adeptos.

Depois de tanto tempo na Europa, muita gente duvidou quando assinei com o Corinthians em 2009. Ainda vinha de mais uma lesão séria pelo AC Milan. Pensaram ‘agora acabou mesmo’. E eu realmente precisei de me reinventar, buscar o meu caminho no Brasil… ainda tinha história pra escrever com o Timão. Joguei poucos jogos em 2008 no AC Milan e, até à minha estreia pelo Corinthians em 2009, foram longos três meses de preparação", contou.

"Estreei contra o Ipatinga e, três dias depois, já tivemos um clássico contra o Palmeiras. Um jogo carregado de história e eu sabia a importância. O clima estava super positivo, os adeptos a apoiarem como sempre e, então, fiz aquele golo inesquecível… um dos mais importantes da minha carreira. Tinha o peso de saber que o fim tava próximo. O Timão abraçou-me nessa reta final e encerrar com dois títulos foi muito especial”, concluiu.