Introdução: "Uma pequena introdução. Gostava de fazer das palavras do presidente as minhas palavras: agradecer a todos os adeptos que vieram ontem cá, bem como os que em casa celebraram o facto de eu ter vindo para o clube. Estou aqui no meio porque o presidente fez a piada de mudar as posições, mas ele é que devia estar no meio. Costumava brincar e dizer 'sou José Mourinho', agora quero dizer 'sou o treinador do Fenerbahçe'. É a forma que quero ser conhecido".
Mercado: "A primeira pessoa que me contactou foi Mário Branco, que como sabem é o diretor desportivo do Fenerbahçe. Foi o gatilho para a minha atenção, para o meu interesse em tornar-me treinador do clube. Há muitos rumores quando estou em qualquer clube, mas a verdade é que nunca falei de qualquer jogador, foi sempre sobre o projeto, a estabilidade que quero encontrar. Agora movemo-nos um pouco em direção aos perfis que quero para melhorarmos a equipa, mas antes nunca falámos de nomes. Nomes de jogadores do meu clube anterior, zero interesse em jogadores da Roma. Concordo com o presidente, não é o momento de apressar as coisas, de agir de forma precipitada, mas sim de fazer as coisas da forma correta".
Escolha do clube: "Era um treinador livre, sem ligações a qualquer clube, não pedi autorização a ninguém. Consultei a minha família, tenho amigos, eles aconselharam-me".
Eleições do clube: "Sou treinador do Fenerbahçe para os próximos dois anos, a resposta não é mais do que isso. Sim, vou trabalhar com o Fenerbahçe, mas assinei o contrato num momento em que o presidente é o senhor Ali Koç, o diretor desportivo é Mário Branco e a estabilidade, o projeto, a organização que pude confirmar nos últimos dois dias, esta manhã num centro de treinos muito bom... Quando penso em estabilidade, responsabilidades, o quão difíceis serão as próximas semanas, com os nossos jogadores nos Euro, vamos tentar preparar uma equipa para jogar qualificações. Esse nível de organização e de estabilidade foi fundamental na minha decisão. Mas sou treinador do Fenerbahçe, mas assinei o meu contrato com o presidente e com o Mário com base nesse projeto".
Estado do futebol turco: "Em Portugal temos a liga turca transmitida em direto ao vivo, a nossa Sport TV, passa dois jogos por fim de semana. Seguia os jogos. Como treinador e como pessoa tenho coisas boas e más. Uma das coisas 'boas más' é que trago atenção comigo. Mais gente na Europa vai seguir a liga turca. Ontem disse 'venho trabalhar para o futebol turco, para a liga turca', mas venho trabalhar para o Fenerbahçe. Quero que o futebol turco melhore, evolua, mas se tiver de elevar a voz para defender o Fenerbahçe, não vou pensar duas vezes".
Tipo de jogo: "A primeira coisa que reparei é que as vossas questões são muito longas... Antes de mais quero desejar a Ismail Kartal o melhor para a sua carreira e agradecer-lhe o que fez pelo clube antes da minha chegada, não é ético falar do que ele fez na época passada. Quero que os jogadores confiem em mim, que saibam que sou honesto, direto, às vezes não sou um tipo porreiro, mas não fazemos comentários fora. A opinião deles é muito importante para mim, mas preciso de tempo para conhecer os jogadores, como posso mudar a dinâmica. Começamos a treinar a 22 ou 23, depois temos um jogo de qualificação para a Champions e 8 jogadores não estarão aqui, vão estar no Euro'24. Não posso fazer grandes mudanças para o início da época, tem de ser de forma progressiva. Somos treinadores diferentes, o presidente e o Mário querem melhorar a equipa, mas tem de ser passo a passo. Tenho a certeza que vamos ter uma equipa forte para cumprir os sonhos dos adeptos".
Promessas aos adeptos: "Zero promessas, mas um grande empenho, paixão, trabalho, empatia na relação com eles. E a forma de o expressar é a trabalhar. Ontem disse que 'esta camisola vai ser a minha pele', é uma expressão que define a minha mentalidade e a que quero que todos o clube tenham. Sem promessas. Mas é óbvio que o objetivo e o sonho é ganhar o campeonato, com respeito pelos clubes que venceram nos últimos anos. A Europa... quando olham para mim pensam que estive em 6 finais, que ganhei 5 delas, pensam em grande, mas temos de ir passo a passo. As qualificações e playoffs vão ser difíceis porque não temos tempo para os preparar. Se calhar não devia dizer isto, mas espero que os nossos jogadores no Euro saiam cedo, que venham descansar e treinar porque temos de preparar a equipa. Vamos estar numa nova Champions, na Liga Europa temos mais hipóteses de fazer algo em grande, mas o objetivo é estar na fase de grupos da Liga dos Campeões".
