Dinamarca: Polémica aposta do Copenhaga na Suécia é resposta à parceria do Midtjylland com Mafra

Viktor Bjarki Dadason é um dos jovens talentos do Copenhaga
Viktor Bjarki Dadason é um dos jovens talentos do CopenhagaIDA MARIE ODGAARD / RITZAU SCANPIX / AFP

No início da semana, foi anunciado que a empresa responsável pelo Copenhaga, a Parken Sport & Entertainment, pretende adquirir uma participação no clube sueco FC Rosengård, que compete na 3.ª divisão sueca. O objetivo é elevar a equipa principal masculina do FC Rosengård 1917 ao mais alto nível possível e desenvolver mais jovens talentos.

"Está, por isso, a ser criada uma organização conjunta de futebol em Rosengård para desenvolver o clube, e a parceria poderá ser alargada a mais equipas de formação", refere o Copenhaga no seu site. "Desenvolver jovens jogadores" é a expressão-chave aqui, já que o campeão dinamarquês, no seu esforço para se manter como o alegadamente clube mais forte da Escandinávia, precisa de uma via para aproveitar ainda mais o vasto talento existente na Academia do FC Copenhagen.

"O Copenhaga quer proporcionar aos talentos mais tempo de jogo a um nível superior ao que atualmente têm oportunidade, tendo em conta o elevado número de jovens promissores. Uma coisa é conseguir recrutar talento, outra é conseguir desenvolvê-lo."

"Pode-se comparar com o Chelsea, que foi exímio a identificar Kevin de Bruyne e Mohamed Salah, mas não conseguiu desenvolvê-los até ao ponto de os integrar na equipa principal, no momento e contexto certos", explica o doutorado e especialista em negócios desportivos, Kenneth Cortsen, da UCN, à Flashscore.

"O Copenhaga tem grandes talentos que podem não estar prontos para a equipa principal de imediato, mas podem fazer a diferença noutros contextos, como Thomas Jorgensen está agora a fazer no Viborg", afirma Cortsen, que defende ainda que uma eventual parceria com o FC Rosengård pode ajudar os atuais campeões dinamarqueses a explorar ainda mais o seu potencial financeiro.

"A Academia do Copenhaga destaca-se no desenvolvimento de grandes talentos, mas só os melhores conseguem uma oportunidade na equipa principal. Isso representa um desafio financeiro, pois o volume de talento excedente é tão grande que constitui um ativo significativo que o Copenhaga, a pensar no futuro, precisa de aproveitar ainda mais", sublinha Cortsen.

Cortsen destaca que as iniciativas muito ambiciosas e os investimentos do magnata Anders Holch Povlsen no FC Midtjylland também obrigaram o Copenhaga a avançar para uma possível parceria com o FC Rosengård.

"Isto é um contrapeso aos clubes satélites do FC Midtjylland em Mafra e África. Se olharmos ao número de campeonatos, o Copenhaga tem estado muito bem e não antecipava esta pressão vinda da Jutlândia."

"Ao mesmo tempo, ficou claro que Holch Poulsen não entrou no FC Midtjylland apenas para fazer figura, e por isso o momento para uma eventual parceria com o Rosengård faz sentido, sobretudo se considerarmos o enorme potencial comercial da região de Copenhaga em termos gerais", refere Cortsen. 

Na Suécia, a regra 50+1 exige que os clubes profissionais de futebol pertençam aos seus sócios, incluindo o Malmö. O Copenhaga é o oposto e é visto na Suécia como o exemplo de tudo o que está errado no futebol moderno, sendo um clube que depende fortemente de investimento privado após ter sido criado nos anos 90 da fusão entre o B1903 e o KB, dois clubes com vasta história no futebol dinamarquês.

No dia 2. de dezembro, os sócios do FC Rosengård, sediado em Malmö, vão votar se o grupo Parken Sport & Entertainment poderá investir no clube, mas apesar das evidentes diferenças na estrutura de propriedade, Cortsen não antecipa qualquer problema para o emblema dinamarquês. 

Thomas Jorgensen (em ação frente ao Manchester City) é um dos grandes talentos do FCK, atualmente ao serviço do Viborg FF
Thomas Jorgensen (em ação frente ao Manchester City) é um dos grandes talentos do FCK, atualmente ao serviço do Viborg FFCHARLOTTE TATTERSALL / GETTY IMAGES EUROPE / GETTY IMAGES VIA AFP

"Há sempre o risco de resistência dos adeptos quando há mudanças nas estruturas de propriedade entre culturas e países, mas estou certo de que os dois clubes já discutiram este tema."

"Do ponto de vista geográfico e financeiro, esta é uma decisão lógica. É provável que o Rosengård esteja atento a quem lidera a corrida na Escandinávia em termos de valores de transferências, e assim pode ver nesta colaboração com o FCK uma oportunidade de maior retorno financeiro", afirma Cortsen.

São apenas 38 km entre Malmö e o Estádio Parken, em Copenhagen, separados pela Ponte de Öresund, e a viagem de comboio ou carro entre as duas cidades faz-se em apenas meia hora, o que também pode beneficiar a eventual parceria entre os dois clubes. 

"A proximidade geográfica também facilita a logística. A integração dos jogadores é mais simples em termos culturais e de mentalidade, quando os jovens de Copenhagen não precisam de se mudar, e penso que é uma solução muito atrativa para os talentos", conclui Kenneth Cortsen.