Recebeu um documento com projeto do clube? "O documento é real. O normal é o treinador apresentar um documento ao clube, mostrar as suas ideias. Mas agora foi ao contrário, houve um documento que fizeram para mim, para me explicar como é o clube. Sabia a dimensão do Fenerbahçe, joguei contra o clube quando estava no Man. United, mas o nível de organização tem impacto em mim. Depois vem a segunda parte, a ambição e o conforto. A minha casa é em Londres, ir para um clube inglês para ser 7.º ou 8.º... Toda a gente sabe que adoro Itália, mas rezar pelo milagre para estar numa prova europeia? Estar em Portugal para poder visitar a minha mãe todos os dias? Ambição é sentir a pressão de ter de ganhar todos os jogos para seres campeão e essa é a realidade do Fenerbahçe. Tem um projeto como clube, os nossos adeptos têm sonhos e para mim aceitar significa ambição. Se pudesse começar a treinar amanhã, começar a jogar na próxima semana, aceitava já. O projeto teve impacto em mim e agora é a minha vez de ter impacto no projeto".
Como vai deixar os adeptos mais pacientes? "Ganhando. Não se pode ensinar o que não pertence à cultura. Cabe ao presidente, à direção, ao treinador terem paciência, mas os adeptos não, eles têm de ser loucos. Quero essa paixão, quero senti-la e acreditar em tudo. Quero que acreditem que podemos ganhar até aos 90 minutos, que joguem connosco, que sejam parte de nós. Vamos ganhar mais vezes do que perder. Cabe a esta parte do clube, do lado de cá, ser equilibrado, mas eles têm de ter essa paixão, essa é parte da minha motivação. Espero que marquemos golos nos útimos minutos para poder ir a correr para eles. Ainda consigo correr..."
O que mudar para ser campeão? "Penso que 99 pontos e 103 para a equipa que ganhou a liga, não creio que isso seja bom. Essa diferença não é boa. Esperamos que na próxima época haja mais equilíbrio, mais equipas a lutar pelas primeiras posições e diminuir essa diferença, seria bom para o campeonato. Se tiver menos de 99 pontos e ganhar o título, é o que quero".
Plantel e equipa técnica: "Em relação aos jogadores que saem é o mesmo do que os que vêm. Há que ter respeito, falar com eles e não ter os nomes na imprensa. O Mário Branco concorda comigo, temos de discutir, encontrarmo-nos com os jogadores, ser honestos com eles. Temos de tentar fazê-lo de forma privada. Falaram do Lukaku, do Dybala... Não quero nenhum deles. Mas temos de ter respeito pelas pessoas que vão sair. Em relação ao staff, o mais importante é que eu sou o patrão, quem são, quantos são, isso não importa. Trabalharão para o clube, serão de grande qualidade, porque eu só trabalho com gente de altíssima qualidade. Sou egoísta a esse nível, quero a atenção toda para mim."
Direitos de imagem: "Os meus direitos de imagem são meus, os meus patrocinadores são meus. A Turkish Airlines teve muita sorte em assinar comigo antes senão agora era bem mais caro! Mas agora sou treinador do Fenerbahçe, tudo o que o Fenerbahçe precisar de mim, em termos de novos patrocinadores, novos rendimentos, fa-lo-ei porque é o meu clube. Qualquer ligação que o clube precise estou disponível, a partir de agora não sou José Mourinho, a partir de agora sou treinador do Fenerbahçe."
Arda Guler: "Se ele quiser vir... Mas quando estás no Real Madrid, és campeão da Europa, é jovem... Não creio que esteja na cabeça dele voltar. Mas se ele ama o clube e quiser voltar, num empréstimo sem custos, se o Real Madrid pagar 75 por cento dos salários, não dizemos que não".
Como vai continuar a ser o Special One? "Tenho de chegar aos sonhos dos adeptos, se eles estiverem felizes, eu serei especial. Não gosto de anos sabáticos, de férias, de trabalhar em clubes sem ambição, mas sei que para se ser especial é preciso fazer algo especial para os adeptos. E isso faz-se a dar-lhe alegrias, ganhando jogos e títulos. Essa é a minha ambição e o meu sonho."